Lesões do Menisco

Médico ortopedista especialista em joelho e médico do esporte

O que é e para que serve o menisco?

O menisco é uma cartilagem que fica dentro do joelho e cuja principal função é o amortecimento de cargas. Além disso, ele auxilia no “encaixe” do fêmur (osso da coxa) sobre a tíbia (osso da perna), o que aumenta a área de contato entre os dois ossos. O menisco também tem um papel secundário na estabilização do joelho.

Cada joelho possui dois meniscos: um medial (na parte interna) e um lateral (na parte externa).

Joelho com o menisco íntegro, em que o apoio do peso é distribuído ao longo de toda a superfície do osso.

Joelho sem o menisco, em que o apoio do peso se concentra um uma área bastante restrita.

Entendendo a lesão no menisco

A maior parte das lesões ocorre a partir dos 40 anos, quando já é esperado que haja algum grau de desgaste nos meniscos, tornando-os mais frágeis. Em pacientes mais jovens, geralmente está associada a outras lesões, principalmente a ruptura do Ligamento Cruzado Anterior.

Ainda que vista como uma lesão de importância secundária por médicos não especialistas, a compreensão da lesão no menisco e a decisão de tratamento são bastante complexas. Não é incomum que uma decisão cirúrgica inadequada leve a um resultado insatisfatório.

Tipos de lesões no menisco

As lesões no menisco são muito diferentes umas das outras, e entender as características de cada lesão é fundamental para a indicação do tratamento e para determinar o prognóstico. Entre as características que devemos levar em consideração na avaliação da lesão do menisco incluem-se:

  • Menisco acometido: As lesões do menisco medial são mais frequentes, porém as lesões do menisco lateral têm pior prognóstico, com maior risco de evolução para artrose.
  • Localização da lesão: As lesões podem acometer a raiz, o corno posterior, o corpo ou o corno anterior. Elas podem ser mais centrais ou mais periféricas.
  • Morfologia da lesão: As lesões podem ser verticais, horizontais, radiais, com flap, complexa ou em alça de balde

Discutiremos as especificidades em relação a cada uma destas lesões na sessão sobre o tratamento das lesões no menisco.

Como acontece a lesão no menisco?

Entender como aconteceu a lesão no menisco ajuda na decisão sobre o tratamento e na determinação do prognóstico. Em pacientes jovens, a força necessária para que o menisco se rompa é grande e dificilmente isso irá acontecer sem a associação de outras lesões, incluindo a cartilagem articular ou os ligamentos.

Principalmente a partir dos 40 anos, os meniscos vão ficando gradativamente mais frágeis e susceptíveis às lesões. A força necessária para que a lesão aconteça será progressivamente menor e, eventualmente, o paciente não será capaz nem mesmo de reconhecer quando e como a lesão aconteceu. As lesões no menisco podem, desta forma, serem diferenciadas quanto ao mecanismo em traumáticas ou atraumáticas.

  • Lesões traumáticas: Os pacientes apresentam dor súbita após um trauma, frequentemente associado a um estalido. Apresentam queixa pontual e conseguem indicar com o dedo o local da dor que, de forma geral, coincide com o local da lesão observada em exames de imagens. Em alguns casos, principalmente quando ocorre uma lesão denominada “alça de balde”, o fragmento deslocado do menisco pode bloquear o joelho e inviabilizar seu movimento normal;
  • Lesões degenerativas: Estão associadas ao desgaste do joelho, incluindo os meniscos. Os pacientes não reconhecem quando e como a lesão aconteceu. Eventualmente, referem que a dor teve início após um movimento corriqueiro, como ao descer uma escada ou ao sair do carro. Frequentemente, estes pacientes apresentam dor mal localizada (“todo o joelho doi”) ou dor não compatível com a lesão observada nos exames de imagem.

A maior parte das lesões, porém, ficam em um espectro intermediário, com características tanto de uma lesão traumática como de uma lesão degenerativa. O exame de ressonância magnética pode ajudar na diferenciação, uma vez que cada uma delas apresenta características sugestivas neste exame.

