A atividade física é indicada para pessoas de qualquer idade, mas é especialmente importante durante a infância. Para se tornarem fisicamente ativas mais tarde na vida, as pessoas precisam se sentir confiantes no ambiente esportivo. Essa confiança, como adulto, geralmente vem do aprendizado de movimentos fundamentais e habilidades esportivas básicas quando criança.
Crianças atleticamente ativas tendem a levar vantagem na vida adulta em relação a seus pares de hábitos mais sedentários, independente da profissão escolhida. Desenvolvimento de liderança, trabalho em equipe, ajuda ao próximo e tomadas de decisões são habilidades fortemente exploradas no esporte. Mais do que isso, o esporte ensina a criança a encarar derrotas e decepções.
A consciência corporal adquirida é um ganho permanente e transferível para outras formas de atividades, de modo que uma criança atleticamente ativa terá maior facilidade no futuro para aprender movimentos e exercícios até então nunca realizados, quando comparado com pessoas que tiveram uma infância sedentária.
A criança não é um “adulto em miniatura”. Reconhecer as especificidades do corpo e da mente da criança é fundamental para quem deseja trabalhar com o esporte de base, de formação. O treinamento físico deve ser específico para cada idade e para cada fase do desenvolvimento da criança.
Sedentarismo infantil
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o mínimo de uma hora de atividade moderada ou intensa por dia até os 17 anos de idade. Estudos demonstram que 45% das crianças entre 10 e 12 anos no Brasil e 56% das meninas na mesma idade não cumprem estas metas, sendo estes números ainda mais alarmantes entre adolescentes.
Ainda que dores e doenças tipicamente associadas ao sedentarismo não costumem se manifestar nesta faixa etária, a falta de atividade física terá efeitos negativos tanto para a estrutura física como para o desenvolvimento psicossocial.
Crianças sedentárias são mais propensas a manterem uma vida sedentária quando adultos, quando passam a desenvolverem doenças como obesidade, pressão alta e diabetes, além de dores e lesões musculoesqueléticas.
Quais as atividades físicas mais indicadas para as crianças?
A indicação para atividades físicas varia conforme a idade da criança. Oferecer o estímulo adequado, na dose adequada e no momento adequado é fundamental, seja para aqueles poucos que virão a se tornar um atleta de sucesso no futuro, seja para aqueles que buscam, simplesmente, uma vida adulta ativa e saudável.
Quanto mais jovem a criança, mais diversos devem ser os estímulos, de forma a permitir o desenvolvimento de habilidades também diversas. A especialização esportiva precoce pode até permitir a uma criança desenvolver as habilidades mais exigidas no seu esporte e poderá trazer bons frutos esportivos em um primeiro momento.
Esta criança, porém, não desenvolverá habilidades menos exigidas pelo seu esporte. Isso pode não fazer tanta diferença em um primeiro momento, onde o nível competitivo é menor, mas deixarão a criança para trás em uma idade mais avançada, quando o nível competitivo aumenta.
Podemos dizer, desta forma, que a especialização esportiva precoce é prejudicial tanto para o desenvolvimento integral da criança como para a performance esportiva futura.
Atividade física na primeira infância (0 a 6 anos)
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Atividade física na primeira infância (0 a 6 anos)
Atividade física no primeiro ano de vida
O estímulo físico já é importante antes mesmo que o bebê comece a caminhar. Já nos primeiros meses de vida, o bebê deve ser colocado regularmente de barriga para baixo, o que é conhecido pelo nome inglês de “tummy time”, ou barriga para baixo. No início, isso deve ser feito nos momentos das trocas de fraudas, por 30 segundos a um minuto, aproximadamente. Horários logo após as mamadas podem não agradar o bebê e devem ser evitados, bem como o período de sono, já que estudos mostram aumento no risco de morte súbita em bebês que dormem de bruços. O tummy time proporciona o aumento do tônus cervical, o fortalecimento do pescoço e dos membros superiores e inferiores. O tempo de tummy time vai sendo aumentado gradativamente até que o bebê acumule cerca de 30 minutos de barriga para baixo ao longo do dia. Aos poucos, o bebê passa a usar o apoio das mãos no chão e ganha mais estabilidade e equilíbrio para que comece a ensaiar as etapas seguintes do seu desenvolvimento motor, como rolar e sentar. O tummy time tem outras vantagens além do desenvolvimento motor: ele ajuda a evitar a plagiocefalia, que é o achatamento da cabeça que ocorre em decorrência do apoio contínuo da parte de trás da cabeça no colchão ou cadeira. Deitado de barriga para baixo, o pequeno ganha também uma perspectiva de visão diferente e passa a enxergar vários elementos que aguçam os seus sentidos – muito mais do que consegue enxergar quando virado para cima. Colocar brinquedos e objetos à frente da criança pode servir como um estímulo a mais. O bebê deve ser encorajado a acompanhar com o olhar, bater palmas, alcançar objetos ou mover-se a procura de um som. Coloque um brinquedo ou objeto de interesse do bebê fora do seu alcance, para incentivá-lo a fazer um esforço extra para alcançá-lo. Cores brilhantes, desenhos, superfícies brilhantes, diferentes sons e texturas também podem interessar ao seu filho. A natação é uma excelente opção para bebês que ainda não sabem andar. Há muitos benefícios em deixá-los cair na água. Nadar ajuda o bebê a desenvolver suas competências físicas e a trabalhar os músculos, além das competências sociais e até linguísticas. De acordo com a evolução do desenvolvimento motor, estimule o desenvolvimento de habilidades como rolar, sentar, engatinhar e se levantar, mas sempre respeitando o tempo da criança. O ideal é que o bebê tenha bastante espaço para engatinhar e começar a andar com apoio, quando chegar a hora. O ambiente deve ser seguro e supervisionado por um adulto. Evite comparações com crianças da mesma idade, já que os tempos de cada uma são diferentes e uma criança que começa a fazer algo antes da outra não significa que ela fará isso melhor no futuro. O início da caminhada não deve ser forçado através de meios como os andadores – ela fará isso naturalmente no momento em que estiver fisicamente preparada.Crianças que andam
As brincadeiras e atividades de qualquer intensidade devem ocupar pelo menos 180 minutos diários da criança pequena. Não precisa ser uma atividade física formal, o mais importante é o brincar ativo. Quando seu filho começar a andar, você deve encorajá-lo a se movimentar com frequência. Isso significa bastante tempo fora do carrinho ou mesmo fora do colo. Eletrônicos como televisão ou celulares devem são contraindicados até os dois anos e devem ser minimizados mesmo a partir desta idade. Objetos e atividades de interesse da criança, como os parquinhos infantis, são ótimas opções. Aos poucos, estimule o correr, pular, dançar e arremessar. Permita a criança a subir e descer escadas, oferecendo a proteção necessária para isso. É importante também que se elogie a criança por aquilo que ela faz, já que isso estimulará ela a continuar tentando. Sempre que possível, deixe o carro em casa e vá caminhando para a escola, supermercado ou padaria, mesmo que isso demande mais tempo. Crianças e pré-escolares precisam de tempo e espaço livre para correr e brincar. Quintais, playgrounds, parques, trilhas e praia são ótimos lugares para crianças dessa idade. Estimule brincadeiras na praia, como construir castelos ou buracos e coletar conchas. Um passeio ao zoológico pode ser um estímulo para a criança caminhar e correr. A música pode encorajar a dança e um senso de ritmo na criança. Perseguir bolas de sabão, subir em árvores, passear com o cachorro ou ajudar na jardinagem são todas formas de manter uma criança ativa, não é preciso ir para a aula de futebol ou judô para isso.Atividade esportiva organizada
