Aspectos gerais das lesões na corrida
A corrida de rua é o esporte mais popular no mundo e um dos motivos para isso são as facilidades oferecidas pela corrida associadas aos inúmeros benefícios à saúde. Para correr, basta sair à rua com um par de calçados adequado. Não precisa marcar horário, não precisa se deslocar para uma arena esportiva, não precisa pagar. Com toda esta facilidade, muitos esquecem que, ao ignorar certos cuidados, o risco de lesão é alto.
Estudos reportam que até 80% dos corredores se machucam a cada ano, com perda de ao menos um dia de treino devido a lesões. Por outro lado, a corrida é um esporte sem contato físico com outros atletas, sem mudanças súbitas de direção e bastante previsível do ponto de vista de exigência física, de forma que, uma vez que o atleta esteja fisicamente bem equilibrado e que a carga de treino seja ajustada, o risco de lesões é relativamente baixo, comparado com outros esportes, como o futebol.
O risco maior está relacionado a lesões por sobrecarga / esforços repetitivos. Isso significa que o esforço está sendo além daquilo para o qual o corpo e suas estruturas são capazes de suportarem naquele momento. Ou o volume e a intensidade do treino precisam ser reduzidos, ou o atleta precisa focar em um trabalho de preparação física para que consiga correr mais com o mínimo de queixas.
Fatores de risco relacionados à corrida
Em uma rápida pesquisa na internet, facilmente encontramos tutoriais com títulos atrativos, como “5 exercícios para reduzir as lesões na corrida”. A prevenção de lesões, porém, deve envolver ações que vão muito além de um conjunto de exercícios. Abordaremos abaixo alguns dos principais fatores que estão envolvidos no desenvolvimento das lesões nos corredores
Carga de treino
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Carga de treino
Preparação física na corrida
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Preparação física na corrida
Preparação física na corrida
A corrida de rua é um esporte eminentemente aeróbico, que exige grande capacidade cardiovascular. A imagem de corredores de rua como indivíduos extremamente magros leva em muitos casos a um conceito errado de que a força e a preparação física não é um elemento importante para o corredor e que, para correr mais rápido, o importante é simplesmente aumentar o volume de treinos de corrida. A hipertrofia muscular e a aparência musculosa de fato pode ser prejudicial para o desempenho do corredor, mas é importante que se compreenda que o treino de força não necessariamente envolve hipertrofia e que a musculatura forte é fundamental para o corredor impor uma boa técnica esportiva. Ao mesmo tempo em que o corredor precisa ser capaz de produzir mais energia (o que se faz aumentando a capacidade cardiovascular), ele precisa economizar a energia que é produzida, diminuindo o gasto energético para realizar o mesmo deslocamento. Para economizar energia, precisa, além de um corpo mais leve, de uma musculatura forte, mobilidade articular e uma boa técnica esportiva. Principalmente no caso de corredores de longa distância, o calendário de competições deve ser cuidadosamente planejado para incluir períodos de recuperação e períodos em que o volume de treinos de corrida será reduzido para dar condições de realizar a preparação física. Isso é importante tanto para a prevenção de lesões como para otimizar o rendimento esportivo.Recuperação pós-treino
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Recuperação pós-treino
O treinamento esportivo moderno tem buscado, cada vez mais, simular no treino as condições que serão encontradas na competição. Isso significa que esportes que envolvem intensidade, como o futebol, devem ser treinados também em alta intensidade.
Já se foi o tempo em que um jogador realizava duas a três sessões de treinamento por dia, com até 3 horas de duração cada. Habitualmente, um jogador de futebol passa não mais do que 3 horas ao longo do seu dia treinando, incluindo-se aí treinos de campo e treinos físicos. Em muitas situações, os treinos se limitam a 1h ao longo do dia.
Muitos atletas amadores de alto rendimento são capazes de treinar as mesmas três horas por dia e ainda se envolver em uma jornada diária de 8 horas por dia no trabalho. Podemos dizer, desta forma, que o diferencial do atleta profissional está muito mais naquilo que ele realiza para se recuperar entre as sessões de treinamento do que o que faz no treino propriamente dito.