O que o paciente com lesão no menisco sente?

A queixa principal do paciente é uma dor bem localizada sobre a lesão (o paciente aponta com o dedo o local da dor), que piora com o esforço e, especialmente, com movimentos de mudança de direção e torção. O local exato da dor e os movimentos que causam a dor varia conforme a região do menisco que está machucada.

Como exemplo, as lesões no corno posterior do menisco provocam dor mais na parte de trás do joelho e a dor piora quando o joelho está muito flexionado, como ao se agachar. Dependendo da lesão, estalidos e travamento da articulação podem acompanhar a dor.

Diagnóstico da lesão no menisco

A ressonância magnética é o exame padrão ouro para o diagnóstico da lesão no menisco. Ela mostra as características da lesão (vertical, horizontal, em flap, alça de balde, radial, degenerativa), a localização (raiz, corno posterior, corpo, corno anterior), se a lesão é mais periférica ou central e o tamanho da lesão.

Além disso, eventuais lesões associadas, principalmente na cartilagem articular, também serão vistas na ressonância magnética. A radiografia simples, ainda que não mostre o menisco propriamente dito, é importante para avaliar eventual artrose no joelho, que muitas vezes acompanha a lesão no menisco.

O diagnóstico, porém, precisa estar fundamentado no conjunto de informações obtidos com a história clínica, exame físico e exames de imagem. A história clínica deve ser sugestiva da lesão no menisco, o exame físico deve ser compatível com a história clínica e os exames de imagem precisam ser compatíveis tanto com a história clínica quanto com o exame físico.

Na medicina, temos uma máxima que diz que “devemos tratar pacientes, não exames”. Nas lesões no menisco, esta regra é mais importante do que nunca.

Não é incomum que tratamentos baseados exclusivamente nos achados de exames de imagem levem a resultados insatisfatórios e cirurgias mal indicadas. Dois pacientes com exames de ressonância magnética muito parecidos podem ter queixas e exame físico completamente diferentes e com necessidade de tratamentos também diferentes.

Muitos pacientes apresentam exames de imagem mostrando uma lesão no menisco sem que tenham qualquer queixa de dor em decorrência disso.

Nestes casos, as lesões simplesmente não precisam ser tratadas; por outro lado, a lesão está muitas vezes acompanhada de outros problemas, incluindo a artrose no joelhocondromalácia patelar ou, simplesmente, de uma sobrecarga em decorrência de fraquezas e desequilíbrios musculares. Isso significa que, mesmo na presença de um exame de imagem mostrando a lesão no menisco, eventualmente esta lesão pode não ser a causa da dor.

Como é o tratamento da lesão no menisco?

Até pouco tempo atrás, os meniscos eram considerados estruturas de menor importância. Mesmo frente a pequenas lesões, era comum a retirada de todo o menisco, “para evitar problemas futuros”; hoje sabemos que os meniscos apresentam uma função primordial no joelho.

Para “evitar problemas futuros”, devemos, sempre que possível, preservá-los. Reconhecer todas as características da lesão como descrito acima é de fundamental importância na escolha do tratamento.

Muitas lesões, principalmente aquelas de aspecto degenerativo, podem ocorrer de forma assintomática e serem descobertas incidentalmente ao se investigar uma dor que, no fundo, não está diretamente relacionada à lesão no menisco.

A associação de artrose, lesões de cartilagem ou até mesmo fraquezas e desequilíbrios musculares é muito comum nestes pacientes e têm muito mais influência no desenvolvimento da dor do que a lesão no menisco em si.

O tratamento cirúrgico do menisco, nestes casos pode ser bastante frustrante: a lesão é identificada durante a cirurgia, o procedimento é descrito inicialmente pela equipe médica como “bem sucedido”, mas, a médio / longo prazo, a dor pode até piorar, em decorrência da perda da função do menisco, frustrando tanto a equipe médica como o paciente.