Não existe uma idade certa para iniciar em atividades físicas ou esportivas organizadas, incluindo o ballet, futebol ou natação, mas as atividades devem ser adaptadas para a idade e devem ter foco não competitivo. As atividades devem focar no desenvolvimento de habilidades físicas e sociais e em construir confiança. Não há necessidade de pressionar as crianças sobre a técnica perfeita ou o aprendizado de ganhar ou perder – a criança não está pronta para isso. Idealmente, as atividades devem ser variadas, de forma a oferecer estímulos também variados. Estimule a criança a “descobrir aquilo que ela não conhece”, ao invés de estimular a fazer aquilo que ela faz de melhor.Atividade física na segunda infância
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Atividade física na segunda infância
Atividade física na pré-adolescência
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Atividade física na pré-adolescência
Transformações físicas na puberdade
Maturação sexual
Durante a puberdade, os órgãos sexuais sofrem grandes transformações, tanto internamente como externamente. Estas transformações acontecem de forma gradativa e passam por diversos estágios, denominados de estágios de tanner.Estirão de crescimento
As crianças crescem em surtos, com crescimento mais rápido em alguns momentos da infância e mais lento em outros. Essas variações são, em grande parte, responsáveis pelas diferenças de tamanho entre crianças da mesma idade. Um dos principais “estirões de crescimento” ocorre justamente durante a puberdade, quando ocorre cerca de 25% do crescimento em altura. Embora meninos e meninas tenham, geralmente, a mesma altura durante a meia-infância, isso muda com o início da puberdade. As meninas tendem a entrar na puberdade mais precocemente, de forma que apresentarão o estirão do crescimento também de forma mais precoce. Particularmente no ensino médio, as meninas costumam ser mais altas que seus colegas de classe do sexo masculino, mas em um ou dois anos os meninos alcançam e, normalmente, superam as meninas. O crescimento de meninos e meninas diminui consideravelmente logo após a conclusão da puberdade. Uma vez terminado o período de desenvolvimento, a maioria dos adolescentes não cresce mais do que um centímetro ou dois.Desenvolvimento cerebral
O cérebro passa por um intenso processo de maturação e desenvolvimento durante a puberdade. Em função disso, a criança desenvolve uma série de capacidades e habilidades que terão influência direta sobre o treinamento e a prática esportiva. Entre estas, incluem-se:- Gerenciar a estabilidade emocional;
- Aprender com os erros;
- Refletir cuidadosamente antes de tomar decisões e escolhas;
- Fazer planos de longo prazo para alcançar metas;
- Avaliar risco.
Desenvolvimento esquelético
A quantidade de tecido ósseo acumulado entre 11 e 13 anos é equivalente ao que é perdido nos 30 anos após a menopausa. Isso pode variar de acordo com o estilo de vida da criança, principalmente em relação à nutrição, atividade física e exposição solar. O desenvolvimento de bons hábitos quando jovens ajudará as crianças a terem ossos fortes e saudáveis durante toda a vida: o aumento de 10% de massa óssea na criança leva a uma redução de 50% no risco de fratura por osteoporose na vida adulta, e meninas fisicamente ativas ganham cerca de 40% mais massa óssea do que meninas inativas da mesma idade.Composição corporal
Durante a infância, meninos e meninas apresentam diferenças pouco significativas em relação à composição corporal. Isso muda bastante durante a puberdade:- Nas meninas, a quantidade de massa muscular torna-se estável a partir de aproximadamente, 12 anos, enquanto o acúmulo de gordura aumenta. Isso resulta em um aumento de aproximadamente 25% na porcentagem de gordura corporal após a puberdade;
- Nos meninos não há aumento significativo de acúmulo de gordura, mas há ganho de massa muscular;
- Ao final da puberdade, os homens possuem aproximadamente 1,5 vezes mais músculos do que as mulheres e as mulheres apresentam o dobro de gordura corporal total.
Força muscular
Embora a força de meninos e meninas seja essencialmente igual durante a pré-adolescência, diferenças hormonais durante a puberdade são responsáveis por uma aceleração no ganho de massa muscular e força entre os meninos, o que acontece em proporção muito menor com as meninas. Vale aqui considerar que, durante períodos de crescimento rápido, o músculo aumenta primeiro em massa e, mais tarde, na sua capacidade de expressar força.Desempenho atlético durante a puberdade
A passagem pela puberdade impacta de forma significativa no desempenho atlético, de maneiras positivas e negativas. Por um lado, o aumento no tamanho corporal, hormônios e força muscular proporciona um melhor desempenho atlético. A maturação cerebral aumenta a capacidade de concentração e tomadas de decisões. A compreensão de táticas de jogo aumenta significativamente, de forma que este é um momento especialmente favorável para o aprendizado tático. Por outro lado, pode haver um declínio temporário nas habilidades de equilíbrio e controle do corpo e um maior risco de lesões. Aumentos rápidos de altura e peso alteram o centro de gravidade do corpo. O cérebro precisa de tempo para se adaptar a estas mudanças, de forma que o adolescente tende a ficar um tanto "desajeitado" durante este período de adaptação. Isso será especialmente perceptível em esportes que exigem equilíbrio e controle corporal, como é o caso do futebol, ballet, ginástica e muitos outros esportes de quadra.Risco de lesões
O atleta pré-adolescente apresenta risco aumentado para lesões durante a puberdade, por diversos motivos:- A falta de equilíbrio e coordenação, característica desta fase da vida, faz com que entorses (especialmente do joelho ou tornozelo) tornem-se mais frequentes.
- A musculatura demora certo tempo até se adaptar ao novo corpo mais alto, mais pesado e mais rápido. O risco de lesões musculares, desta forma, é maior.
- A placa de crescimento dos ossos, que é a região responsável pelo crescimento longitudinal dos ossos, é particularmente vulnerável durante esse período rápido de crescimento. Estas placas encontram-se espessadas e especialmente ativas, de forma que o risco, tanto para lesões traumáticas (fraturas por avulsão) como para lesões por esforços repetitivos, (osteocondroses, como a doença de Sever ou Doença de Osgood-Schlatter) será elevado.
- Nos esportes de equipe, a condição física dos atletas é muito variável. Ainda que todos tenham a mesma idade, uns terão o corpo de uma criança, outros estarão passando pela puberdade e outros já terão o corpo de uma pessoa adulta. Os treinadores, na busca por resultados, tendem a programar o treino de acordo com a condição física dos atletas que mais se destacam, geralmente aqueles que tiveram uma puberdade mais precoce. O risco de lesão para aqueles que “vêm atrás”, desta forma, será maior.