Invariavelmente, o atleta acaba um treinamento mais desgastado do que quando iniciou o mesmo. Isso significa que ele está mais fraco e menos resistente. Durante o período de recuperação, seus ganhos conseguem inclusive superar as perdas, tornando-o mais forte e resistente do que antes, gerando assim as adaptações físicas que se espera com o treinamento.
[accordion-model-lca titulo="Overtraining"]
O overtraining se caracteriza pelo treinamento esportivo excessivo de forma sustentada, a um ponto que exceda a capacidade do corpo de se recuperar. O atleta inicia o treino ainda sem ter se recuperado do treino anterior, de forma que o estresse gerado pela atividade física passa a se acumular treino após treino.
Dores nas articulações, cansaço, fadiga, sensação de fraqueza, alteração do humor, dificuldade para dormir e dor de cabeça são alguns dos sinais e sintomas do overtraining.
Quando um atleta se monstra excessivamente cansado após um treino que, até a pouco, conseguia tolerar com facilidade, é preciso que se pense neste diagnóstico. O desempenho esportivo, em última análise, fica comprometido, sem contar com o maior risco para lesões.
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[accordion-model-lca titulo="Quais os atletas mais vulneráveis ao overtraining?"]
Atletas podem ser mais vulneráveis ao overtraining em decorrência do alto gasto energético envolvido na modalidade, da capacidade limitada de recuperação ou por uma associação de ambos os fatores acima.
Quanto maior o volume e a intensidade do treinamento, maior o risco para o overtraining. Modalidades de ultra-resistência, como o ironman, ultramaratonas e as voltas ciclísticas estão no topo da lista. Modalidades como o tênis ou o futebol também envolvem risco significativo, uma vez que além de levarem a um desgaste considerável, o intervalo entre treinos e competições costuma ser curto, o que leva a um desgaste cumulativo maior.
Fatores que dificultam a recuperação pós-treino podem levar a uma fadiga cumulativa e gerar overtraining. Atletas amadores de alto rendimento e atletas de base estão sob maior risco uma vez que, após um treino intenso, precisam ir para a escola ou trabalho ao invés de focarem em se recuperar do esforço físico.
O atleta profissional, por outro lado, está sempre viajando, comendo e dormindo em locais diferentes, o que pode dificultar a recuperação pós- treino.
Atletas que precisam perder peso, especialmente em modalidades com controle rigoroso de peso, podem ter uma ingesta calórica e proteica insuficiente, o que também dificulta a recuperação pós-treino.
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[accordion-model-lca titulo="Métodos de recuperação pós-treino"]
Apesar da importância da recuperação pós-treino para a saúde e o desempenho do atleta, não existe consenso entre os profissionais da educação física, fisioterapia e medicina esportiva de quais os métodos que realmente funcionam para isso. Existe também uma diferença na resposta individual, e o que funciona para um não necessariamente funcionará para os outros.
As maiores evidências estão relacionadas a alimentação, sono e hidratação. Este deve ser o foco principal do atleta e da equipe técnica, o ponto de partida ao se discutir a recuperação pós-treino. Estas medidas ajudam na reposição do estoque energético, eliminação de subprodutos metabólicos produzidos pelo exercício físico e reparo do dano tecidual.
O uso de substâncias anti-oxidantes, incluindo a vitamina C e o beta-caroteno, ajudam na neutralização dos radicais livres produzidos pelo exercício. Por muito tempo, acreditou-se que eles ajudariam a minimizar o dano muscular após um exercício extenuante.
Recentemente, porém, a importância dos radicais livres na sinalização de muitas das adaptações esperadas com o exercício físico tem sido cada vez mais reconhecida, de forma que é preciso ter cautela no uso destes anti-oxidantes.
O reparo tecidual após um dano causado pelo exercício físico depende da reação inflamatória local. O uso de medicações anti-inflamatórias pode, desta forma, retardar a recuperação pós treino.
