Ballet para Homens
22 de dezembro de 2020Posição en dehors
22 de dezembro de 2020Toda pequena bailarina sonha com o dia em que colocará sua sapatilha de ponta, mas isso não deve ser feito de um dia para o outro e sem uma avaliação criteriosa prévia. Exercícios de ponta são bastante exigentes tanto fisicamente como tecnicamente, e iniciar a ponta sem estar preparado para isso aumentará o risco de lesões e não permitirá uma boa evolução do ponto de vista técnico.
A bailarina e seus familiares devem ser alertados de que os exercícios de ponta de fato aumentam a sobrecarga sobre as mais diversas articulações e consequentemente aumentam o risco de lesões. Para a bailarina que quer apenas um momento de diversão e evolução corporal, mas sem maiores pretensões com a dança, a decisão mais sábia é deixar os exercícios de ponta de lado.
Segundo George Balanchine, um dos maiores coreógrafos do ballet, “não adianta subir na ponta se quando estiver lá não for capaz de realizar os movimentos”. Os exercícios de ponta, desta forma, não devem ser o objetivo final da bailarina, e sim o meio a partir do qual serão realizados os mais diversos movimentos.
Antes de iniciar os exercícios de ponta, é preciso que a bailarina tenha maturidade esquelética para isso, musculatura em condições de manter a ponta e técnica suficientemente apurada.
A bailarina para dançar na ponta precisa ter um equilíbrio perfeito, onde a posição é mantida com o mínimo de esforço muscular.
Maturidade esquelética
Independentemente do preparo físico e técnico, iniciar os exercícios de ponta ainda com pouca maturidade esquelética aumenta o risco de lesões e eventualmente pode trazer problemas relacionados ao crescimento ósseo. Esta maturação ocorre principalmente com o início da puberdade e não ocorre na mesma idade em todas as crianças. A puberdade se caracteriza entre outras coisas pelo aumento da massa muscular, desenvolvimento dos órgãos sexuais, aumento dos pelos pubianos e axilares e, nas mulheres, pelo início do período menstrual. Discutimos mais sobre isso em um artigo específico sobre Atividade Física na puberdade.
O estirão do crescimento se inicia na maior parte das mulheres entre os 9 e os 13 anos, o que significa que uma mulher de 11 anos pode ter aparência de adulto e outra de 13 pode aparentar uma criança menor. Independentemente da idade, é preciso que se tenha um mínimo de maturidade física para iniciar o trabalho de ponta.
Assim sendo, estabeleceu-se como critério geral a idade mínima de 12 anos para o início da ponta, quando a maioria das meninas terão maturidade esquelética suficiente para isso. Em alguns casos, porém pode ser necessário esperar além disso.
Maturidade física
Para os exercícios de ponta, é necessário um perfeito alinhamento corporal, que vai muito além dos pés e deve incluir joelhos, quadris, coluna e braços. O controle muscular fino deve ser apurado; os pés precisam ter flexibilidade suficiente e colo adequado para colocar o tornozelo em linha reta com o joelho e os dedos do pé.
A musculatura abdominal, dorsal e glútea deve estar forte. Isso pode ser obtido por meio de um programa estruturado de treinamento, que deve levar no mínimo 2 anos, e que depende também da evolução física que ocorre durante o estirão do crescimento.
Técnica
Para realizar os exercícios de ponta, o peso que antes era equilibrado sobre todo o pé passa a ser equilibrado em uma área bem menor, apenas a ponta dos dedos. Isso deve ser obtido da forma mais suave possível e com o mínimo de esforço muscular. Caso a bailarina não tenha técnica suficiente para manter o alinhamento perfeito, precisará utilizar muito mais a musculatura, podendo ocorrer dores e lesões. Mais do que isso, a bailarina pode até conseguir subir na ponta, mas terá muito mais dificuldades para evoluir tecnicamente.
Exercícios para preparar as bailarinas para o uso das pontas
Ainda que a ponta de fato só se inicie ao redor dos 12 anos de idade, o preparo para poder dançar na ponta, tanto do ponto de vista físico como técnico, se inicia muito antes do que isso.
Desde os 07 anos de idade aproximadamente, são realizados exercícios com carga e exigência progressiva para ganho de força muscular, equilíbrio e flexibilidade dos pés e membros inferiores. Devem fazer parte da rotina da pequena bailarina os “elevés, “relevés” e todo o trabalho de meia-ponta, treinos de equilíbrio com os olhos abertos e fechados além de exercícios em superfícies estáveis (chão) e instáveis (colchonete, dynadisc, cama elástica, bosu).
Por volta de 01 ano antes de iniciarem as pontas, é recomendado utilizar a sapatilha auxiliar (soft) para maior ganho de força e equilíbrio dos pés e tornozelos, porém sem subir na ponta do pé propriamente dita. Este é um recurso que ajuda na transição da meia-ponta para a ponta de fato.
Critérios para iniciação na ponta
Não existe um consenso entre as melhores escolas de dança no mundo de qual o momento correto para se iniciar a ponta. Os critérios são muito subjetivos e a avaliação deve levar em conjunto de fatores, mas de fato é comum vermos meninas com as mais diversas queixas ortopédicas após iniciar as atividades na ponta, sem que tenham tido o preparo prévio necessário para isso.
Como regra geral, podemos considerar os seguintes critérios para a iniciação na ponta:
- Idade mínima de 12 anos;
- Ao menos 2 anos de experiência com o balé clássico.
A bailarina deve também ser avaliado do ponto de vista físico e técnico por um profissional especializado. Como exemplo de exercícios que podem ser utilizados para esta avaliação, podemos considerar:
- Avião: a bailarina terá que executá-lo com precisão e controle de tronco, quadril, pernas e tornozelos para passar nesse teste;
- Sautè em passè: a bailarina terá que executar algumas repetições desse salto, sempre com controle de tronco, quadril, pernas e pés e sempre aterrissando no mesmo lugar;
- Pirueta iniciando e finalizando em quarta posição: a bailarina deve executar o movimento com precisão para ambos os lados, sem quicar.
Teste funcional realizado para a avaliação pré participação em exercícios de ponta.
Uma vez decidido pela iniciação na ponta, a rotina da dança deve ser modificada gradativamente para dar tempo para o corpo se acostumar a esta nova exigência. Deve-se ter cuidado com eventuais queixas musculoesqueléticas e não se deve ter medo de dar um passo atrás, caso se julgue necessário.