Treinamento esportivo durante a puberdade
Este é o momento em que de fato começa a ser percebida a diferença entre as crianças que treinam para se divertirem e se tornarem um adulto ativo e saudável e aquelas que buscam o esporte de alto rendimento ou mesmo profissional. A competitividade aumenta e o pequeno atleta passa a se dedicar cada vez mais para seu esporte principal, aquele em que almeja competir. O treinamento, porém, não deve ser uma reprodução daquilo que é feito no time adulto, já que os objetivos são diferentes. O foco ainda deve ser mais em aprender o esporte e menos em aprender a competir. Os treinadores devem incentivar as crianças a jogarem em todas as posições (no caso de esportes coletivos) ou realizarem diferentes modalidades, como o arremesso de peso, corrida e salto em altura no caso do atletismo ou as quatro modalidades de nado no caso da natação. Isso é importante para dar a elas uma melhor compreensão do esporte. Mais do que isso, é importante considerar que as mudanças físicas estão acontecendo a todo vapor e uma criança pode ser a mais baixa do time em um momento e estar entre as mais altas depois de poucos meses. Isso pode mudar as características de jogo da criança, principalmente em esportes como o vôlei ou o basquete. Vale aqui considerar também que uma das habilidades mais buscadas por treinadores, no esporte de alto rendimento moderno, é por atletas versáteis, capazes de desempenharem bem sua função em diferentes posições e diferentes características de jogo. Da mesma forma que na fase anterior, é importante que a criança tenha espaço para desenvolver sua criatividade no esporte. Isso envolve sair da zona de conforto e aceitar a possibilidade de erro. O resultado esportivo pode ser prejudicado por isso, mas esta não deve ser uma preocupação neste momento.Atividade física na adolescência
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Atividade física na adolescência
Atividade física em crianças com condições especiais
Existem pouquíssimas condições nas quais a atividade física está formalmente contraindicada para uma criança. Como regra geral, quanto menos saudável for uma criança, maior a importância da prática de exercícios.
Algumas condições, porém, podem exigir cuidados específicos, de forma a minimizar os riscos e potencializar os benefícios da prática de atividade física, como discutiremos a seguir.
Obesidade infantil e atividade física
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Obesidade infantil e atividade física
Obesidade infantil e atividade física
A obesidade infantil é uma condição médica séria que afeta crianças e adolescentes e que têm sido cada vez mais diagnosticada no Brasil e no mundo, principalmente em decorrência da adoção de um estilo de vida pouco saudável. Os registros do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que uma a cada três crianças com idade entre cinco e nove anos está acima do peso no País. As notificações do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional, de 2019, revelam que 16,33% das crianças brasileiras entre cinco e dez anos estão com sobrepeso; 9,38% com obesidade; e 5,22% com obesidade grave. Em relação aos adolescentes, 18% apresentam sobrepeso; 9,53% são obesos; e 3,98% têm obesidade grave. A obesidade infantil é particularmente preocupante pelos seguintes motivos:- Está associada a condições de saúde habitualmente consideradas de adulto, incluindo diabetes, pressão alta e colesterol alto, problemas cada vez mais diagnosticado em adolescentes e adultos jovens;
- Crianças obesas são mais propensas a sofrer bullying, que, como consequência, pode gerar baixa autoestima, isolamento social e depressão.
- Crianças obesas mais provavelmente se tornarão adultos obesos.
Causas da obesidade infantil
Fatores genéticos e hormonais são muitas vezes responsabilizados pelo desenvolvimento da obesidade infantil, mas mesmo pessoas com tendência genética para a obesidade podem na maior parte das vezes controlar o problema por meio de hábitos de vida mais saudáveis, incluindo a prática regular de exercícios e a alimentação saudável. Mesmo em famílias com pais, mães e irmãos “gordinhos” muitas vezes o fator genético costuma ser superestimado. Hábitos de vida pouco saudáveis também costumam ser passados de pais para filhos e devem ser combatidos com maior ênfase nestes casos.Diagnóstico da obesidade infantil
A obesidade infantil pode ser óbvia em casos mais avançados, mas idealmente deve ser identificada nas fases mais iniciais, quando o diagnóstico não será tão visível. Uma dificuldade extra é que a composição corporal da criança e o formato corporal variam de acordo com os diferentes estágios do desenvolvimento da criança, mas diferentes métodos foram descritos para auxiliar no diagnóstico. O índice de massa corporal (IMC), muito usado na identificação da obesidade adulta, foi adaptado para ser usado em crianças. O IMC utiliza uma fórmula que considera o peso e a altura. Ao contrário dos adultos, o diagnóstico não deve ser feito a partir de um valor absoluto de IMC, mas a partir da análise de gráficos que comparam o indivíduo com crianças da mesma idade e gênero. O diagnóstico de obesidade deve ser considerado para crianças acima do percentil 95, o que significa que, de cada 100 crianças, ela tem o IMC maior do que 95 delas. Este critério não deve ser usado de forma absoluta, mas sim como um teste de triagem. Isso porque variações das características corporais individuais, como uma maior massa muscular, podem levar a resultados falso positivos em casos limítrofes. Uma vez observado um IMC alterado, outros critérios devem ser utilizados para se fechar o diagnóstico, como a aferição da circunferência abdominal.Tratamento
A maior parte dos pacientes com obesidade infantil pode ser adequadamente tratada por meio de mudanças no estilo de vida, incluindo a melhora nos padrões alimentares e a prática regular de atividade física. Terapias comportamentais podem ser consideradas, quando se avaliar que estresse, ansiedade e outros problemas psicossociais contribuam para o problema. Tratamento medicamentoso pode ser considerado nos casos mais graves, geralmente com IMC acima do percentil 99 ou na presença de complicações clínicas como diabetes tipo II, hipertensão arterial ou colesterol alto, entre outros. É importante que os pais compreendam que estas medidas não devem ser vistas como um “sacrifício necessário” até que se consiga um melhor controle de peso, mas sim uma mudança permanente. Quando a criança percebe isso como uma coisa sofrida, a tendência é que, no médio e longo prazo, os maus hábitos sejam retomados assim como o ganho de peso. Mais do que tratar a criança, a família deve avaliar os hábitos de todos os membros da casa. Dificilmente a criança adotará hábitos alimentares e de atividades físicas mais saudáveis vendo os pais comendo hamburger e bebendo coca cola em frente da televisão.Atividade física para a criança obesa
Qualquer atividade que leve a um aumento na frequência cardíaca e frequência respiratória é considerada um exercício e ajudará no controle de peso da criança. O exercício físico não deve se resumir apenas a atividades formais como o futebol, bicicleta ou natação. É importante que se priorize atividades que envolvam o movimento, como playgrounds, parques, museus e zoológico. passear com o cachorro, lavar um carro, varrer folhas e cortar a grama são algumas das atividades domésticas que podem ajudar a manter a criança ativa e que ajudam no controle do peso. Priorize escadas ao invés de escadas rolantes ou elevadores, caminhadas ao invés do carro, qualquer coisa ao invés do videogame. Muitas crianças obesas evitam a prática de atividades esportivas não por desgosto, mas porque ficam com vergonha de colegas mais magros e habilidosos do ponto de vista atlético. O bullying infelizmente continua sendo uma realidade, ainda que o problema seja encarado com muito mais seriedade pelas escolas nos dias de hoje. Os pais devem tentar observar os filhos no dia a dia e buscar indícios indiretos de que a criança não esteja se sentindo confortável com a prática esportiva, uma vez que dificilmente ela irá assumir o problema – as crianças de fato tendem a sentir vergonha do excesso de peso. As crianças devem ser estimuladas a participarem de práticas esportivas com os colegas quaisquer que sejam elas, mas devem se sentir confortáveis com isso, caso contrário estas mudanças não serão duradouras. Caso que se perceba que o filho não se sente confortável, comece se exercitando em família, depois com os amigos mais próximos e só depois com as escolinhas de esporte. A avaliação com um médico do esporte é uma excelente opção para tentar reorganizar a rotina tanto alimentar como de atividades físicas com foco na perda de peso. Em alguns casos, pode ser interessante uma avaliação inicial apenas entre o médico do esporte e os cuidadores da criança, para apenas depois incluir a criança já em uma segunda avaliação.Atividade física em pacientes com TDAH
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Atividade física em pacientes com TDAH
Atividade física em pacientes com TDAH
O que é a TDAH
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) caracteriza-se pela combinação de sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade. Algumas pessoas desenvolvem mais os sintomas de déficit de atenção, outros apresentam predominantemente a hiperatividade e outros uma combinação de ambos. Estima-se que 3 a 5% das crianças no Brasil e no mundo apresentam TDAH. O problema aparece na infância e costuma ficar mais evidente a partir do momento em que a criança vai para a escola, com dificuldade em prestar atenção nas aulas, responder às questões e conseguir ficar parado acompanhando as atividades. Na maioria dos casos há uma melhora dos sintomas durante a adolescência, mas é comum que o problema acompanhe o indivíduo por toda a vida, de forma mais leve. A atenção e/ou hiperatividade na TDAH é persistente e interfere no desenvolvimento normal da criança e nas atividades acadêmicas e sociais. Para se fechar o diagnóstico, é preciso excluir outros transtornos mentais, como transtorno bipolar e transtorno de personalidade.Causas do TDAH
O TDAH é um dos transtornos psiquiátricos mais bem estudados no mundo. Entretanto, existe um questionamento contínuo sobre a suas causas e até o momento não há um consenso científico sobre isso. Provavelmente, diferentes causas estão envolvidas, incluindo fatores genéticos e ambientais e diferentes crianças podem ter diferentes causas para o transtorno.Sintomas comuns do TDAH
A avaliação clínica minuciosa e identificação dos sinais e sintomas da TDAH são fundamentais, uma vez que o diagnóstico é inteiramente clínico e não depende de exames. Entre os sinais que devem ser investigados, incluem-se:- Dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas;
- Não escutar quando lhe dirigem a palavra;
- Não seguir instruções e não terminar lições de casa ou tarefas domésticas;
- Dificuldade para organizar tarefas e atividades;
- Facilmente distraído por estímulos externos;
- Não escutar quando lhe dirigem a palavra;
- Levanta-se da cadeira em sala de aula e outras situações nas quais se espera que permaneça sentado;
- Incapacidade de brincar ou se envolver em atividades mais calmas de lazer;
- Dificuldade de esperar a sua vez.