Tratamento não cirúrgico da lesão no menisco

A lesão no menisco está muitas vezes acompanhada de um processo mais amplo de desgaste das estruturas internas do joelho e pode estar acompanhada de outros problemas na articulação, principalmente a artrose no joelho.

Em outros casos, a dor pode ser proveniente de outros problemas no joelho, incluindo traumas, condromalácia patelar ou simplesmente uma sobrecarga mecânica por deficiências musculares.

A lesão no menisco, nestes casos, pode ser simplesmente um achado de exame e operar o menisco não trará qualquer alívio da dor. Nesses casos, o tratamento deve ser direcionado à causa real da dor, não ao menisco.

Devemos considerar o tratamento não cirúrgico principalmente nas seguintes situações:

  • História clínica: Dor no joelho de início gradual. O paciente não sabe dizer exatamente quando começou a doer. A dor piora à noite e melhora com as atividades.
  • Exame físico: Dor difusa, mal localizada. Todo o joelho doi.
  • Exames de imagem: Lesão complexa no menisco e lesões descritas como “de aspecto degenerativo” tendem a ser conduzidas de forma não cirúrgica, bem como os pacientes com artrose no joelho.

Muitos pacientes apresentam lesões com características intermediárias entre aquelas de tratamento cirúrgico ou não cirúrgico. Nestes casos, deve-se iniciar o tratamento de forma não cirúrgica e avaliar a resposta do paciente. Se a dor melhorar, o tratamento sem cirurgia poderá ser mantido. Caso contrário, o tratamento cirúrgico pode, então, ser reconsiderado.

Tratamento cirúrgico da lesão no menisco

Usualmente, as lesões de menisco são tratadas por meio da artroscopia. O procedimento consiste na visualização das estruturas internas do joelho, através de uma microcâmera introduzida no joelho. Nos casos das suturas de meniscos, outros cortes podem ser feitos, dependendo da técnica utilizada.

As lesões do menisco podem ser tratadas cirurgicamente de duas formas:

  1. Ressecção da lesão (meniscectomia): neste procedimento, mais simples tecnicamente, o fragmento rompido é cortado e retirado, reduzindo o tamanho do menisco. A técnica permite um retorno mais precoce às atividades. Porém, a redução do menisco aumenta a sobrecarga sobre a cartilagem articular, elevando o risco futuro de desenvolvimento da artrose. Essa desvantagem aumenta proporcionalmente ao tamanho do fragmento a ser retirado;
  2. Sutura do menisco: nesta técnica, o local lesionado recebe pontos, com o objetivo de estabilizar e permitir a cicatrização da lesão. A sutura deve ser o procedimento escolhido sempre que possível.

Técnica cirúrgica – meniscectomia

A sutura do menisco, da mesma forma que a meniscectomia, é uma cirurgia que na maior parte das vezes é realizada por vídeo (artroscopia). Duas pequenas incisões são feitas na parte da frente do joelho, com 5 a 10mm cada; dependendo de qual parte do menisco que está lesionada, diferentes técnicas de reparo são utilizadas e incisões extras podem ser necessárias;

A câmera (artroscópio) é introduzida por uma das incisões. Neste momento, todas as estruturas internas do joelho, incluindo meniscos, cartilagem e ligamentos, são avaliados;

A lesão do menisco é avaliada e a decisão final em relação ao procedimento (meniscectomia ou sutura do menisco) é tomada. Neste caso, vemos uma lesão vertical na zona vermelha-vermelha, com indicação para a sutura do menisco.

A sutura é realizada por meio de instrumental específico.