Métodos de recuperação como a banheira de gelo e as botas pneumáticas ajudam no “controle de danos” após uma atividade extenuante. Não são indicados, porém, para a recuperação de um treino rotineiro, no qual o dano muscular é mais limitado.
Discutiremos mais afundo, nos quadros abaixo, os principais métodos de recuperação após um treino.
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Técnica de corrida
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Técnica de corrida
Mecânica da corrida
O principal “segredo” para melhorar o desempenho na corrida de rua é otimizar o gasto energético. Independentemente se o seu pace é de 3:30 ou 7:00 minutos por quilómetro, a corrida precisa ser solta e relaxada, o que depende de se ter uma boa mecânica de corrida. Erros na técnica de corrida são frequentes mesmo entre corredores experientes, e sua correção pode levar não apenas a uma melhora no desempenho como a uma redução de até 60% no risco de lesões relacionadas à corrida. Esta correção, porém, deve ser feita com cuidado e sempre sob supervisão. Isso porque não é incomum que uma tentativa má executada de corrigir a passada leve a uma piora no movimento, maior impacto e maior risco de lesões. Exercícios educativos podem ajudar a corrigir a mecânica da corrida, mas vale lembrar que ter musculatura e peso adequados são também importantes para que o movimento seja feito corretamente. A força no tornozelo e nos glúteos é essencial para gerar propulsão, e sem força de propulsão é impossível manter uma boa mecânica de corrida.Amortecimento da pisada
Quando se fala em amortecimento, a primeira coisa que vem na cabeça da maioria dos corredores é o tênis. Sem desconsiderar a importância do tênis de corrida, os efeitos dos modernos sistemas de amortecimento de calçados sobre a incidência de lesão têm se mostrado, bastante limitados. O amortecimento está muito mais relacionado com a forma como se corre do que com aquilo que se veste no pé. Os pés devem funcionar na corrida como uma mola, absorvendo o impacto da pisada e devolvendo a energia para impulsionar a passada seguinte. Observar o barulho produzido pela corrida é a melhor forma de se avaliar se isso está sendo feito de forma adequada. Quem está acostumado a correr em esteiras, provavelmente já observou como algumas pessoas correm de forma bastante suave e silenciosa, enquanto outras são muito mais “barulhentas”. Isso está relacionado ao quanto o corredor é capaz de amortecer a pisada durante a corrida. Quanto mais silencioso for o corredor, menor será a energia dispendida na corrida, melhor será o desempenho e menor o risco de lesões. Estudos demonstram que a simples orientação para tentar reduzir o barulho produzido pela pisada já ajuda na melhora na mecânica da corrida de muitos atletas.Comprimento da passada
Para correr melhor e mais rápido, muitas vezes se sugere uma corrida com passadas mais longas. Até aí, tudo certo, o problema é como aumentar essa passada. Este aumento pode ser feito de duas formas: levando-se o pé mais a frente ou aumentando-se a força de propulsão da perna para trás. A maior parte dos corredores apresentam uma musculatura anterior da coxa (quadríceps) dominante em relação à musculatura posterior (glúteos e isquiotibiais), de forma que esticar a perna para frente é o método mais “natural” para se alongar a passada. Mecanicamente, porém, isso não é desejável, uma vez que leva ao que denominamos de “overstriding”: o apoio inicial passa a ser feito com o pé em uma posição mais à frente do que o joelho e longe do centro de gravidade do corpo, levando a um maior estresse nas articulações e a um maior risco para diversas lesões, principalmente nos joelhos. O alongamento da passada deve ser feito aumentando-se a força de impulsão da perna para trás, o que se consegue por meio de um trabalho de fortalecimento da musculatura glútea e dos isquiotibiais. A fraqueza destas musculaturas é comum entre corredores.Apoio do pé
O apoio inicial do pé ao solo pode ser feito no retropé, médiopé ou antepé. Ainda que exista uma tendência de anteriorizar o ponto de apoio inicial com o aumento da velocidade da corrida, fato é que cada corredor tem sua forma específica de correr, e existem corredores de elite correndo com apoio inicial no antepé bem como outros com apoio inicial no calcanhar. A maior parte dos corredores consegue melhorar o padrão da corrida fazendo o apoio inicial no médiopé ou antepé, mas isso deve ser feito de forma natural, melhorando o movimento da corrida. Querer alterar artificialmente ponto de apoio inicial muitas vezes leva a uma piora na técnica da corrida, sobrecarregando as articulações e podendo dar origem a lesões, de forma que estas mudanças devem ser sempre acompanhadas por um profissional especializado.Superfície de corrida