Tratamento de TDAH
O tratamento precoce do TDAH pode não curar o problema, mas é fundamental para a minimização dos sintomas e para a melhora na qualidade de vida. Para isso, é imprescindível que os sintomas sejam prontamente identificados e tratados. O tratamento deve ser multidiciplinar e deve envolver profissionais da área médica, de saúde mental e pedagógica. Os psicoestimulantes são o padrão-ouro em termos de tratamento medicamentoso. Eles melhoram o funcionamento das áreas cerebrais responsáveis pelos sintomas do transtorno e costumam ser bastante eficazes no controle destes sintomas. Apesar do nome, essas drogas na verdade têm um efeito “calmante” em pessoas com TDAH, e os resultados positivos do tratamento não tardam a serem percebidos pelo paciente, escola e pelos que convivem com eles.Atividade física em pacientes com TDAH
Uma das características mais notáveis do TDAH é o comportamento agitado. Manter- se ativo é bom não apenas para liberar o excesso de energia física, mas também para outras questões relacionadas ao problema, incluindo:- falta de foco;
- Impulsividade;
- Relacionamentos sociais.
Qual a melhor atividade física para crianças com TDAH?
Apesar da necessidade de liberar o “excesso de energia”, não é incomum que crianças com TDAH rejeitem a prática de atividades físicas ou mesmo que considerem isso “a parte mais chata do dia”. Este contrassenso tem uma explicação: a dificuldade em manter o foco e a concentração tende a prejudicar o desempenho no esporte. Estas crianças percebem isso e, em alguns casos, são colocadas em segundo plano por seus colegas ou mesmos professores, criando uma certa aversão para a atividade. Se este for o caso com o seu filho, é importante tentar identificar o motivo de ele não querer participar das atividades e buscar meios de minimizar o problema. Buscar atividades menos competitivas e mais participativas é uma opção. A busca por esportes individuais também deve ser considerada. Esportes coletivos, como o futebol, costumam ter um excesso de estímulos que tendem a desviar a atenção da criança, ao passo que os esportes individuais permitem à criança com TDAH manter mais o foco. Vale considerar que praticar esportes individuais não necessariamente significa se exercitar sozinho. Modalidades como o atletismo ou a natação são modalidades individuais, mas ainda assim costumam ser praticadas em grupo. A interação com o professor / treinador também é importante. Incluir a atividade física durante a rotina do dia a dia, e não apenas durante atividades organizadas, também ajuda. Procure caminhar mais ao invés de usar o carro, use escadas ao invés do elevador, inclua a criança em atividades que envolvam aumento do gasto energético. Mais do que outras crianças, é importante evitar o excesso de tempo de uso de eletrônicos, incluindo televisão e celulares. O horário da atividade física também precisa ser considerado. A maioria das crianças é tratada de forma que as medicações atinjam o pico quando a criança está na escola, porque é quando ela mais precisa prestar atenção. A relação com a atividade física pode ser influenciada pelo momento de ação das medicações e isso pode em alguns casos ser corrigido mudando-se o horário dos exercícios ou ajustando os horários das medicações.Esporte competitivo e doping
Não é incomum que as crianças apresentem melhora significativa dos sintomas do TDAH principalmente com a chegada da adolescência. Muitos tomam gosto pelo esporte e conseguem competir inclusive em alto rendimento. Neste caso, pode haver a preocupação com o doping. Medicações regularmente usadas no controle do TDAH são proibidas de acordo com o código mundial antidoping, mas isso não deve justificar o abandono da prática competitiva e muito menos o não uso de medicações. O código anti-doping prevê a liberação para o uso destas medicações de forma individualizada uma vez que comprovada a necessidade do ponto de vista médico. Ritalina – doping https://www.minhavida.com.br/saude/temas/tdahAtividade física para crianças asmáticas
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Atividade física para crianças asmáticas
Atividade física para crianças asmáticas
A asma é uma das doenças crônicas mais comuns na infância. 8% das crianças nos Estados Unidos convivem com a doença, número que vem crescendo principalmente em decorrência do maior contato com poluentes nos grandes centros urbanos. Embora a doença possa se desenvolver em qualquer idade, é mais comum que ela comece durante a infância, especialmente nos primeiros cinco anos de vida. Alguns casos se resolvem ao longo da infância, ao passo que outros continuarão a sofrer com o problema na idade adulta. A asma é mais preocupante nas crianças do que em adultos, devido ao menor calibre das vias aéreas, de forma que uma inflamação mais leve pode impedir a passagem de ar. Cerca de 80% das pessoas com asma sofrem crises quando expostas a alguma substância transportada pelo ar, como ácaros e poeira, poluição, pólen, mofo, pelos de animais, fumaça de cigarro ou partículas de insetos. Substâncias químicas como tinta, desinfetantes e produtos de limpeza também podem desencadear a crise de asma. Quando aspirados, esses agentes podem irritar os brônquios, levando a uma crise. Infecções virais, como o resfriado comum ou a gripe e variações climáticas também podem desencadear a crise asmática.Asma induzida pelo exercício
Cerca de 90% dos asmáticos têm crises desencadeadas pelo exercício, o que representa o segundo fator desencadeante mais comum, depois das infecções respiratórias virais. Além disso, cerca de 10% da população geral apresenta sintomas de asma apenas durante o exercício, sem ter asma subjacente. Mesmo sendo tão comum, a asma induzida pelo exercício é ainda bastante subdiagnosticada. Falta de ar, respiração ofegante, aperto no peito ou tosse que alguns atletas experimentam durante a atividade física muitas vezes são interpretados como resposta normal do exercício e podem ser confundidos com a falta de condicionamento físico. Os sintomas da asma induzida por exercícios geralmente começam 5 a 20 minutos após o início do exercício de longa duração, ou 5 a 10 minutos após a interrupção do exercício de curta duração.Causa da asma induzida pelo exercício
Durante a respiração normal, o ar que inspiramos é aquecido e umedecido ao passar pelo nariz. Durante o exercício, a maior demanda por oxigênio faz com que as pessoas tendam a respirar pela boca, levando um ar mais frio e seco através das vias aéreas. Nas pessoas com asma induzida pelo exercício, as vias aéreas são mais sensíveis a essas mudanças de temperatura e umidade e respondem a elas por meio da broncoconstrição.Diagnóstico
O diagnóstico da asma induzida por exercício não deve ser estabelecido com base apenas nos sintomas. Falta de ar, tosse e chiado devem levantar a suspeita, mas o diagnóstico precisa ser confirmado a partir de alterações na função pulmonar em teste feito após o exercício.Atividade física para crianças asmáticas
A maioria das crianças asmáticas são capazes de continuar a se exercitar e permanecer ativa, tomando medidas preventivas adequadas e tratando os sintomas com medicamentos para asma. Atividades que provocam o broncoespasmo são, previsivelmente, aquelas que causam respiração rápida e prolongada, incluindo a corrida de longa distância e futebol. Esportes de inverno e outras atividades realizadas em condições climáticas extremas também deixam o asmático mais vulnerável. Por outro lado, esportes de luta, vôlei e outros que não exigem esforço respiratório prolongado e contínuo tendem a ser melhor toleradas. Alguns cuidados na rotina de crianças com asma induzida pelo exercício devem ser adotadas para a prevenção dos episódios de bronco constrição:- Evitar exercícios em dias com clima muito frio e seco;
- Evitar exercícios em dias com altos níveis de poluição ambiental;
- Considerar o uso de máscaras, caso se exercite em dias com condições climáticas adversas ou com poluição elevada;
- Não se exercitar em caso de suspeita de infecções respiratórias, como o resfriado comum ou sinusite;
- Realizar um aquecimento adequado antes dos exercícios e um resfriamento após a atividade;
- Dar preferência para esportes que não envolvam esforço respiratório intenso de forma prolongada e contínua.