Técnica cirúrgica – sutura do menisco


A sutura do menisco, da mesma forma que a meniscectomia, é uma cirurgia que na maior parte das vezes é realizada por vídeo (artroscopia). Duas pequenas incisões são feitas na parte da frente do joelho, com 5 a 10mm cada; dependendo de qual parte do menisco que está lesionada, diferentes técnicas de reparo são utilizadas e incisões extras podem ser necessárias;


A câmera (artroscópio) é introduzida por uma das incisões. Neste momento, todas as estruturas internas do joelho, incluindo meniscos, cartilagem e ligamentos, são avaliados;


A lesão do menisco é avaliada e a decisão final em relação ao procedimento (meniscectomia ou sutura do menisco) é tomada. Neste caso, vemos uma lesão vertical na zona vermelha-vermelha, com indicação para a sutura do menisco.


A sutura é realizada por meio de instrumental específico.

Pós-operatório

Após a cirurgia, é preciso que se tenha cuidado com o processo de reabilitação pós-operatória. Caso se coloque muita força sobre a sutura, há o risco de os pontos se abrirem e o joelho precisar ser reoperado.

Em algumas lesões, a perna operada precisa ser mantida sem apoio e a movimentação controlada. Em outros casos, o apoio do peso e a mobilização são permitidas precocemente. Características como o tamanho, localização e tipo da lesão, grau de degeneração do menisco e a estabilidade obtida com a sutura interferem na resistência mecânica da sutura e devem ser consideradas ao se prescrever os exercícios pós operatórios. A clara comunicação entre médico e fisioterapeuta é fundamental para isso.

Como exemplo, as lesões verticais tendem a ser comprimidas com o apoio do peso na perna operada, o que em tese ajuda na cicatrização. Desta forma, o apoio precoce tende a ser permitido. Já as lesões radiais, lesões horizontais ou das raízes dos meniscos tendem a se abrir com o apoio do peso, de forma que o paciente deve manter a perna sem apoio nas primeiras quatro a seis semanas.

Meniscectomia ou sutura do menisco?

Ainda que a meniscectomia seja um procedimento mais atrativo no curto prazo, a sutura deve ser a primeira escolha, sempre que as características da lesão e do paciente forem favoráveis ao procedimento.

A escolha entre a sutura do menisco ou a meniscectomia deve ser feita com base em dois fatores:

  • Possibilidade ou não de tornar a lesão mecanicamente estável por meio da sutura;
  • Presença de um adequado aporte de sangue para a lesão, para que ela tenha potencial biológico para cicatrização.

Para se obter um reparo mecanicamente estável será preciso, antes de mais nada, que a qualidade tecidual do menisco seja boa. Meniscos muito degenerados ficam com sua estrutura fragilizada; quando submetidos a forças de tração, ao invés de a sutura segurar o menisco no lugar ela acaba por rasgar o menisco.

Além disso, dependendo da lesão, simplesmente não há quantidade suficiente de tecido para a colocação da sutura.  Nestes casos, melhor tirar o menisco machucado do que manter um menisco com pouca estabilidade.

Em relação à vascularização, o menisco é dividido empiricamente em três zonas:

  • Zona periférica, junto à cápsula articular: é uma região bem vascularizada e com alto potencial de cicatrização. Também chamada de zona Vermelha-Vermelha;
  • Zona intermediária: região intermediária em termos de vascularização e potencial de cicatrização. Também chamada de zona vermelha-branca;
  • Zona central: borda livre do menisco, localizada mais para dentro na articulação. É uma região pouco vascularizada e de baixo potencial para cicatrização. Também chamada de zona branca-branca.

Considerando-se apenas a vascularização, a tendência é de se realizar a sutura do menisco na zona vermelha-vermelha e a meniscectomia na zona branca – branca.

A sutura de menisco envolve a fixação com pontos da lesão do menisco e deve ser o procedimento de escolha sempre que as características da lesão permitirem. Já a meniscectomia consiste na retirada da parte do menisco que está rompida. É indicada para determinadas situações de lesões.

Entenda melhor os procedimentos:

Sutura de menisco

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Meniscectomia

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Resultado da cirurgia no menisco

Apesar de a cirurgia para lesão no menisco ser muitas vezes considerada um procedimento simples, o resultado em alguns casos podem ser bastante desanimador.

