Pé plano (chato)

Médico ortopedista especialista em joelho e médico do esporte

Pé “chato”, ou pé plano, caracteriza-se pela diminuição do arco plantar, de forma que, ao ficar em pé, a sola (planta) do pé toque o chão por inteiro.

Desenvolvimento normal do arco plantar

O pé chato é uma das principais motivações para que pais levem seus filhos para consultórios ortopédicos. É importante esclarecer, no entanto, que quando a criança nasce o arco plantar (a curvinha existente embaixo do pé) ainda não está formado, devido ao acúmulo de gordura nessa região, deixando o pé totalmente plano. A partir dos dois anos, o arco começa a se formar, de forma espontânea, pelo próprio crescimento da criança. O desenvolvimento do arco pode ocorrer até os seis anos ou mais.

Algumas pessoas persistem com o pé plano mesmo na idade adulta, e isso não necessariamente representa um problema. Pessoas com pés planos que sejam flexíveis e indolores são considerados como uma característica individual e não exigem qualquer tratamento. Existe uma tendência familiar para o desenvolvimento de pés planos, de forma que crianças que têm pais com pés planos mais provavelmente persistirão com pés planos na idade adulta. Crianças obesas ou com hiperfrouxidão ligamentar também apresentam maior probabilidade de desenvolverem pés planos.

Quando se preocupar?

O pé plano deve, no entanto, trazer preocupação para os pais em algumas situações:

  • Se for observada perda da curvatura dos pés, principalmente por volta dos 8 ou 9 anos de idade. Um pé que já desenvolveu o arco plantar e perde este arco pode levar a suspeita de formação de uma barra óssea; pés planos que só se desenvolvem na idade adulta podem ser decorrentes de lesões tendinosas.
  • Na presença de um pé rígido, que não apresente uma mobilidade normal;
  • Na presença de dores constantes;
  • Na presença de pés assimétricos, ou seja, quando um pé é diferente do outro.

Tratamento

No caso das crianças, antigamente era comum que os médicos recomendassem o uso de botas ortopédicas com a finalidade de corrigir a curvatura dos pés.

Muitos familiares se baseiam no fato de eles terem utilizado estas órteses no passado e terem tido sucesso com a melhora na forma do pé. Sabe-se hoje, contudo, que o uso de palmilhas ou botas ortopédicas, além de causarem grandes transtornos psicológicos na criança, não irão influenciar na formação do arco plantar e não irão curar o pé chato. O “efeito” que era atribuído a elas na era, verdade, decorrente da evolução normal, ou seja, também teria ocorrido sem estas órteses.

O uso de botas e palmilhas é hoje bastante restrita, sendo indicada apenas em algumas situações específicas, como em crianças com grande frouxidão ligamentar ou que apresentem dores recorrentes nos pés ou pernas, atribuídos ao desequilíbrio mecânico provocado pelo alinhamento anormal dos pés. Ainda que não leve a melhora do pé chato, as palmilhas podem ajudar na melhora de eventuais sintomas nestes casos.

COALIZÃO TARSAL

A principal causa de pés planos patológicos em crianças é a coalizão tarsal, que é a fusão parcial ou total de dois ossos do pé. Ela pode ser decorrente de uma barra óssea, cartilaginosa ou fibrosa, e pode ocorrer em um lado ou nos dois pés simultaneamente. As causas ainda não são bem conhecidas. A incidência na população geral é de aproximadamente 1 %.

Além dos pés planos, que tende a piorar com o crescimento, a coalizão tarsal provoca a perda ou redução da mobilidade dos pés e pode ser uma causa de dor, que tende a ser mais intensa após a realização de esforços ou atividades esportivas.

Ainda que existam diversos ossos nos pés, as coalizões mais comuns ocorrem entre o talus e calcâneo ou entre o calcâneo e o navicular.

A queixa de dor inicia entre os 8 e os 15 anos, quando a criança ou o adolescente começa a realizar atividade esportiva de maior impacto e coincide com a calcificação da conexão entre os dois ossos.

Exames de imagem

O diagnóstico radiológico é feito através de radiografias, tomografia computadorizada ou ressonância magnética.

Nas radiografias, não é raro que a coalizão passe desapercebida, pois algumas são difíceis de serem visualizadas, principalmente as coalizões fibrosas e cartilaginosas.

A tomografia permite um melhor entendimento do tamanho e da forma da fusão entre os ossos.

A ressonância magnética é útil para o diagnóstico de coalizões ainda não calcificadas, principalmente no caso de crianças menores de 10 anos, ou ainda em coalizões fibrosas ou cartilaginosas discretas.

Tratamento

O tratamento não cirúrgico é indicado inicialmente para amenizar a dor e postergar o tratamento cirúrgico. Envolve a redução das atividades físicas e o uso de órteses imobilizadoras. Palmilhas podem ser indicadas para suporte e estabilização do pé na tentativa de melhora da dor. Medições antiinflamatórias e analgésicas podem ser indicadas para o alívio pontual dos sintomas.

O tratamento definitivo das coalizões sintomáticas, sobretudo a calcâneonavicular e talocalcaneana, deve ser cirúrgico. O princípio do tratamento é desfazer a barra óssea ou qualquer outro tipo de fusão, liberando o movimento articular. Ao liberar a coalizão, porém, o cirurgião deve interpor tecido mole (músculo ou gordura) dentro do espaço formado pela retirada óssea para evitar que a coalizão se refaça.

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