Tratamento medicamentoso
Crianças com asma induzida por exercícios devem sempre manter um inalador de resgate consigo, mesmo durante o exercício, no caso de ocorrer uma crise de asma. Especialmente no caso de crianças, é recomendável que professores ou outros adultos tenham consciência do problema e o que fazer no caso de uma crise de broncoespasmo. As medicações usadas para isso são os beta 2 agonistas de ação rápida, incluindo ( ]0 ou o Brometo de Ipatrópio (Atrovent). Os beta 2 agonistas de resgate, como os listados acima, não devem ser usados regularmente, uma vez que podem provocar tolerância. Caso você ou seu filho esteja fazendo uso diário deles, outras medidas para o controle da asma devem ser adotadas. O primeiro passo para prevenir o broncoespasmo induzido por exercícios é o controle regular da asma, independentemente da prática de atividade física. A primeira opção, nestes casos, é o uso regular de corticóides inalatórios (Budesonida, Fluticasona) ou os antagonistas dos receptores de leucotrieno (Montelucaste).Asma e doping
Eventualmente, o paciente asmático toma gosto pelo esporte e passa a competir em alto nível e até mesmo em nível olímpico – diversos medalhistas olímpicos têm o diagnóstico de asma induzida pelo exercício. Neste caso, é preciso cuidado com o uso de medicamentos, uma vez que diversas drogas usadas no tratamento da asma fazem parte da lista de substâncias proibidas da WADA (World Antidoping Agency). Todos os beta-2-agonistas são proibidos, exceto o salbutamol (curta duração), o salmeterol e o formoterol (longa duração), quando usados em doses terapêuticas. O uso de corticoides inalatórios e os inibidores de receptor de leucotrieno são liberados para uso. As drogas permitidas são suficientes como arsenal terapêutico para a maior parte dos pacientes com asma induzida por exercício. Atletas que eventualmente não respondam a estas medicações devem solicitar uma autorização para uso terapêutico (TUE) liberando o uso de substâncias proibidas, mas para isso é preciso enviar a documentação comprobatória de que ele não responde às medicações permitidas. A autorização deve ser feita antes do uso, exceto em situações de emergências médicas, quando poderá ser concedida uma autorização retroativa.Atividade física para diabéticos
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Atividade física para diabéticos
Atividade física para diabéticos
A atividade física é fundamental para a manutenção da saúde de qualquer pessoa e o diabético não é exceção. O maior gasto energético durante a prática esportiva impõe um desafio extra para o diabético, que precisa adequar as doses e os momentos de aplicar a insulina. Tanto o aumento como a redução nos níveis de glicose prejudicam a saúde e o desempenho esportivo do diabético. Para compreender as orientações relacionadas a prática de exercícios por diabéticos é preciso, antes de mais nada, compreender o que é o diabetes tipo 1, como a insulina regula os níveis de glicose sanguínea e como isso é afetado pela alimentação e pelo exercício.Diabetes tipo 1
O diabetes tipo 1, chamado também de diabetes juvenil ou diabetes insulino dependente, é uma doença crônica em que o pâncreas produz pouca ou nenhuma insulina. A insulina é um hormônio que ajuda na regulação da entrada e saída da glicose (um tipo de açúcar) da corrente sanguínea. A maior parte das células não tem capacidade de armazenar a glicose, de forma que precisa estar continuamente retirando este açúcar do sangue para a produção de energia. Para garantir a disponibilidade, organismo precisa lançar mão de recursos para manter a quantidade de glicose no sangue (glicemia) constante, seja após uma refeição, seja em um período de jejum ou em um momento de alto gasto energético, como a prática esportiva. Este equilíbrio é mantido por dois hormônios de funções opostas: a insulina e o glucagon.- Quando uma pessoa se alimenta, maior quantidade de açúcar é absorvida, aumentando a glicemia. Com isso, o pâncreas libera a insulina, a qual facilita a entrada da glicose nas células. O excesso de glicose será armazenado no fígado na forma de glicogênio ou será transformado em gordura. Assim, a glicemia volta ao normal.
- Durante o jejum, as células continuam consumindo glicose para gerar energia, levando a uma redução na glicose sanguínea. O hormônio glucagon então entra em ação, mobilizando os estoques do fígado e reduzindo a entrada de glicose nas células, de forma que a glicemia volta a aumentar.
Tratamento do Diabetes tipo 1
O tratamento do diabetes tipo 1 envolve uma dieta regrada, a monitorização constante da glicemia e a administração de insulina. O objetivo é manter o nível de açúcar no sangue o mais próximo possível do normal para atrasar ou prevenir complicações. Isso significa uma glicemia entre 80 e 130 mg / dL antes das refeições e não superior a 180 mg / dL, duas horas depois de comer. Qualquer pessoa com diabetes tipo 1 precisa de tratamento com insulina para o resto da vida. Existem, porém, diferentes tipos de insulina que podem servir a diferentes situações. A principal diferença entre elas é o tempo de ação.- Insulina de ação rápida leva a uma rápida redução nos níveis de glicose, mas deixam de agir de forma igualmente rápida.
- Insulina de ação prolongada demoram mais para começar a agir, mas também demoram mais para perder o efeito.