Para evitar isso, a avaliação minuciosa por meio de história clínica, exame físico e exames de imagem é fundamental na escolha do procedimento, já que as complicações estão muitas vezes associadas a uma escolha inadequada do procedimento.

As principais complicações da meniscectomia são a dor persistente (ou piorada) após a cirurgia e, no longo prazo, a artrose do joelho. No caso da sutura do menisco, o risco é de a lesão não cicatrizar, levando à necessidade de um segundo procedimento cirúrgico no futuro.

Como regra geral, podemos dizer que:

  • A meniscectomia realizada em pacientes com lesão de aspecto mais degenerativo, principalmente na associação de artrose no joelho, tende a ser ruim e evoluir com piora dor e da artrose;
  • A meniscectomia feita em pacientes mais jovens e sem artrose tendem a ter ótimo resultado no período inicial após a cirurgia, mas há o risco de evolução com artrose no futuro. Este risco será maior quanto maior a quantidade de menisco retirado;
  • A sutura do menisco tem bons resultados tanto no curto quanto no longo prazo, mas há o risco de não cicatrização do menisco e eventual necessidade de segundo procedimento cirúrgico caso isso venha a acontecer.

Complicações da cirurgia de menisco

Artrose no joelho pós meniscectomia

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Tratamento de lesões específicas

As lesões no menisco podem ser bastante diferentes umas das outras e a abordagem também será diferente. Nos ícones abaixo, discutimos as especificidades na abordagem de alguns dos principais tipos de lesões no menisco.

Lesão em alça de balde do menisco

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Menisco discoide

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Lesão de raiz do menisco

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Lesões radiais dos meniscos

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Extrusão do menisco

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Perguntas Frequentes sobre lesões no menisco

Para que servem os meniscos?

Os meniscos são cartilagens que ajudam no “encaixe” do fêmur sobre a tíbia. Tem como função primária o amortecimento de cargas; Secundariamente, atua como um estabilizador do joelho.

Como eu sei se tenho uma lesão no menisco?

O melhor exame para o diagnóstico da lesão no menisco é a ressonância magnética, mas é preciso ter cuidado: lesões muito parecidas na ressonância magnética podem se comportar completamente diferente e exigirem tratamentos também diferentes. O tratamento deve ser determinado com base no conjunto de achados da história clínica, exame físico e exames de imagem, não simplesmente nos exames de imagem.

Em quais situações a lesão do menisco pode ser tratada sem cirurgia?

A lesão do menisco muitas vezes faz parte de um processo mais amplo de desgaste das estruturas internas do joelho. Nestes casos, a cirurgia tende a ter uma evolução insatisfatória e não deve ser indicada. A indicação cirúrgica deve ser feita com base na história clínica, exame físico e exames de imagem, sendo que devemos considerar o tratamento não cirúrgico principalmente nas seguintes situações: História clínica: Dor no joelho de início gradual, o paciente não sabe dizer exatamente quando começou a doer. Dor que piora à noite e melhora com a atividade. Exame físico: Dor difusa, mal localizada. O paciente com dor no menisco é capaz de apontar com o dedo o local da dor, que se localiza justamente no ponto da lesão. Exames de imagem: Lesão complexa no menisco e lesões descritas como “de aspecto degenerativo” tendem a ser conduzidas de forma não cirúrgica, bem como os pacientes com artrose no joelho. Vale considerar que o tratamento deve ser determinado com base no conjunto de informações. Os critérios acima não devem ser usados de forma isolada como contra indicação para a cirurgia.

Como é feito o tratamento sem cirurgia da lesão no menisco?

O menisco é tratado de forma não cirúrgica quando se considera que existem outros fatores mais importantes como causa da dor. O tratamento não deve ser focado no menisco e sim nas outras causas de dor, o que deve ser avaliado de forma individualizada.

