Microfratura
12 de novembro de 2020Transplante Osteocondral Autólogo
12 de novembro de 2020Colocação da membrana no lugar da lesão. Fixação adicional com pontos de sutura podem ou não ser adicionados.
Tratamento de lesões da cartilagem articular com biomembrana
O uso de biomembranas para o tratamento das lesões da cartilagem articular é uma evolução da técnica de microfratura que busca trazer maior estabilidade para o coágulo formado no lugar da lesão. Assim, para melhor entendimento do que descrevemos aqui, é importante que antes você compreenda o que descrevemos sobre a técnica de microfratura.
As microfraturas têm por objetivo permitir a chegada de sangue no lugar da lesão, com a formação de um coágulo contendo células tronco que irão se diferenciar na nova cartilagem. A membrana busca trazer maior estabilidade para a cartilagem em formação, melhorando a capacidade de reparo.
As biomembranas já são utilizadas desde os anos 90 na Europa, mas apenas recentemente estão disponíveis no Brasil. Diferentes membranas com diferentes técnicas de fabricação estão disponíveis no mercado, mas a que mais utilizamos é o Chondro-Gide®, produto de origem suíça formado com uma estrutura de 2 biocamadas de colágeno I e III. Um dos lados da membrana é mais compacto e deve ficar voltado para a articulação; o outro é mais poroso e deve ser voltado para a lesão.
Com a maior estabilidade provida pela membrana, ao invés de realizar as microfraturas no osso o que temos feito é uma modificação desta técnica, que consiste em aspirar o sangue de dentro do osso e injetar sobre a lesão, abaixo da membrana. Uma das desvantagens da microfratura é que as microperfurações podem levar à ossificação da cartilagem que está sendo formada, o que não acontece quando o sangue é aspirado e injetado.
As biomembranas podem ser aplicadas por via artroscópica (vídeo) ou aberta e são fixadas ao restante da cartilagem por meio de cola de fibrina, com ou sem a associação com pontos de sutura. A cola de fibrina é um selante biológico, 100% natural, feito a partir do plasma, um componente do sangue.
BOM CANDIDATO PARA BIOMEMBRANA | MAU CANDITATO PARA A BIOMEMBRANA |
Adequado tanto para lesões pequenas como para lesões grandes | Dor em várias articulações |
Lesão bem delimitada, com cartilagem de boa qualidade ao redor | Dor que piora com o repouso |
Tem dor e inchaço devido a danos na cartilagem | Destruição generalizada da cartilagem, ou seja, toda a cartilagem está comprometida |
Fisicamente ativo, mas não pode praticar esportes por causa da lesão no joelho | Artrite inflamatória (como a artrite reumatóide) |
Dor que piora com o esforço e melhora no repouso | Idade acima de 50 anos |
Bom alinhamento do joelho | Desalinhamento do joelho |
Condições de seguir o protocolo de reabilitação pós operatória indicado | Não está disposto a passar por um processo prolongado de reabilitação |
Indicações
As biomembranas oferecem um ambiente mais favorável para que o coágulo contendo células tronco se diferenciem para formar a nova cartilagem, de forma que é um procedimento que permite o tratamento de lesões maiores, quando comparado com a microfratura.
Em relação às técnicas de substituição da cartilagem (transplante osteocondral autólogo ou homólogo) as biomembranas têm a vantagem de não precisarem de uma área doadora e de se adaptarem melhor ao formato do osso no lugar da lesão.
Pós operatório
Mesmo com a maior estabilidade provida pela membrana, as células tronco precisam de um ambiente favorável para se diferenciarem em uma nova cartilagem. Os protocolos de pós operatório devem ser seguidos a risca para garantir um tecido de regeneração de melhor qualidade e são bastante similares aos protocolos pós operatórios descrito para a microfratura. O paciente é mantido com muletas e sem o apoio do peso do corpo sobre o joelho operado nas primeiras 6 semanas após a cirurgia. Neste período, a mobilização do joelho sem o apoio do peso e supervisionado pelo fisioterapeuta deve ser estimulado, para manter a mobilidade do joelho e a função muscular.
Dependendo da localização da microfratura e do tamanho do defeito, pode levar de 4 a 7 meses para que a nova cartilagem adquira qualidade suficiente para ser capaz de suportar atividades físicas de maior impacto.