Reabilitação pós-prótese do joelho

Médico ortopedista especialista em joelho e médico do esporte

Reabilitação pós-prótese do joelho

A melhora da dor após uma prótese total do joelho depende de uma boa técnica cirúrgica, mas também de um bom trabalho de reabilitação pós-operatória. Todo o processo de recuperação deve ser acompanhado de perto pelo ortopedista especialista em joelho responsável pela cirurgia e também pelo fisioterapeuta.

A reabilitação pode ser dividida em quatro fases:

Fase hospitalar (3 a 4 dias): te m como objetivo trazer independência para atividades básicas, como deslocar-se dentro de casa e levantar-se da cama ou da cadeira;

Fase inicial (até 6 semanas): tem por objetivo recuperar a mobilidade e melhorar o padrão da caminhada;

Fase intermediária (6 a 16 semanas): foco principal na recuperação da musculatura e retorno à maior parte das atividades diárias;

Fase avançada (após 4 meses): melhora funcional com aumento progressivo das atividades.

Fase 1: hospitalar (3 a 4 dias)

Em geral, após a cirurgia, o paciente permanece 3 ou 4 noites internado, sendo que a primeira noite pode ser na UTI, para melhor monitorização cardiológica, da perda sanguínea e da pressão arterial. Essa decisão deve ser feita em conjunto pelo cirurgião e pelo anestesista. Caso o paciente encontre-se estável, receberá alta para o quarto após a primeira noite, onde deve ficar por mais 2 a 3 dias.

Durante a internação, os cuidados estão voltados para o controle da dor, prevenção da trombose e de infecções, além do controle da perda sanguínea e da função cardiovascular;

Como regra geral, o paciente senta-se no primeiro dia e levanta-se já no segundo dia após a cirurgia, sempre com auxílio de um andador e sob supervisão;

Para diminuir a dor e o processo inflamatório, deve-se utilizar gelo por 30 minutos a cada 2 horas;

Em alguns casos, um dreno pode ser colocado no joelho, por um ou dois dias, para evitar o acúmulo do sangue remanescente da cirurgia. Se não houver o dreno e o joelho inchar bastante, pode ser indicada uma punção de alívio para retirar o sangue acumulado;

O paciente deve manter o joelho esticado durante a maior parte do tempo. Apesar de relaxar a cápsula e trazer conforto temporário, é melhor evitar colocar almofadas embaixo do joelho. Isso favorece a contratura da cápsula posterior, o que dificulta a reabilitação e prejudica a caminhada.

Exercícios

Alguns exercícios devem ser iniciados já no hospital, durante o período de internação. São eles:

1- Despertar do quadríceps

A musculatura anterior da coxa (quadríceps) tende a ficar dormente após a cirurgia. Por isso, é importante estimular o “despertar” dessa musculatura. A deficiência do quadríceps é o principal limitante para uma melhora no padrão de caminhada e no ganho de autonomia (dispensar o andador).

2- Mobilização do tornozelo

A mobilização do tornozelo é importante para melhorar a circulação sanguínea e, assim, prevenir a trombose. Ela deve ser feita regularmente, a cada 30 minutos, aproximadamente.

3- Flexão do joelho

Tão logo o paciente consiga sentar, o joelho deve ser estimulado a dobrar. O objetivo é permitir que, após duas semanas, ele consiga esticar completamente o joelho e dobrar 90 graus, ao menos.

Ao sair do hospital, é importante que o paciente e sua família compreendam como devem ser os movimentos para sair da cama, levantar, sentar e passar para uma cadeira. Também deve estar cientes em relação ao modo correto de andar, sempre com o auxílio de andador.

Fase 2: inicial (até 6 semanas)

Os objetivos principais são a melhora da dor e do edema, a recuperação do movimento e a melhora no padrão da caminhada e das transferências (sair da cama, levantar da cadeira). Para isso, tudo que foi indicado na fase hospitalar deve ser mantido, mas com exercícios em nível crescente de complexidade.

Nas primeiras semanas, o paciente não terá, de qualquer forma, uma vida independente. Será necessário contar com os cuidados da família ou de um cuidador. De preferência, alguns cuidados devem ser tomados antes da cirurgia, para preparar o ambiente doméstico:

Instalar barras de apoio ou corrimãos no boxe do chuveiro ou na banheira;

Garantir corrimãos firmes em todas as escadas;

Contar com um elevador sanitário com braços, se o vaso sanitário for baixo;

Retirar todos os cabos e tapetes soltos, para prevenir quedas;

Organizar o ambiente para que tudo que for necessário para o dia a dia esteja no mesmo andar, já que será mais difícil subir e descer escadas no início da recuperação.

Caminhada

No início, a caminhada fica bastante limitada e restrita a atividades domésticas básicas. À medida que a dor, o edema e a mobilidade melhoram, o peso pode ser gradativamente transferido mais para a perna e menos para o andador.

Ao final dessa fase, o que se espera é que muitos pacientes tenham segurança para largar o andador, mas isso não é uma regra. Aqueles que apresentavam maior limitação para as atividades antes da cirurgia, e principalmente os que já utilizavam auxílios para a marcha antes da cirurgia (muleta ou bengala) ainda podem precisar deles por mais tempo.

