Agentes anabolizantes
23 de março de 2021S3 – Beta-2-agonistas
23 de março de 2021S2 – eritropoetina
A eritropoetina é um hormônio peptídeo produzido 90% pelos rins e 10% polo fígado. Ela estimula a produção das células vermelhas do sangue, responsáveis pelo transporte de oxigênio.
A eritropoetina recombinante humana é um análogo sintético da eritropoetina com uso clínico em pacientes com anemia decorrente de insuficiência renal, mas que tem sido há longa data utilizada por atletas de ultra resistência, especialmente ciclistas, com o objetivo de aumentar a capacidade de transporte de oxigênio.
Como efeito colateral, o abuso da EPO leva a um aumento da coagulabilidade do sangue, aumentando o risco para trombose venosa e embolia pulmonar. Isso pode ser ainda mais grave em decorrência da desidratação que é esperada com a prática esportiva, já que a desidratação aumenta ainda mais a viscosidade do sangue.
O principal método de dopagem com eritropoetina é através da aplicação repetitiva de microdoses, de forma a manter os parâmetros sanguíneos dentro dos limites aceitos. Soma-se a isso que o período de detecção do uso da EPO é bastante curto, ainda que os benefícios ergogênicos perdurem por mais tempo.
As técnicas de detecção do doping por EPO evoluíram bastante recentemente, dificultando seu uso por atletas. Outro artifício usado para isso é o passaporte biológico do atleta, que busca identificar o doping não por meio da detecção da substância proibida, mas sim de forma indireta por meio das variações inexplicadas dos parâmetros sanguíneos.
S-2 Hormônio do crescimento (GH)
O hormônio do crescimento (GH), também chamado de hormônio somatotrópico ou somatotropina, é uma proteína produzida principalmente pela hipófise. Ele promove efeitos anabólicos importantes, sendo responsável pelo crescimento de quase todos os tecidos do corpo, promovendo crescimento através do aumento do tamanho das células e do número de mitoses, além da diferenciação de certos tipos celulares como as células do crescimento ósseo e células musculares primitivas.
o GH também atua também sobre o metabolismo, provendo o aumento da síntese proteica em todas as células do corpo, utilizando as reservas de gordura e conservando carboidratos.
Clinicamente, o GH é aprovado para uso na deficiência pituitária (principalmente no caso de tumor da hipófise), para tratar a perda muscular em adultos com AIDS e a deficiência de crescimento na infância.
Quando usado sob orientação médica e em baixas doses, o tratamento com GH é geralmente bem tolerado e tem poucos efeitos colaterais. Por outro lado, altas doses de GH, geralmente usados com o objetivo de ganho esportivo, podem estar associados a aumento da resistência à insulina e diabetes, ginecomastia, retenção de fluidos, dor muscular e aumento da pressão arterial. Cogita-se também que possa aumentar o risco para certos tipos de câncer.
já no início da década de 1980, foi identificado o abuso no uso de GH por atletas na busca por seus efeitos anabólicos. O caso mais famoso foi descrito em 1988, quando Ben Johnson venceu a final dos 100 metros rasos dos jogos olímpicos de Seul e depois foi flagrado no exame anti-doping por uso de GH. A popularização do GH entre atletas deveu-se ao fato de que o mesmo é eficiente, difícil de ser detectado em exames antidoping e causador de poucos efeitos colaterais.
A reputação de GH como um agente positivo de doping tem sido questionada recentemente. Verificou-se que, ao se combinar o uso de GH e treinamento com pesos, ocorreram aumentos de massa muscular, mas sem o ganho concomitante de força ou melhora no rendimento esportivo.
Estes estudos sugerem que o aumento de peso corporal e da massa muscular advindo do uso do GH seja proveniente de proteínas não-contráteis e da retenção de líquidos. Fisiculturistas são os atletas que mais fazem uso de GH, uma vez que a modalidade exige altos níveis de massa muscular (não necessariamente força) e baixíssimos de gordura.
Gonadotrofina coriônica humana
A Gonadotrofina Coriônica Humana (HCG) ocorre no corpo da mãe durante a gestação e pode ser isolada da urina de mulheres grávidas. Sua estrutura e efeitos se assemelham ao hormônio luteinizante (LH) que é secretado pela glândula pituitária. HCG mantém a gravidez estimulando a secreção de progesterona e também quantidades mínimas de estradiol.
O HCG é a base de muitos dos tratamentos para infertilidade masculina, uma vez que estimula a produção de testosterona nos testículos. No esporte, é utilizado para estimular o retorno da produção de testosterona em atletas que fizeram uso de esteroides anabolizantes.
Uma das consequências do uso de esteroides anabolizantes é que a produção de testosterona pelos testículos diminui. Assim, a gonadotrofina coriônica estimula o retorno da produção da testosterona.
Estatísticas
Segundo a WADA, 138 atletas apresentaram resultado analítico adverso na categoria S2, o que representa 3% do total de casos. As drogras mais comumente identificadas estão descritas na tabela abaixo.
Classe S2 – Hormônios peptídicos, fator de crescimento e substâncias correlatas
Substância | classe | Eventos analíticos adversos |
Eritropeietina (EPO) | S2 | 83 |
Gonadotrofina Coriônica Humana | S2 | 14 |
Ibutamoren | S2 | 13 |
GHRP-6 | S2 | 10 |
Hormônio de crescimento (GH) | S2 | 6 |