Meu médico disse que a cirurgia será feita por artroscopia. O que é isso?

A artroscopia é um método de se acessar o joelho, e não um procedimento fim, que no caso é o tratamento do menisco. Significa, basicamente, a visualização das estruturas internas do joelho por meio de uma microcâmera. Para fazer a artroscopia, o ortopedista realizará duas pequenas incisões na frente do joelho, com aproximadamente 0,5 a 1 cm cada. Outras lesões podem, da mesma forma, serem tratadas por artroscopia, incluindo as lesões ligamentares no joelho e as lesões na cartilagem articular.

Como é feita a cirurgia para lesão no menisco?

Dois tipos bastante diferentes de procedimento são habitualmente realizados para o tratamento das lesões no menisco: a retirada de um pedaço do menisco (meniscectomia) ou o reparo do menisco por meio de sutura. Sempre que possível, o menisco deve ser preservado por meio da realização de sutura, mas a decisão sobre o procedimento deve ser feita com base nas caraterísticas da lesão. Normalmente a decisão final pela meniscectomia ou sutura do menisco é feita apenas no momento da cirurgia.

O que é a degeneração no menisco?

Degeneração no menisco é um desgaste na estrutura interna do menisco, sem que tenha ocorrido a lesão. A degeneração do menisco não causa de dor, mas é um fator que predispõe à ocorrência das lesões. Não deve ser confundida com lesão degenerativa do menisco, que é quando o menisco degenerado já levou a uma ruptura do mesmo.

O que é e como tratar uma alça de balde no menisco?

A alça de balde é uma lesão em que o menisco se mantém preso em suas extremidades, com o restante de sua estrutura lesionada e solta, da mesma forma que a alça de um balde. É uma lesão bastante instável e que, como regra geral, deve ser tratada por meio de cirurgia.

O que é e como tratar cisto parameniscal?

O cisto parameniscal é um cisto que se forma no local de uma lesão no menisco, sendo mais comum nas lesões horizontais. O líquido penetra no cisto através da lesão, que funciona como uma válvula, não permitindo o retorno do líquido para dentro do joelho. O cisto muitas vezes pode ser sentido através da pele, mas, como regra geral, não é causa de dor. Dependendo da localização e do tamanho, ele pode limitar a mobilidade do joelho ou levar à compressão de alguma outra estrutura, neste caso sim podendo causar dor. No caso de cirurgia, o cisto pode ou não ser abordado juntamente com a lesão.

O que é e como tratar uma lesão radial no menisco?

A lesão da raiz é uma lesão bastante instável que acomete o ponto em que o menisco se prende no osso. Perdendo seu ponto de fixação, o menisco tende a ser deslocado para fora do joelho, ao que se chama de extrusão meniscal. Recentemente, técnicas cirúrgicas foram desenvolvidas para o reparo da lesão na raiz do menisco.

O que é e como tratar uma lesão na raiz do menisco?

Extrusão do menisco é o deslocamento do mesmo para fora da área de carga do joelho onde ele normalmente se localiza. Ocorre principalmente em decorrência de lesão na raiz do menisco ou de lesão radial. Nesta condição, o menisco perde sua função de absorção de carga, aumentando o risco de evolução para artrose.

O que é e como tratar uma lesão complexa do menisco?

A lesão complexa do menisco é uma situação em que se observa diferentes pontos de ruptura, ao invés de uma linha única de lesão. É um tipo de lesão que acontece em um menisco já degenerado, desgastado.

Se eu tirar um pedaço do menisco, o que pode acontecer com meu joelho no futuro?

A retirada do menisco pode levar a uma menor absorção de carga na articulação, com risco de desgaste precoce no futuro. Isso depende muito de qual a quantidade de menisco que teve que ser retirado. Desta forma, sempre que possível, o reparo do menisco (sutura) deve ter preferência frente à sua retirada (meniscectomia). O risco de desgaste é maior em pessoas mais jovens, obesas ou que realizam atividades físicas de alto impacto. Além disso, lesões no menisco lateral evoluem mais frequentemente para a artrose.