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Superfície de corrida
Superfície de corrida
O local onde se corre faz toda a diferença. Cada tipo de superfície tem suas características, o que deve ser levado em consideração na escolha do corredor. Discutiremos aqui as características e os cuidados ao serem tomados ao correr em cada tipo de superfície. - Rua: A maior parte das corridas na rua é feita no asfalto, uma superfície rígida e que gera baixo amortecimento. Nestes casos, um tênis de corrida com boa sustentação e bom amortecimento é vantajoso. Além disso, as ruas costumam ter uma leve inclinação lateral para o escoamento da água das chuvas, de forma que o pé que corre próximo da calçada faz o apoio inicial ligeiramente mais baixo do que aquele voltado para a rua. Isso pode ser causa de sobrecarga e lesões, de forma que, quando possível por questões de segurança, o sentido da corrida deve ser alternado com alguma frequência. - Terra batida: é uma melhor superfície no sentido de amortecimento, porém envolve um maior risco de lesões traumáticas, principalmente o entorse do tornozelo. O risco é maior no escuro ou em dias com o solo molhado. - Montanha: Envolve mais ladeiras e superfícies mais irregulares, aumentando o risco de entorses e outras lesões traumáticas. A sobrecarga articular, principalmente sobre o tornozelo e o joelho, será maior, de forma que esta é uma modalidade que exige maior experiência do corredor. A probabilidade de pisar em poças de água ou lama é maior, e a corrida com o calçado encharcado pode levar a abrasões e lesões de pele no pé, de forma que o uso de calçados e meias específicas são mais do que recomendados. - Praia: é uma superfície mais macia, que se por um lado diminui o impacto nas articulações, por outro exige maior força de impulsão e preparo físico. Sem um preparo adequado, a técnica de corrida será bastante prejudicada aumentando o risco de lesões. Mais do que isso, existe a preocupação com a inclinação lateral, fazendo com que um pé faça o apoio mais abaixo do que o outro, que também contribui para uma maior sobrecarga.Calçados esportivos
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Calçados esportivos
Calçados esportivos
Peso e composição corporal para corredores
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Peso e composição corporal para corredores
Peso e composição corporal para corredores
Seja você um corredor experiente que deseja melhorar o seu tempo ou um corredor casual de fim de semana que apenas quer perder peso ou melhorar o condicionamento físico, o controle da composição corporal sempre será importante. A busca de uma perda de peso “a qualquer custo” tende a ser prejudicial em ambas as situações, como veremos a seguir. De maneira geral, corredores velocistas apresentam uma musculatura muito forte e índices baixos mas não excessivamente baixos de gordura corporal, enquanto corredores de longa distância possuem baixa massa corporal, músculos menores e níveis extremamente baixos de gordura corporal. Para quem busca desempenho, a gordura extra aumenta o peso que deve ser transportado e, portanto, aumenta o custo de energia da corrida. Mesmo em corredores de resistência, como no caso de maratonistas ou ultra-maratonistas, a quantidade de gordura armazenada excede em muito a quantidade necessária para a produção imediata de energia e, dentro de limites saudáveis, quanto mais leve estes atletas forem, maior será sua vantagem competitiva. De outra forma, se você tem alguns quilos a mais e gostaria de perder peso, a corrida é, de fato, uma ótima atividade, desde que observados certos cuidados. O excesso de gordura faz com que a força dissipada nas articulações cada vez que o pé toca ao solo seja elevada, aumentando o risco de sobrecarga e lesões relacionadas à corrida. Não existe um valor absoluto no qual a corrida seja contraindicada mas, de fato, para pessoas muito acima do peso, pode ser interessante iniciar a prática esportiva por atividades com menos impacto sobre as articulações e, à medida em que o condicionamento melhora, introduzir a corrida gradativamente.Quando a perda de peso se torna prejudicial
Quantidades de gordura corporal muitos baixas ou a perda muito abrupta de peso podem afetar tanto a saúde como o desempenho dos corredores, e devem ser evitados.- Nestas situações, o organismo interpreta que o atleta está em “privação de alimentos”, o que fará com que ele busque preservar as reservas de energia (gordura) e passará a produzir energia através das proteínas provenientes dos músculos, que de fato é o tecido que mais consome energia no corpo. Ao invés de diminuir ainda mais a quantidade de gordura, este atleta passará a perder tecido muscular.