Atividade física para a criança diabética
A atividade física é fundamental para a manutenção da saúde de qualquer criança, mas ainda mais importante para a criança diabética. O exercício físico aumenta a sensibilidade do organismo à insulina, de forma que a quantidade de insulina necessária para processar os carboidratos após uma alimentação será menor. O paciente diabético está mais vulnerável para uma série de complicações envolvendo o coração, rins e olhos, entre outros órgãos. O exercício físico, por outro lado, ajuda a controlar a pressão arterial e a saúde cardiovascular, reduzindo o risco para estas complicações. A atividade física deve fazer parte da rotina diária do diabético ao longo de toda a vida. Assim, mais do que ficar forçando o filho a fazer algo que ele não queira, é importante que se tente identificar quais as atividades que mais interessam a ele. Isso reduzirá bastante a probabilidade de ele largar a prática regular de exercícios. Além das atividades físicas formais, é preciso que os pais aproveitem as muitas oportunidades ao longo do dia para se manter ativo. Use escadas ao invés do elevador. Ao invés de usar o carro, caminhe para a escola, supermercado ou padaria. Estimule seu filho a sair para passear com o cachorro.Controle da glicemia durante a atividade física
A atividade física leva a um maior consumo de glicose pelos músculos, de forma que se a alimentação ou o regime de insulina não for alterado a criança pode desenvolver hipoglicemia, que é a redução da glicose sanguínea. Assim, alguns cuidados devem ser tomados em relação à prática de exercícios por pacientes diabéticos:- Aumente o consumo de carboidratos antes do exercício. Bebidas energéticas como o Gatorade podem ser uma opção;
- Verifique a glicemia antes, durante e depois da atividade;
- Certifique-se de verificar os níveis de açúcar no sangue com mais frequência após a atividade e durante a noite para avaliar se as doses de insulina precisam ser ajustadas.
Considerações sobre esportes específicos na infância
A maior parte dos esportes praticados por adultos podem ser adaptados para serem praticados também durante a infância. Ainda assim, o treinamento não deve ser uma versão resumida do treino do adulto. Discutimos abaixo algumas especificidades para o público pediátrico em esportes específicos
Exercícios de força para crianças e adolescentes
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Exercícios de força para crianças e adolescentes
Exercícios de força para crianças e adolescentes
A prática de exercícios de força, como a musculação, pode ser iniciada tão logo o paciente tenha maturidade intelectual e motora para isso, geralmente por volta dos oito anos de idade. As evidências científicas demonstram que esta prática é até mais segura quando comparado com outros esportes frequentemente praticados nesta idade, como o futebol. O mito de que “criança não deve fazer musculação”, desta forma, não faz muito sentido. Pelo contrário, a prática de exercícios de força nesta fase da vida tem diversos benefícios, especialmente para aqueles que almejam a prática esportiva competitiva. Entre estes benefícios, devemos considerar: - Aumento da força e resistência muscular; - Proteção dos músculos e articulações contra lesões relacionadas ao esporte; - Melhora no desempenho em praticamente qualquer esporte.Ganho de força X ganho de massa muscular
O ganho de força na infância não significa, porém, ganho de massa muscular. Isso só virá a acontecer após o estirão de crescimento da adolescência, em resposta ao aumento da produção de testosterona. Até a pré-adolescência, o ganho de força decorre principalmente de um melhor controle neuromuscular. Em outras palavras, a criança “aprende” a utilizar melhor sua musculatura, ao invés de aumentar a massa muscular. A puberdade é uma fase na qual o organismo fica especialmente responsivo aos treinos para ganho de massa muscular. Uma vez que a criança já tenha “aprendido” a usar melhor seus músculos durante a infância, ela levará vantagem em relação a seus pares que estejam tendo o primeiro contato com os treinos de força apenas após o estirão do crescimento.Como deve ser o treino de força para crianças?
O programa de treinamento de força de uma criança não deve ser uma versão reduzida daquilo que um adulto faria. Deve-se priorizar o uso de pesos relativamente leves com alto número de repetições, ao invés de levantar uma carga pesada com poucas repetições. Isso ajudará no ganho de resistência e ajudará a criança a usar a musculatura de uma forma mais eficaz. Treinos com carga submáxima e poucas repetições são usualmente prescritos com o objetivo de hipertrofia muscular, o que, como já vimos acima, não acontecerá com um pré-adolescente. Mais do que isso, estes exercícios podem sobrecarregar o esqueleto ainda imaturo - especialmente quando a técnica adequada é sacrificada em favor do levantamento de grandes quantidades de peso. O uso de exercícios que buscam vencer a resistência do peso do próprio corpo costuma ser uma boa estratégia e tende a ser mais vantajoso do que o uso de pesos livres ou mesmo aparelhos de musculação, ainda que estes não sejam totalmente proscritos.Corrida de rua para crianças
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Corrida de rua para crianças
Aspectos médicos do futebol na infância
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Ballet na infância e adolescência
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Ballet na infância e adolescência
- Exercícios de ponta: Apesar da beleza estética, os exercícios de ponta costumam esconder, dentro de delicadas sapatilhas, pés doloridos, calejados e com bolhas. São exercícios de alta demanda física e técnica e que aumentam bastante o risco para lesões. Para as meninas que querem apenas uma atividade recreativa e social, a decisão mais sensata é continuar no ballet, mas deixando os exercícios de ponta de lado.
- Grande amplitude de movimento: Muitos dos passos do ballet se caracterizam pela grande amplitude de movimento, levando as articulações para posições pouco fisiológicas. Para isso, a bailarina precisa de uma musculatura muito bem preparada e equilibrada, caso contrário a sobrecarga articular e o risco de lesões tornam-se excessivamente altos.
- Em Dehors: a maior parte dos movimentos do ballet são realizados com as pernas rodadas para fora, o que é conhecido pelo termo em francês “em Dehors”. Além de gerar descompensações musculares, que precisam ser corrigidas por meio de exercícios específicos, é comum que as pequenas bailarinas compensem a falta de movimento no quadril tentado aumentar a rotação do joelho ou tornozelo, o que além de levar a uma técnica ruim impõe maior risco de lesões.
Aspectos nutricionais relacionados ao atleta infantil
A alimentação e hidratação do atleta infantil é importante não apenas para a melhora no desempenho esportivo, mas também para a manutenção da saúde e para assegurar energia suficiente para as demandas relacionadas ao crescimento e desenvolvimento corporal.
Na grande maioria das crianças isso deve ser feito a partir de uma ingesta alimentar equilibrada, sendo pouquíssimas as situações em que o uso de suplementos proteicos ou de carboidratos são indicados. Deficiências nutricionais são comuns principalmente entre meninas adolescentes envolvidas em esportes de maior exigência estética, como o ballet e a ginástica.
A hidratação também deve ser considerada, uma vez que o controle da temperatura corporal é mais sensível a variações no estado de hidratação da criança.
Discutimos neste link com mais detalhes aspectos importantes sobre a nutrição do atleta infantil.
Esqueleto infantil
O esqueleto infantil tem algumas características que o diferem do esqueleto adulto e que influenciam no desenvolvimento de lesões:
- Maior elasticidade e porosidade;
- Periósteo (membrana que envolve o osso) mais resistente;
- Presença das cartilagens de crescimento (local onde o osso cresce).
A cartilagem de crescimento (também chamada de cartilagem epifisária, placa epifisária, fise ou placa de crescimento) é uma estrutura presente em cada extremidade dos ossos longos, responsável pelo crescimento longitudinal destes ossos.
A placa é encontrada apenas em crianças e adolescentes. Com o fim do crescimento, a placa se fecha, sendo que a idade em que ocorre este fechamento varia de osso para osso. A fusão completa ocorre entre as idades de 12 a 16 anos para meninas e 14 a 19 anos para meninos.