Como é feita a sutura no menisco?

Existem diferentes técnicas de sutura para o menisco, que deve ser escolhida de acordo com as características da lesão. A sutura é feita por meio da artroscopia (vídeo), mas em alguns casos pode ser necessário realizar uma pequena incisão extra para auxiliar no reparo.

Qual o risco de a sutura falhar e eu precisar de outra cirurgia?

Estudos mostram que 10 a 30% dos pacientes que realizam a sutura no menisco necessitam de um segundo procedimento devido à falha na sutura. Alguns tipos de lesão têm maior risco de falha do que outros, de forma que isso deve sempre ser visto de forma individualizada. Esta variação no risco de falha da sutura está relacionada à indicação de cirurgia: cirurgiões que tentam salvar o menisco “a qualquer custo” tendem a ter maior taxa de recidiva da lesão.

Como será a cicatriz da cirurgia?

A cirurgia no menisco é feita por meio de duas pequenas incisões na parte da frente do joelho, com 0,5 a 01 cm cada. Em alguns casos de sutura do menisco podem ser necessários uma incisão extra.

Quanto tempo eu precisarei ficar internado?

Na maior parte dos casos a internação é feita duas a três horas antes do horário agendado para a cirurgia e a alta é feita aproximadamente 5 horas após o procedimento.

Como é feita a anestesia?

A cirurgia para tratamento da lesão no menisco pode ser feita com o uso de raquianestesia ou de anestesia geral. Ainda que a raquianestesia possa ser feita com o paciente acordado, habitualmente se administra junto com a anestesia um sedativo para que o paciente durma.

Precisarei estar de jejum para fazer a cirurgia?

Sim, são necessárias 08 horas de jejum para a realização da cirurgia.

Precisarei usar muletas depois da cirurgia?

O uso da muleta varia conforme o tipo de cirurgia realizado. Para a retirada do menisco (meniscectomia), ele é usada apenas nos primeiros dias após a cirurgia, com apoio do peso na perna conforme tolerado. As muletas são liberadas assim que o paciente tiver conforto para isso. Em alguns casos, são usadas por apenas dois ou três dias. No caso da sutura de menisco, pode ser necessário restringir o apoio na perna operada por até seis semanas

Devo usar gelo depois da cirurgia?

O gelo é indicado nos primeiros dois a três dias após a cirurgia, com foco em reduzir a dor e o processo inflamatório.

Terei alguma restrição alimentar depois da cirurgia?

Não, a cirurgia em si não é motivo para nenhum tipo de restrição alimentar.

Quais medicamentos eu precisarei tomar depois da cirurgia?

Quatro tipos de medicamentos são eventualmente prescritos após a cirurgia para tratamento da lesão no menisco: Antibióticos: prescritos com a finalidade de prevenir a infecção do sítio operatório. Não há um consenso quanto a necessidade de antibiótico profilático para a cirurgia de menisco, de forma que nem todos os médicos prescrevem os antibióticos. Anticoagulantes: prescritos com a finalidade de se evitar a Trombose Venosa Profunda. Nas meniscectomias, podem ser indicados em casos com fatores de risco para trombose, principalmente obesidade, tabagismo e uso de medicações anticoncepcionais. Os anticoagulantes tendem a ser indicados nos casos de sutura do menisco em que o paciente ficará com restrição na mobilidade do joelho após a cirurgia. Analgésicos: São medicamentos para combater a dor. Habitualmente são prescritos analgésicos leves (tylenol, Dipirona), deixando-se os analgésicos mais fortes (Tramadol, Codeina) como medicações de resgate, para serem usados no caso de os analgésicos leves não estarem sendo suficientes. Normalmente, nas cirurgias para lesão no menisco, os analgésicos fortes não chegam a ser necessários. Anti-inflamatórios: usados para tratar o edema e a resposta inflamatória inicial. Idealmente não devem ser usados por mais do que 3 a 5 dias. Não necessariamente todas estas medicações serão usadas. A decisão pelos medicamentos deve ser feita após a avaliação médica, considerando-se fatores individuais.

