Prática esportiva pós prótese de joelho
Os critérios para a indicação de prótese de joelho mudaram bastante nos últimos anos. Até pouco tempo atrás, era vista como o último recurso para o tratamento da dor associada à artrose do joelho. Uma referência muito utilizada era de que o paciente não deveria ser capaz de andar mais do que um quarteirão na maior parte dos dias.
Com as melhorias na técnica cirúrgica e na qualidade das próteses, complicações como soltura e desgaste são cada menos comuns, o tem levado cirurgiões a indicarem a cirurgia de forma mais precoce. O tratamento não cirúrgico continua sendo a primeira opção, mas uma vez que os recursos para o tratamento clínico sejam esgotados e que a artrose do joelho seja considerada o fator limitante para uma vida mais ativa, a indicação da prótese se justifica.
Pacientes são operados mais jovens e em uma melhor condição, o que contribui para um melhor resultado final da cirurgia. Por outro lado, a exigência também é maior: se antes o objetivo era um joelho indolor para pequenas caminhadas, hoje a busca é por uma vida tão ativa quanto possível, quando não pela prática esportiva competitiva.
Quais os riscos da atividade física após a prótese?
As maiores preocupações com a atividade física após a prótese estão relacionadas ao desgaste ou a eventuais fraturas periprotéticas.
Desgaste da prótese
O desgaste acontece principalmente no componente de polietileno da prótese, que é uma espécie de plástico de alta resistência. Decorre do uso prolongado e repetitivo, o que em teoria pode ser precipitado pela atividade física. Foi, por muito tempo, a complicação mais comum após a prótese, motivo pelo qual se recomendava reduzir as atividades ao mínimo após a prótese.
Com a melhora na qualidade do polietileno, o desgaste tem se mostrado incomum, mesmo em pacientes bastante ativos. Casos em que se observa o desgaste do polietileno estão muito mais associados a um mau alinhamento do implante ou a uma instabilidade residual do que ao excesso de atividade.
Fratura periprotética
O paciente que faz uma prótese de joelho tende a perder um pouco do equilíbrio e do controle fino do joelho. Além disso, a transição entre a prótese e o osso normal é um ponto de maior fragilidade, o que significa que esportes com maior risco de trauma, incluindo esportes de luta e esportes de contato como o futebol e o basquete, definitivamente incorrem em risco de fraturas, bem como os esportes com frequentes mudanças de direção, como o tênis e o próprio futebol.
Quais os esportes mais indicados após uma prótese de joelho?
As próteses de joelho são feitas em pacientes com condições clínicas muito diversas, sendo preciso alinhar as expectativas do paciente com sua real condição clínica. A prática de exercícios não depende apenas de um bom joelho: se o estado geral do paciente estiver comprometido, não é a prótese que mudará isso.
O paciente submetido à prótese de joelho deve se manter tão ativo quanto suas condições clínicas permitirem. Como regra geral, os exercícios mais indicados são aqueles de baixo impacto, como bicicleta, atividades aquáticas, caminhada ou academia.
Em relação a atividades de maior impacto, o risco de desgaste aumenta. Ainda assim, estudos têm demonstrado baixo índice de desgaste no curto e médio prazo, com resultado ainda inconclusivo para um maior tempo de seguimento.
Para pacientes que nunca tiveram o hábito de praticar esportes de maior impacto, talvez não seja a melhor hora para iniciar – outras opções mais seguras serão melhor indicadas. Para aqueles que, de outra forma, não conseguem se ver longe de uma corridinha, a prática esporádica, não competitiva e em distâncias não muito longas parece razoável. Não estamos falando aqui de treinar para uma maratona – ainda que exista que o façam.
No caso de esportes que envolvem maior contato físico e risco de traumas ou entorses, como regra geral não são indicados, mas ainda assim é preciso que se avalie caso a caso. Uma coisa é um tenista que ficará no meio da quadra trocando bola, outra coisa é realizar movimentos intempestivos na busca da “bola impossível”.
Uma coisa é brincar de bola com o neto pequeno, outra é querer dividir bolas em uma partida competitiva de futebol.