A placa de crescimento representa um ponto de fragilidade do osso, sendo acometida em grande parte das lesões em crianças e adolescentes. Pode ser acometida tanto por lesões traumáticas (fraturas por avulsão, fraturas fisárias) como em lesões por esforços repetitivos (doença de Osgood-Schlatter, doença de Severe). Além disso, a placa fisária influencia na técnica cirúrgica de lesões como o rompimento do Ligamento Cruzado Anterior.
Lesões esportivas na infância
As lesões esportivas na infância são a segunda principal causa de visitas em serviços de emergência para crianças e adolescentes e a principal causa de lesões na escola.
O atleta infantil está sujeito a uma série de lesões, tanto em decorrência de trauma como de esforços repetitivos / sobrecarga. Algumas destas lesões são específicas de um esqueleto ainda imaturo; outras acometem também os atletas adultos, mas se comportam de forma específica nas crianças e adolescentes.
Fraturas em crianças
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Fraturas em crianças
- Dor que que inicia após um aumento súbito na prática de atividades físicas de impacto;
- Dor que se inicia após mudança repentina no esporte ou nas características do treinamento, mesmo em uma pessoa fisicamente ativa;
- Deformidades em varo ou valgo no joelho podem levar a uma sobrecarga local e pode contribuir para o desenvolvimento da fratura por estresse.
Diferenças das fraturas na criança e no adulto
As características do osso infantil listadas acima influenciam diretamente nas características das fraturas que acontecem em crianças. De modo geral, as crianças tendem a apresentar fraturas incompletas. Já as fraturas cominutivas, nas quais o osso se quebra em vários pedaços, são incomuns. O trauma necessário para provocar uma fratura na criança nem sempre é violento. Um tropeço seguido de queda ao chão pode ser suficiente.Tipos de fraturas específicos das crianças
- Descolamento epifisário: são fraturas que atingem a placa de crescimento e, por isso, têm potencial para comprometer o crescimento da criança;
- Fratura em “galho verde”: É um tipo de fratura incompleta do osso, em que um lado dele permanece íntegro. Este tipo de fratura decorre da maior elasticidade do osso, que lembra o que acontece quando tentamos quebrar um galho verde. Em adultos, a fratura tende a ocorrer de forma similar à quebra de um galho seco, que se parte ao meio;
- Fratura em torus: Ao invés de se romper de um lado a outro, o que se observa é um “amassado” no osso. O periósseo permanece íntegro. São fraturas muito comuns no punho;
- Fratura por avulsão: Devido à apófise de crescimento do osso, este se torna o ponto mais frágil do conjunto músculo-tendão-osso. Se nos adultos as lesões nos músculos e tendões são mais comuns, nas crianças as avulsões (arranchamento) óssea tendem a acontecer antes que o músculo ou tendão se rompam.
Tratamento
A fratura por estresse da tíbia proximal apresenta bom prognóstico com o tratamento clínico e tendem a ter resolução completa com o tratamento não cirúrgico. O tratamento deve envolver:- Afastamento das atividades de impacto: é o ponto mais importante do tratamento. Para atividades de menor impacto, o afastamento deve ser avaliado caso a caso de acordo com a intensidade da dor. Fraturas mais extensas devem exigir maior grau de restrição, eventualmente inclusive com o uso de muletas. Nos casos mais leves, o paciente pode caminhar normalmente e até fazer atividades físicas mais leves e sem impacto.
- Fisioterapia: na fase aguda, deve envolver medidas de analgesia. A inibição muscular é frequente, de forma que pode ser indicado alguns exercícios associados a eletroestimulação. Passada a fase aguda, deve-se corrigir eventuais desequilíbrios musculares que podem estar envolvidos com maior sobrecarga no joelho.
- Órteses: em pacientes com joelhos varos ou valgos leves, o uso de palmilha pode ajudar na busca por uma melhor distribuição de carga nos joelhos.
Fraturas por avulsão
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Fraturas por avulsão
Fraturas por avulsão
As fraturas por avulsão (por arrancamento ósseo) são aquelas em que um tendão ou músculo, ao invés de se romper, arranca um fragmento do osso no ponto onde ele está preso. São fraturas que acontecem principalmente entre adolescentes, por dois motivos:
- Durante a infância e adolescência, o osso é o ponto mais frágil do conjunto músculo-tendão-osso. A lesão tende a ocorrer no ponto mais frágil, o que varia conforme a idade: adultos na meia idade tendem a romperem os tendões, adultos jovens tendem a apresentares lesões musculares e os adolescentes as fraturas por avulsão.
- Nos adultos em meia idade, este “ponto fraco” é o tendão as lesões nos músculos e tendões são mais frequentes, na criança eles tendem a “arrancar” um fragmento do osso antes de se romperem;
- Durante o estirão do crescimento, a placa fisária se encontra alargada, o que a torna mais frágil. Além disso, a intensidade da prática esportiva aumenta nesta fase, aumentando-se assim o risco de traumas.
Vale considerar aqui que a apófise (local onde os tendões se prendem) tem fechamento mais tardio do que a placa de crescimento longitudinal do osso. Assim, as lesões se estendem até a idade adulta jovem. A idade de maior risco para estas fraturas é entre os 14 e os 25 anos.
As fraturas por arranchamento ocorrem quase que exclusivamente entre atletas, em função de violentas contrações musculares. Podem acometer praticamente qualquer osso, sendo que o tratamento depende do osso acometido, do desvio (afastamento) entre os fragmentos, do tamanho do fragmento ósseo e da idade do paciente.
Fraturas por avulsão mais comuns
São elas:
- Ombro: tuberosidade maior;
- Cotovelo;
- Quadril: espinha ilíaca anterossuperior (EIAS), espinha ilíaca anteroinferior (EIAI) e tuberosidade isquiática;
- Joelho: espinha tibial e tuberosidade da tíbia;
- Pé: calcâneo.
Fraturas da espinha tibial
As fraturas da espinha tibial correspondem ao arranchamento da inserção óssea do Ligamento Cruzado Anterior. Ocorrem principalmente entre os 14 e os 20 anos e a queda de bicicleta é descrita como o principal mecanismo de trauma.
Estas fraturas foram classificadas por Meyers e McKeever em quatro tipos:
- Tipo I: sem desvio;
- Tipo II: elevação angular da porção anterior, em dobradiça, com a borda posterior íntegra;
- Tipo III: deslocamento completo, com ou sem rotação;
- Tipo IV: fratura cominutiva (osso se quebra em vários pedaços).
As fraturas do tipo I podem ser adequadamente tratadas de forma não cirúrgica, com o uso de imobilizadores, ao passo que as fraturas dos tipos III e IV exigem tratamento cirúrgico.
Já as fraturas do tipo II podem ser tratadas com o uso de imobilizador, quando se consegue colocar o osso novamente no lugar sem cirurgia. Caso contrário, o tratamento cirúrgico será necessário.
Em casos de indicação cirúrgica, a cirurgia pode ser realizada por via aberta ou por artroscopia (vídeo). Atualmente, a preferência é a técnica por vídeo, que é menos invasiva. A fixação pode ser feita com parafuso ou sutura, a depender do tamanho do fragmento ósseo.
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Avulsão da tuberosidade anterior da tíbia
A tuberosidade anterior da tíbia é uma proeminência óssea que pode ser palpada na parte da frente da perna, logo abaixo do joelho. O local serve de fixação para o tendão patelar, que é um dos tendões mais fortes do corpo humano, responsável pelo movimento de esticar o joelho.