Vou precisar de fisioterapia? Por quanto tempo?

A cirurgia para retirada do menisco (meniscectomia) tende a se resolver bem sem fisioterapia ou, no máximo, com um curto período de fisioterapia para a recuperação da dor, inchaço e função do joelho. Eventualmente, o paciente apresenta junto com a lesão do menisco uma fraqueza e desequilíbrio muscular que pode em alguns casos ser bastante significativo. Neste caso, a fisioterapia pode ser indicada menos para recuperar da cirurgia e mais para recuperar o joelho como um todo. A sutura no menisco pode necessitar de restrição de mobilidade e apoio e, nestes casos, a fisioterapia terá uma importância maior.

Quais as principais complicações da cirurgia no menisco?

A dor persistente é, sem dúvidas, a principal complicação imediata da cirurgia para tratamento de lesão no menisco. A cirurgia do menisco é muitas vezes vista como um procedimento simples, mas infelizmente não é incomum que o paciente se frustre com o resultado e eventualmente evolua com dor ainda pior do que antes da cirurgia. A indicação precisa do procedimento é a principal forma de se evitar isso. No longo prazo, a preocupação maior é com a artrose no joelho, já que o esforço demandado à cartilagem articular aumenta. No caso da sutura do menisco, há o risco de não cicatrização e eventual necessidade de realizar um segundo procedimento. Isso acontece em aproximadamente 10% dos pacientes.

Quando eu poderei andar de bicicleta?

No caso da meniscectomia, você poderá andar de bicicleta assim que estiver confortável para isso, poucos dias após a cirurgia. No caso da sutura do menisco, isso deve ser discutido caso a caso, mas pode ser indicado até dois meses sem andar de bicicleta.

Quando eu poderei correr depois da cirurgia?

Se você for submetido a uma meniscectomia, poderá correr assim que estiver confortável para isso, duas a três semanas após a cirurgia. No caso da sutura do menisco, o retorno à corrida deve ser discutido caso a caso, mas pode ser indicado até três meses sem correr.

Quando eu poderei jogar futebol?

Se você for submetido a uma meniscectomia, poderá jogar futebol assim que estiver confortável para correr, saltar e realizar mudanças de direção. Isso acontece geralmente entre quatro e seis semanas após a cirurgia. No caso da sutura do menisco, o retorno ao futebol deve ser discutido caso a caso, mas em alguns casos pode ser necessário até quatro meses de afastamento do futebol.

Quando eu poderei dirigir?

Você poderá dirigir assim que tiver mobilidade e controle suficiente da perna para uma reação rápida, geralmente na semana seguinte da cirurgia. A restrição inicial é mais pelo risco de acidentes, já que o ato de dirigir não irá prejudicar a recuperação do joelho.

Quando eu poderei viajar de avião?

Não existe um acordo universal sobre quando é seguro viajar de avião após uma cirurgia de menisco. O problema com a viagem de avião é o risco de trombose venosa profunda. Ainda que o risco após uma cirurgia de menisco seja baixa, ele existe, mesmo entre passageiros jovens e saudáveis. Ficar sentado por longo período de tempo em um espaço confinado predispõe ao desenvolvimento da trombose, além do problema da pressurização da cabine. Como regra geral, devemos considerar de quatro a seis semanas para viagens mais longas. Os voos curtos não parecem ser um problema, mas ainda assim, sugiro aguardar ao menos a primeira semana. Caso se opte por realizar a viagem em um período precoce de recuperação pós-operatória, alguns cuidados devem ser tomados: Usar meias elásticas durante o voo Discutir a indicação de anticoagulantes com o cirurgião Sentar-se no corredor e caminhar com frequência durante o voo.

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