Exercícios

1- Elevação da perna estendida

Esse exercício deverá ser iniciado tão logo o paciente tenha controle suficiente da musculatura para isso. Ele ajuda na recuperação da força e da função do quadríceps e é muito importante para que se caminhe com segurança.

2- Bicicleta ergométrica

A bicicleta ergométrica é uma ótima forma de recuperar a força e também o movimento. O exercício pode ser iniciado assim que o joelho tiver mobilidade suficiente para isso. Inicialmente, a pedalada deve ser para trás e usando o mínimo de carga. A pedalada para frente somente deve ser feita quando o paciente estiver pedalando confortavelmente para trás. No início, recomenda-se de 10 a 15 minutos, uma ou duas vezes por dia, até evoluir para cerca de 30 minutos, 3 ou 4 vezes na semana.

Fase 3: intermediária (6 a 16 semanas)

Nesta fase, o objetivo principal é a recuperação da força. Como regra geral, pacientes submetidos a prótese do joelho passaram por um período mais ou menos longo de sofrimento com a dor antes da cirurgia. Invariavelmente, isso leva a uma fraqueza muscular que agora precisa ser recuperada.

Por melhor que tenha sido a cirurgia, se o paciente não tiver força nas pernas, as dificuldades para subir escadas, levantar-se do carro ou da cadeira, ou subir uma ladeira irão persistir. Como cada paciente entra para a cirurgia com uma condição, o tempo que cada um levará nesta fase varia bastante. Quanto maior a limitação antes da cirurgia, maior será o tempo necessário para este trabalho após a cirurgia.

Fase 4: avançada (após 4 meses)

Nesta fase, espera-se que o paciente já esteja recuperado da cirurgia. O objetivo agora é aproveitar a melhora da dor para buscar uma vida cada vez mais ativa. A atividade física ajudará no ganho de condicionamento físico geral e na melhora da função. Atividades físicas de complexidade crescente podem ser gradativamente acrescentadas. Idealmente, este processo deve ser mantido pelo resto da vida.

Orientações gerais

Algumas atividades exigem atenção redobrada e orientações na fase de reabilitação. São elas:

1- Subir e descer escadas

Subir e descer escadas exige força e controle do joelho. Por isso, mesmo em fases avançadas da reabilitação, é importante que o paciente tenha o apoio do corrimão. Adaptações na casa devem ser feitas já antes da cirurgia, quando necessário.

No início da recuperação, não é recomendável que o paciente suba e desça escadas desassistido. Idealmente, a residência deve ser adaptada para que tenha tudo ao alcance no mesmo andar.

Assim que começar a atividade com escada, a subida deve ser feita degrau por degrau, com a perna boa subindo na frente. Já na descida, a perna operada é que deve descer na frente. À medida em que ganha força e segurança, o paciente passa a subir com um pé em cada degrau e a escada passa a ser, inclusive, um ótimo exercício.

Por volta do terceiro mês (fase 3 da reabilitação), muitos pacientes são capazes de subir e descer escadas de forma independente e com segurança. Mas, vale lembrar que o tempo necessário para isso pode variar de acordo com a função que se tinha antes da cirurgia e também com a resposta ao período inicial de reabilitação.

2- Dirigir automóveis

Dirigir após uma cirurgia de prótese total de joelho não prejudica a cirurgia. Mas, se o paciente ainda não tiver um controle adequado da perna, isso pode colocá-lo sob risco de acidentes.

Caso a cirurgia for no joelho esquerdo, o paciente poderá dirigir carros automáticos após duas semanas, aproximadamente, desde que não esteja mais sob uso de certos tipos de medicamentos. No caso de carros manuais ou quando o operado for o joelho direito, recomenda-se esperar dois meses ou mais para voltar a dirigir, dependendo da evolução pós-operatória.

3- Viajar de avião

Nas primeiras 6 semanas após a prótese, não é recomendável viajar de avião, devido ao maior risco de trombose e embolia. Cuidados especiais devem ser tomados nas viagens aéreas no período inicial de recuperação da cirurgia, devendo isso ser discutido individualmente com o médico.

4- Praticar esportes

A liberação para as atividades físicas e esportivas deve sempre ser discutida com o ortopedista especialista em joelho responsável pela cirurgia. O momento em que cada atividade será liberada depende da recuperação individual e deve ser discutido caso a caso.

Como regra geral, podemos dizer o seguinte:

Atividades aeróbicas são permitidas e, mais do que isso, recomendadas. Elas ajudam na melhora do joelho após a cirurgia. São bons exemplos: caminhadas, natação, bicicleta e dança;

Atividades de força (como musculação) e atividades para ganho de equilíbrio e mobilidade (como ioga) também são recomendadas;

Atividades de impacto devem ser evitadas, principalmente aquelas que envolvam corrida e risco elevado de queda (como o montanhismo). Isso inclui o tênis, mas, para pessoas que já tenham experiência prévia, o tênis em duplas pode ser autorizado, desde que movimentos intempestivos sejam evitados.

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