- Além da questão energética, a gordura tem outras funções fundamentais no organismo, como a produção de hormônios, o que também ficará comprometido nestas situações. Entre as mulheres, isso pode desencadear a Síndrome da mulher atleta, quando o deficit nutricional desencadeia dois outros problemas secundários: a osteoporose (redução da densidade óssea) e a amenorreia (falta de menstruação).
A corrida de rua é provavelmente o único esporte capaz de juntar em uma mesma prova um corredor olímpico e uma pessoa obesa e sedentária que está iniciando a prática esportiva em busca de saúde. Assim, ao se falar em lesões na corrida, é preciso antes de mais nada caracterizar qual o público ao qual estamos nos referindo.
A corrida de rua é um esporte bastante seguro e com risco relativamente baixo de lesões quando feito em um volume e intensidade adequado por uma pessoa tecnicamente e fisicamente preparada para a corrida.
A iniciação na corrida, principalmente por pessoas com um histórico sedentário, é um momento em que o corredor encontra-se especialmente vulnerável para lesões. Tanto isso é verdade que as provas que mais preocupam do ponto de vista médico são aquelas feitas em pequenas distâncias, entre 3 e 5km, as quais costumam atrair mais este público iniciante. Ajustar as expectativas e a carga de treino, trabalhar o fortalecimento muscular e corrigir falhas técnicas na corrida é fundamental para estes corredores. Respeitar a dor e procurar avaliação precocemente também ajuda a evitar que as dores se transformem em lesões.
No outro extremo, os corredores de longa distância, especialmente maratonistas e ultramaratonistas, precisam se preocupar com a adequação da planilha de treino e com a recuperação pós treino.
A planilha de treino deve ser adequada aos objetivos competitivos do atleta. Nenhum atleta de ultra resistência é capaz de manter uma carga máxima de treino e o alto rendimento de forma contínua. Assim, a planilha deve ser ajustada para que o mesmo atinja o máximo do desempenho pouco antes de suas competições principais, e que se programe um período de redução significativa na carga de treino após estas competições.
As provas de ultra resistência exigem treinos também prolongados e frequentes. O desgaste do atleta é elevado, o que torna a otimização da recuperação pós treino fundamental tanto para a melhora no desempenho como para a prevenção de lesões. Isso envolve principalmente cuidados com a parte nutricional, cuidados com a hidratação e cuidados com o sono.
