Treinamento Físico no tênis
8 de fevereiro de 2021Espondilite anquilosante
9 de fevereiro de 2021A interação que ocorre entre a bola e a raquete, por um lado, e entre a raquete e a mão / punho do tenista, por outro lado, tem relação direta com muitas das lesões em tenistas. A quantidade de força que é aplicada sobre o punho e o cotovelo dependem de fatores como a velocidade com que a bola é recebida, a construção da raquete e como e onde a bola impacta na raquete.
Diferentes forças agem sobre a raquete no momento do contato com a bola, forças essas que serão transferidas para a mão do jogador:
- Força vibratória: vibração das cordas após o contato com a bola. Pode ser minimizada por dispositivos anti-vibratórios, ainda que esta seja uma força de menor importância para o desenvolvimento de lesões.
- Força torcional: qualquer desvio entre o ponto de contato da bola e o centro de forças da raquete faz com que a raquete tenha uma tendência de girar na mão do tenista. Quanto mais longe do centro de forças, maior será a vibração e maior a força que o tenista precisará para estabilizar a raquete.
- Força de choque: força com que a bola “empurra” a raquete para trás. Será maior quanto maior a velocidade da bola. No saque ou no forehand, o punho será forçado em extensão. Já no backhand, será forçado em flexão.
Quanto maiores forem estas forças, maior a probabilidade de o tenista desenvolver lesões por sobrecarga, principalmente no punho (tendinites) e cotovelo (epicondilite lateral / “cotovelo do tenista”).
Ainda que não exista um “equipamento ideal”, podemos dizer que algumas das características de construção da raquete pode ter influência direta no desenvolvimento de lesões:
Tamanho da raquete
O centro de forças da raquete, também chamado de “ponto ideal”, é o ponto em que, quando atingida pela bola, produz pouca força torcional. Aumentando a largura da raquete em 20%, o “ponto ideal” aumenta em até quatro vezes e o potencial de torção é reduzido em 40%.
Principalmente entre tenistas iniciantes, que apresentam maior dificuldade para acertar a bola no centro de força da raquete, usar uma raquete maior pode ser bastante vantajoso.
Peso da raquete
A raquete mais pesada faz com que o tenista precise de mais força para sustentá-la e para acelerar o braço no momento do golpe. Em contrapartida, a mais leve tende a girar na mão e o praticante irá fazer mais força para estabilizá-la após o contato com a bola.
Quando se considera que a dor ou lesão está associada a falhas técnicas ou por jogar contra adversários mais fortes, é preferível uma raquete mais pesada e com uma cabeça maior. Por outro lado, Se for avaliado que a lesão no braço ocorre devido ao grande volume de treino e jogos, uma raquete mais leve pode ser vantajosa.
Material da raquete
Além de influenciar no peso, o material influencia na rigidez da raquete. Uma raquete mais dura, enquanto fornece mais energia, também transfere mais energia para o braço. Com raquetes mais flexíveis, parte da energia é perdida quando o eixo da raquete se dobra em reação ao impacto, podendo levar a alguma perda na velocidade da bola.
Por outro lado, a energia transferida para o punho será menor, de forma que tenistas que estejam com os sintomas do “cotovelo do tenista” devem considerar o uso de raquetes mais flexíveis.
Empunhadura
Empunhaduras muito pequenas ou muito grandes em relação ao tamanho da mão do tenista aumentam a força despendida para preensão da raquete e podem contribuir para lesões no punho ou cotovelo. Os resultados de estudos são inconsistentes, mas, na dúvida, é preferível que se opte pela raquete com empunhadura maior.
Encordoamento
A raquete com encordoamento menos rígido faz com que o tempo de contato entre a bola e a raquete seja maior, permitindo o amortecimento da bola, da mesma forma que acontece quando corremos em uma superfície menos dura. O pico de força e de transmissão de energia para o punho será menor. Portanto, é recomendável que tenistas com tendinopatia no ombro, cotovelo ou punho coloquem a menor tensão no encordoamento com a qual consiga jogar sem prejuízo da técnica.
As cordas mais recomendadas são as multifilamentos. Elas devem idealmente ser trocadas em no máximo 1 mês, para quem joga menos de 2x por semana e a cada semana, para quem joga todos os dias e participa de competições.