Existem dois mecanismos principais que provocam esse tipo de fratura:
- Flexão abrupta do joelho com a contração do quadríceps, típico da aterrissagem de um salto;
- Contração violenta do quadríceps com o pé fixo, como na impulsão para o salto.
Devido à grande força exercida pelo tendão patelar, existe uma dificuldade em se manter uma redução satisfatória da fratura por métodos que não comprometam o crescimento futuro dessa região. Felizmente, porém, a maior parte dos pacientes encontra-se muito perto do fim do crescimento, o que faz com que a redução e a fixação com parafusos, quando indicada, possam ser feitas com segurança.
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Tuberosidade isquiática
É uma proeminência óssea localizada na região glútea, onde nos apoiamos ao sentar. Serve de fixação para a musculatura posterior da coxa (semimembranoso, semitendinoso, bíceps femoral).
A fratura acontece com o movimento de flexão do quadril com extensão do joelho, podendo ocorrer após uma falha na aterrisagem do salto. Eventualmente, pode acontecer também durante a impulsão para o salto.
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Espinha Ilíaca anterossuperior (EIAS)
A EIAS serve de fixação para o músculo sartório (coxa), um músculo que realiza a flexão tanto do quadril quanto do joelho. A fratura, desta forma, acontece por um movimento de extensão do quadril com o joelho também estendido, podendo ocorrer quando se prende a ponta do pé no chão.
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Espinha ilíaca anteroinferior (EIAI)
A EIAI serve de ponto de fixação do músculo reto femoral, que realiza o movimento de flexão do quadril e extensão do joelho. O arrancamento da espinha ilíaca anteroinferior ocorre com o movimento oposto, de extensão do quadril associado à flexão do joelho. No caso do futebol, este movimento é realizado durante o chute.
Em termos de risco de deslocamento, a EIAI tem baixo risco devido à contenção da musculatura ao seu redor. Já a tuberosidade isquiática e a EIAS têm pouca restrição de partes moles e alto risco para deslocamentos.
Fraturas por avulsão no joelho
Fraturas por avulsão no quadril
No quadril, as avulsões ocorrem mais frequentemente nas seguintes estruturas ósseas:
Tratamento das fraturas por avulsão no quadril
As avulsões com até 2 cm de deslocamento tendem a apresentar bom resultado com o tratamento não cirúrgico. Já as fraturas com mais de 2 cm de deslocamento, ainda que alguns estudos demonstrem bons resultados sem cirurgia, têm maiores riscos de complicações. Por isso, a tendência é a opção pelo tratamento cirúrgico.
Lesões do Ligamento Cruzado Anterior em Crianças
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Lesões do Ligamento Cruzado Anterior em Crianças
Adiar a cirurgia é mesmo uma boa alternativa?
Não. Infelizmente, percebeu-se que adiar a cirurgia até a maturidade esquelética não é uma boa solução. O risco de lesões no menisco é duas vezes maior quando a cirurgia é protelada por 5 a 12 meses, e quatro vezes maior após um ano. Há ainda o risco de lesões na cartilagem articular e tudo isso gera um prognóstico ruim para o futuro da criança.A cirurgia traz problemas relacionados ao crescimento das crianças?
Na prática, esse risco é bastante reduzido. Já o risco de lesões associadas ao tratamento não cirúrgico é elevado. Em geral, a tendência é de se indicar a cirurgia logo após a lesão. Seja como for, o tratamento deve sempre ser discutido caso a caso com o ortopedista especialista em joelho.Como é a técnica cirúrgica?
A reconstrução do LCA em crianças pode ser realizada com diferentes técnicas. As principais são a transfisária, bem parecida com o que é realizado em adultos, e a extra-articular, considerada não anatômica. Porém, as técnicas não anatômicas, desenvolvidas para evitar a violação da fise de crescimento, apresentam resultados pouco satisfatórios a longo prazo.Como é feita a escolha da técnica cirúrgica?
A escolha da técnica deve ser feita pelo ortopedista especialista em joelho e depende do estágio de desenvolvimento esquelético da criança. Para determiná-lo, a principal referência é a escala de Tunner, que varia de 1 a 4 e baseia-se em características sexuais, como o tamanho das mamas, os órgãos genitais, o volume dos testículos e o desenvolvimento de pelos pubianos e axilares. Nos estágios 3 e 4 de Tunner, os pacientes têm risco bastante reduzido de apresentarem deformidades ósseas e, quando elas ocorrem, tendem a ser pouco significativas e passíveis de correção. Felizmente, a grande maioria das lesões de ligamento em atletas mirins envolve crianças nesses estágios de desenvolvimento. Já os pacientes nos níveis 1 e 2 têm baixo risco de deformidades, mas, quando elas ocorrem, as consequências podem ser bastante ruins. Por isso, uma opção razoável é realizar a cirurgia extra-articular (não anatômica). Ainda que o risco de falha seja maior, a lesão poderá ser abordada novamente no futuro, quando os riscos de problemas ligados ao crescimento ósseo forem menores. A lesão do Ligamento Cruzado Anterior é a principal causa de indicação cirúrgica entre atletas e você pode conhecer mais sobre ela a partir da leitura dos artigos sugeridos abaixo: A lesão do Ligamento Cruzado Anterior é a principal causa de indicação cirúrgica entre atletas. Você pode conhecer mais sobre ela a partir da leitura dos artigos sugeridos abaixo: Lesões do Ligamento Cruzado Anterior em Mulheres Reabilitação do Ligamento Cruzado Anterior Falha da Reconstrução do Ligamento Cruzado Anterior Prevenção da Lesão do Ligamento Cruzado Anterior Lesão Parcial do Ligamento Cruzado AnteriorDoença de Osgood-Schlatter (tuberosidade da tíbia)
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Doença de Osgood-Schlatter (tuberosidade da tíbia)
Incidência
Até 10% das crianças envolvidas com esportes de risco nesta faixa etária são acometidos pela doença de Osgood-Schlatter. O problema é mais comum em meninos atleticamente ativos, mas a incidência tem crescido entre as meninas, devido ao aumento na participação esportiva entre elas. Meninos são mais acometidos entre os 10 e os 15 anos, enquanto as meninas são acometidas em faixa etária um pouco mais precoce, entre os 8 e os 13 anos, já que o estirão do crescimento tende a acontecer mais precocemente nas meninas. São descritos casos eventuais em pessoas com até 20 anos de idade, uma vez que o fim do crescimento nas apófises é mais tardio do que o fim do crescimento longitudinal. A doença costuma regredir após a desaceleração do crescimento ósseo. 70% das pessoas apresentam a doença em um único joelho, e 30% apresentam ambos os joelhos acometidos.O que o paciente sente?
O paciente apresenta dor localizada sobre a tuberosidade da tibia, alternando períodos de melhora e piora. A dor ocorre inicialmente após a atividade física, mas em pacientes mais sintomáticos será sentida também durante a atividade. Pode ocorrer aumento de volume sobre a apófise acometida, que se torna mais sobressalente. Nas radiografias, em alguns casos será possível observar a fragmentação da tuberosidade anterior da tíbia.Tratamento
Nas fases de agudização da dor, o tratamento envolve a aplicação de gelo, o uso de medicações anti-inflamatórias e o afastamento temporário das atividades esportivas de impacto. Nos períodos de remissão da dor, as atividades esportivas podem ser retomadas e o tratamento envolve a correção de eventuais fraquezas e desequilíbrios musculares. A maioria dos pacientes apresenta regressão completa da dor com a desaceleração do crescimento ósseo. Eventualmente, no entanto, a tuberosidade anterior da tíbia pode permanecer mais proeminente do que no joelho não acometido.