Iniciação na corrida de rua
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Iniciação na corrida de rua
Iniciação na corrida de rua
A corrida de rua é um dos esportes mais praticados no Brasil e no mundo, e existem diversos motivos para isso: é um esporte de fácil acesso, que pode ser praticado nos arredores das residências da maior parte das pessoas; é barato, uma vez que não depende de materiais específicos, apenas de um tênis adequado; pode ser praticado em ambientes públicos e em qualquer horário, sem agendamento prévio; não exige aprendizado específico, apenas um mínimo de condicionamento físico; Finalmente, é muito bom para a saúde. Aparentemente, a corrida é um esporte bastante simples, e mesmo pessoas sem nenhuma experiência esportiva previa acreditam serem capazes de correr. A realidade, porém, é bem diferente, sendo muito comum os erros na técnica da passada, com desalinhamento das pernas e um amortecimento inadequado. Estes erros técnicos, associados a uma musculatura despreparada, colocam os novos corredores sob alto risco de lesão, e de fato os consultórios de ortopedia estão cheios de pacientes que se machucam ao tentar iniciar a prática da corrida de rua sem supervisão ou orientação adequada. Avaliação pré-participação A corrida de rua é um dos melhores esportes para ganho de condicionamento físico, e desde que respeitando certos cuidados é também bastante seguro. Se você está iniciando a prática de corrida, vale a pena se atentar a certos cuidados, para reduzir o risco de lesões. Uma avaliação pré-participação incluindo aspectos ortopédicos / musculoesqueléticos, cardiológico e nutricional trará mais segurança na iniciação na corrida de rua e também ajudará o paciente a atingir seus objetivos com a corrida, seja ele a manutenção da saúde, perda de peso ou a busca por resultados competitivos. Principalmente se você está sedentário há longa data, é importante que inicie um trabalho de fortalecimento muscular em paralelo aos treinos de corrida ou mesmo antes de iniciar a prática de corrida. Sem uma musculatura minimamente forte e equilibrada, a técnica de corrida fica prejudicada, sobrecarregando as articulações. Indivíduos com alguma queixa de dor antes de iniciar na corrida de rua, principalmente nas articulações que suportam o peso do corpo (coluna, quadris, joelhos ou tornozelos) podem piorar a dor com a corrida. Isso porque a energia que é dispensada nas articulações aumenta bastante com a corrida. Em alguns casos, pode ser indicado o afastamento temporário das atividades de impacto para que se trabalhe o condicionamento físico com foco na corrida. Uma possibilidade nestes casos é que se inicie com atividades de menor impacto, como a bicicleta, o transport ou a natação até que o organismo esteja preparado para suportar a carga da corrida. Ainda assim, não é incomum que pessoas com as articulações já bastante comprometidas sejam capazes de manter uma rotina de corrida com relativo conforto, de forma que as queixas de dor são mais importantes do que qualquer exame na prescrição da corrida. Progressão na corrida A iniciação na corrida deve ser gradual e sempre passando pelas distancias menores antes de se chagar às corridas de longa distância; não é incomum que pessoas que não possuem condicionamento para correr 5km se inscrevam para correr uma meia-maratona. Treinadores e preparadores físicos muitas vezes estimulam esta prática, seja por despreparo ou pela ganância de cativar mais um aluno.Provas de ultraresistência – Maratona e ultramaratona
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Provas de ultraresistência – Maratona e ultramaratona
Recuperação entre treinos
Durante um treino (corrida, musculação ou qualquer outro esporte), o corpo sofre um desgaste, ou seja, fica mais fraco do que no início da atividade. No intervalo entre dois treinamentos, o organismo deve se recuperar e, gradativamente, ficará mais forte, resistente e preparado do que antes. Nas provas de ultra-resistência, os treinos são bastante longos e desgastantes, e propiciar uma boa estratégia de recuperação entre treinos é o que diferencia a vitória do fracasso. Diversos métodos de recuperação foram desenvolvidos e são utilizado por estes atletas, muitas vezes de forma empírica e sem comprovação de eficácia. Estudos demonstram que existem três fatores que são de fato importantes para a recuperação entre treinos: a alimentação, a hidratação e a rotina de sono. Para saber mais, sugiro que leia nossa página sobre recuperação pós treino.Alimentação
