Treinamento de força no idoso
26 de janeiro de 2021Atividade física para pacientes hipertensos
27 de janeiro de 2021Atividade física em pacientes com doença coronariana
A doença isquêmica do coração, ou doença coronariana, é a causa mais comum de morte na população idosa, daí a importância de entender e promover medidas de prevenção.
A atividade física é a principal forma de prevenção da doença coronariana e isso acontece tanto em decorrência da melhora da função cardiovascular como da ação do exercício físico sobre outros fatores de risco, como obesidade, hipertensão arterial, hipercolesterolemia, diabetes e tabagismo.
O exercício é indicado também para o paciente com doença coronariana já estabelecida ou mesmo em pacientes pós revascularização ou que sofreram infarto agudo do miocárdio. A atividade física atua por diferentes mecanismos para melhorar o prognóstico do paciente com doença coronariana, incluindo:
- Melhora da qualidade do endotélio que forma a parede das artérias: as alterações no
endotélio são o ponto de partida para a doença isquêmica do coração e a atividade
física regular ajuda a manter a qualidade do endotélio. - Neovascularização: a atividade física aumenta o fluxo sanguíneo e estimula a formação
de uma circulação colateral no coração. Estes novos vasos ajudam a minimizar os
efeitos de uma eventual interrupção no fluxo sanguíneo pelos vasos principais,
característico do infarto agudo do miocárdio. - Regressão da estenose das coronárias: a atividade física pode levar a uma regressão na
estenose das artérias coronarianas ou, ao menos, fazem com que a estenose não
piore, o que é de se esperar naqueles pacientes que adotam um estilo de vida mais
sedentário.
Muitos pacientes com histórico de eventos coronarianos e, especialmente, infarto do miocárdio, foram e continuam sendo recomendados a minimizarem a prática de atividades físicas, pela suposição de que isso levaria a um aumento no estresse sobre o sistema cardiovascular e poderia desencadear novos episódios de isquemia, especialmente o infarto agudo do miocárdio.
Hoje, sabemos que a prática regular de exercícios, dentro de limites determinados por meio de teste de esforço cardiopulmonar (teste ergoespirométrico), os potenciais benefícios superam em muito os eventuais riscos e devem ser prescritos rotineiramente para o paciente com doença coronariana.
Diretrizes mais recentes recomendam inclusive a prática de atividades de alta intensidade, lembrando-se, neste caso, que a alta intensidade deve ser considerada de forma relativa, de acordo com a função cardiovascular do paciente. Consideramos atividade de alta intensidade aquelas nas quais a frequência cardíaca atinja 90% da frequência máxima do indivíduo.
Pacientes com comprometimento cardíaco significativo podem atingir esta frequência em atividades consideradas rotineiras, mas que no caso do individuo em questão devem ser consideradas de alta intensidade.
Qual o melhor exercício para o paciente com doença coronariana?
O paciente com doença coronariana deve ter como foco principal a realização de atividades aeróbicas, sendo a prescrição individualizada de acordo com a capacidade funcional e os objetivos específicos para cada indivíduo, que pode envolver também o tratamento de fatores de risco, como obesidade, hipertensão, diabetes mellitus.
Diretrizes internacionais recomendam a prática de ao menos 150 minutos de atividade aeróbica moderada por semana ou ao menos 75 minutos de atividade intensa divididos em ao menos 3 a 5 dias da semana. O gasto energético total com os exercícios deve ser de ao menos 1000 a 2000 kcal ao longo da semana. O treinamento físico deve ser iniciado em uma menor intensidade e ir aumentado gradualmente ao longo do tempo, de acordo com as capacidades individuais.
Os limiares recomendados acima podem não ser alcançados por muitos indivíduos com limitações de mobilidade decorrentes ou não da doença coronariana. Estudos mostram que qualquer aumento no nível de atividade já é benéfico e, mais do que isso, que os benefícios da atividade física são maiores justamente naquelas pessoas com maiores limitação.
Colocar metas excessivamente ambiciosas pode afastar muitos dos doentes cardiopatas da atividade física, de forma que estes devem ser estimulados a se exercitarem nos limites de suas capacidades.
Exercícios de força não são o foco principal ao se pensar em prevenção de eventos cardiovasculares, mas devem ser estimulados no paciente cardiopata. Eles ajudam a melhorar a mobilidade do indivíduo e, assim, oferecem melhores condições para que os exercícios aeróbicos sejam feitos.
O treino de força deve ser feito ao menos duas vezes na semana (idealmente três) e deve ter foco mais em exercícios com grande número de repetições e menos em exercícios com pesos elevados.
Teste de esforço cardiopulmonar (teste ergoespirométrico)
Antes de iniciar qualquer prática de exercício, o paciente coronariano deve realizar um teste de esforço cardiovascular, para determinar a intensidade ideal do exercício e, também, para avaliar o comportamento cardiovascular durante o exercício.
O teste serve tanto para o diagnóstico da capacidade cardiovascular como para a otimização da prescrição de exercícios. No teste de esforço, o paciente é colocado para fazer uma atividade física em intensidade crescente, sendo monitorado do ponto de vista cardiovascular durante a atividade. São monitorados frequência cardíaca, pressão arterial, comportamento eletrocardiográfico e trocas gasosas.
Com isso, é possível avaliar qual a capacidade funcional do coração e qual a intensidade em que o coração passa a sofrer com isquemia, de forma que a atividade física regular não deve ultrapassar este limite. Eventos como arritmias cardíacas também são avaliados e devem ser considerados na prescrição dos exercícios.