O Ligamento Colateral Medial (LCM), localizado na face interna do joelho, é um dos quatro ligamentos que atuam na sua estabilização. A ruptura do Ligamento Colateral Medial é a lesão mais comum em esportes como o futebol, ocorrendo geralmente após um trauma na face externa do joelho, levando a uma abertura em sua face interna.
Veja no vídeo as explicações do Dr João Hollanda a respeito da Lesões do Ligamento Colateral Medial do Joelho:
Avaliação clínica da lesão do Ligamento Colateral Medial
Teste de estresse em valgo
O teste de estresse em valgo busca provocar uma abertura da face interna do joelho. Nas lesões incompletas, o teste provoca dor e pouca instabilidade; nas lesões completas, a dor é acompanhada de uma abertura do compartimento medial do joelho. O teste deve ser feito tanto com o joelho completamente esticado como com o joelho em ligeira flexão. A abertura apenas com o joelho em ligeira flexão indica uma lesão isolada do Ligamento Colateral Medial, enquanto a abertura com o joelho esticado indica uma lesão associada da cápsula posterior do joelho. O teste deve ser feito sempre de forma comparativa com o joelho não machucado.
Exames de imagem
Classificação da lesão do Ligamento Colateral Medial
- Grau I: Dano mínimo aos ligamentos
- Grau II: Lesão parcial do ligamento e pequena frouxidão na articulação
- Grau III: Ruptura completa do ligamento, deixando a articulação bastante solta ou instável.
Tratamento da Lesão do Ligamento Colateral Medial
Tratamento das lesões Grau I
Nas lesões grau I, o tratamento envolve medidas locais para o controle da dor e do edema, principalmente o gelo. Medicações anti-inflamatórias, muletas e imobilizador via de regra não são indicados nestes pacientes. Exercícios sem mudança de direção e sem impacto são iniciados quase que de imediato. Bicicleta e natação são excelentes atividades para manter a capacidade aeróbica no início do tratamento. Assim que a dor estiver melhor controlada, a corrida em linha reta é iniciada e progride conforme a tolerância do paciente. Exercícios com saltos e mudanças de direção são iniciados quando a corrida em linha reta estiver confortável. O retorno esportivo pleno é esperado em 3 a 4 semanas.
Tratamento das lesões grau II
As lesões Grau II apresentam maior limitação funcional. Medicações anti-inflamatórias, gelo e, eventualmente, uma órtese removível, podem ser necessários por um curto período, mas devem ser descontinuados assim que o paciente estiver confortável para isso. O imobilizador deve ser utilizado enquanto o paciente estiver caminhando, mas precisa ser retirado com frequência para a realização de exercícios com foco na recuperação da mobilidade do joelho. O objetivo inicial é fazer com que o joelho estique normalmente e dobre ao menos 90º. O apoio do peso sobre o joelho deve ser feito conforme tolerado. Parte do peso é apoiado sobre as muletas, parte nas pernas. A medida em que a dor melhora, mais peso é apoiado sobre a perna e menos sobre as muletas. O gelo deve ser utilizado nos primeiros três dias por 20 minutos a cada duas horas, para o controle da dor e do edema. A seguir, pode ser feito com menor frequência, duas ou três vezes ao dia. Medicação anti-inflamatória é indicada por curto período (dois ou três dias), devendo ser descontinuada após este período. A inflamação faz parte do processo de cicatrização da lesão e o uso excessivo de anti-inflamatórios pode retardar a recuperação. Se o excesso de inflamação é ruim, a falta dela também é. Exercícios isométricos são iniciados assim que tolerado pela dor. Exercícios isométricos são aqueles em que o paciente realiza força sem que ocorra movimento no joelho. Um exemplo de exercício isométrico para o quadríceps é a elevação da perna estendida. O paciente deve ser encorajado a realizar bicicleta estacionária assim que a mobilidade do joelho for suficiente para isso. No início deve ser feita com carga mínima, apenas para a melhora da mobilidade, e a medida em que a tolerância aumenta o tempo e a carga de esforço são gradativamente aumentadas. Atividades aquáticas como a natação é uma outra boa opção. Com a melhora da dor e da mobilidade do joelho, entre 2 e 4 semanas após a lesão, muletas e imobilizador são descontinuados e o foco principal passa a ser os exercícios para recuperação da força, principalmente de quadríceps e posteriores da coxa, que devem ser feitos dentro da tolerância de dor do paciente. O transporte é uma opção para ir preparando o paciente para reiniciar a corrida. A corrida é iniciada assim que o paciente estiver caminhando sem queixas, o edema no joelho estiver recuperado e a mobilidade for completa. Uma vez que estiver confortável para correr, exercícios de salto e mudanças de direção são iniciados bem como os exercícios específicos do esporte. O retorno esportivo é esperado entre 6 e 8 semanas após a lesão.
Tratamento da lesão Grau III
As lesões grau III levam a uma instabilidade no joelho que pode se tornar persistente no caso de uma cicatrização incompleta, de forma que o tratamento não cirúrgico, quando indicado, deve ser mais cauteloso e sempre protegendo o ligamento em cicatrização. No caso de falha na cicatrização do ligamento, pode ser necessário a realização de cirurgia para reconstrução do ligamento em um segundo tempo. A avaliação pelo ortopedista especialista em joelho é fundamental nestes casos, uma vez que é comum a associação com lesões na cápsula articular ou outros ligamentos e, dependendo das características da lesão, pode haver indicação inicial para a cirurgia. A progressão do tratamento é a mesma do que nas lesões Grau II, porém o tempo para passar por cada fase tende a ser maior, com retorno esportivo completo apenas após dois a três meses da lesão.
Tratamento cirúrgico da Lesão do Ligamento Colatral Medial
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