A alimentação é importante não apenas para a recuperação pós treino, mas também para suprir a demanda energética durante os treinos prolongados. A estratégia alimentar antes, durante e após os treinos é fundamental tanto para a prevenção de lesões como para a melhora na performance destes atletas. O corredor deve fazer todo o esforço possível para suprir suas demandas através de um planejamento alimentar saudável e bem distribuído ao longo do dia. Em alguns casos, a suplementação alimentar poderá ser indicada, mas sempre como um suplemento, e não como um substituto da alimentação regular. A hidratação é também determinante para a performance e deve ser pensada juntamente com a estratégia alimentar. Discutimos mais sobre isso nos artigos sobre a alimentação do atleta competitivo e sobre hidratação do atleta.Progressão dos treinos
O corpo precisa de tempo para se adaptar à prática de corrida de rua, e é importante que o aumento na carga de treino também seja progressivo. Muitos corredores mal se iniciam na modalidade e se inscrevem para correr uma maratona, sem o mínimo de preparo para isso e se expondo a um risco desnecessário de lesões. Ao iniciar no esporte, o corredor deverá idealmente passar pelas menores distâncias, como as provas de 5k, e a medida em que se estiver bem adaptado ir progredindo sucessivamente para provas de 10k, 15k, meia maratona para, por fim, chegar à maratona. Podemos dizer que um corredor está bem adaptado para uma distância quando completar ao menos três provas na distância com tempos relativamente parecidos e sem queixas significativas de dores. Isso pode ser um processo rápido ou bastante lento, a depender do condicionamento físico individual.Calendário de treinos e provas
Nenhum atleta é capaz de manter um ritmo de treinamento na intensidade e volume necessários para competir nestas provas de forma indefinida. Idealmente, o corredor deve escolher uma ou duas provas principais no ano, e treinar para atingir o pico de desempenho o mais próximo possível destas corridas. Outras provas podem ser incluídas no calendário, desde que encaradas como um treinamento. Tentar alongar demais um período de “carga máxima” irá desencadear sobrecarga, piora no desempenho e maior risco de lesões. Principalmente para os atletas envolvidos nestas modalidades, o acompanhamento e a prescrição de treinos por um profissional especializado são medidas de extrema importância.
Principais lesões na corrida
A corrida de rua envolve baixo risco de lesões traumáticas agudas, mas as lesões por sobrecarga e esforços repetitivos são comuns, principalmente nas articulações que suportam o peso do corpo. Isso inclui a coluna, joelhos, pés e tornozelos.
Avaliação médica de rotina do corredor
A avaliação médica de rotina do corredor deve buscar identificar os fatores de risco para as principais lesões e problemas de saúde rotineiramente vistos entre estes atletas, sejam eles decorrentes da prática esportiva ou não.
O primeiro passo é identificar qual o objetivo do atleta: está correndo com foco na saúde ou com objetivos de competição / desempenho? Quer correr provas de 10k ou ultra maratonas? Frequentemente vemos corredores com expectativas não realistas, como pessoas que nunca correram planejando fazer uma maratona. As lesões na corrida muitas vezes estão associadas a uma rotina inadequada de treinos, de forma que a planilha / programação de treinos deve ser avaliada, principalmente entre aqueles que se exercitam por conta própria e sem orientação especializada. Importante avaliar não apenas a rotina de treinos de corrida, mas também os treinos de preparação física.
O corredor deve ser questionado quanto a eventuais objetivos de perda ou ganho de peso. Muitos corredores iniciam a prática do esporte com o objetivo principal de perda de peso e associada a dietas hipocalóricas. Por outro lado, atletas de provas de ultraresistência podem ter dificuldades para suprir suas demandas energéticas.
Finalmente, o atleta deve ser questionado quanto a eventuais queixas musculoesqueléticas ou queixas médicas gerais, atuais ou pregressas. Isso pode direcionar avaliações específicas para a queixa individual.
Avaliação Musculoesquelética
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Avaliação Musculoesquelética
Avaliação musculoesquelética
A avaliação musculoesquelética deve envolver a mobilidade e força nas diversas articulações. Testes funcionais como o FMS (Funtional Movement Screening) ou outros semelhantes podem ser úteis nesta avaliação. Teste de dinamometria podem ajudar a identificar desequilíbrios entre os dois membros ou entre grupos musculares antagônicos, principalmente entre o quadríceps e os posteriores da coxa. Ainda que quase qualquer pessoa acredite saber correr, erros na técnica de corrida são comuns e podem ser causadores de lesões. Assim, a avaliação de rotina pode também envolver uma avaliação da técnica de corrida, o que pode ser feito pela simples observação da corrida por um profissional capacitado ou por meio de uma avaliação cinemática da corrida. Na avaliação cinemática, o atleta é filmado durante a corrida em diferentes ângulos, usando marcadores específicos sob a pele para ajudar na interpretação das imagens. Estas imagens são passadas para o computador e analisadas com a ajuda de programas específicos, de forma a identificar pequenos erros de movimento que possam comprometer a qualidade da corrida e colocar o atleta sob maior risco.Avaliação nutricional do corredor
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Avaliação nutricional do corredor
Avaliação nutricional
O corredor deve ser questionado quanto a eventuais objetivos de perda ou ganho de peso. Muitos corredores iniciam a prática do esporte com o objetivo principal de perda de peso e associada a dietas hipocalóricas. A corrida é, de fato, uma excelente atividade para quem quer perder peso, mas dietas restritivas podem deixar estes atletas vulneráveis à deficiência energética no esporte e suas consequências, o que discutimos em um artigo a parte. Isso acontece principalmente quando a dieta é feita sem orientação especializada. Por outro lado, corredores de fundo de alto rendimento também podem apresentar deficiência energética, mesmo quando não têm por objetivo a perda de peso. Muito referem, inclusive, dificuldade para o ganho de peso. O gasto energético a cada treino é bastante elevado nestes atletas e a alimentação antes, durante e após os treinos deve ser planejada cuidadosamente para maximizar os estoques energéticos. A suplementação pode ser considerada em alguns casos. A avaliação da composição corporal é mais importante do que o peso total do atleta, já que ela permite dizer se o peso que o mesmo está ganhando ou perdendo é proveniente de gordura ou de músculo. Um corredor que está acima do peso e perde 2kg, tendo perdido 4kg de gordura e ganhado 2kg de músculo, por exemplo, terá tido um resultado melhor do que outro que perde 6kg, tendo perdido os mesmos 4kg de gordura porém perdendo também 2kg de músculo. Anemia, deficiência de vitaminas e sais minerais, colesterol elevado entre outras deficiências nutricionais podem ser prejudiciais tanto para a saúde como para o desempenho do atleta e poderão ser avaliados por meio de exames laboratoriais de rotina.Avaliação cardiológica
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Avaliação cardiológica
Avaliação cardiológica
Todo o corredor com o objetivo de treinos regulares, competitivos ou não, deve ser submetido a uma avaliação cardiológica preferencialmente a cada dois anos. Frequência maior pode ser indicada a depender da presença de fatores de risco cardiológicos, incluindo a idade. Alguns problemas cardiovasculares podem acometer o atleta assintomático e aparentemente saudável e colocá-lo sob maior risco de eventos cardiovasculares graves. A avaliação deve incluir ao menos um eletrocardiograma, mas pode incluir também outros exames a depender do caso, como o teste de esforço (ergoespirométrico) ou ecocardiograma. O teste esgoespirométrico se inicia por um período de aquecimento seguido de corrida na esteira com velocidade progressiva até uma intensidade máxima (velocidades submáximas podem ser usadas a depender da condição clínica do atleta) e, por fim, um período de recuperação. Durante o teste, o atleta tem sua frequência cardíaca e pressão arterial aferidos, além de ter os parâmetros eletrocardiográficos e as trocas gasosas monitorados. O teste ergoespirométrico pode ser solicitado com dois diferentes objetivos:- Identificação ou avaliação de eventuais problemas cardiológicos que se manifestam apenas durante o esforço, especialmente as arritmias. A capacidade máxima de consumo de oxigênio (VO2Máx) é também o melhor indicador da saúde cardiopulmonar.
- A avaliação das trocas gasosas pode servir também como parâmetro para a prescrição do treinamento. A partir dos dados de trocas gasosas, é possível identificar a capacidade máxima de utilização do oxigênio (VO2Máx) e qual o mecanismo de geração de energia predominante em cada velocidade. Uma vez que o comportamento de trocas gasosas tem uma relação direta com o consumo de oxigênio, esta informação permitirá ao treinador determinar qual a zona ideal de frequência cardíaca no treino, a depender do objetivo específico de cada treino.
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