A osteocondrite dissecante é uma lesão reversível de origem desconhecida caracterizada pela necrose focal do osso subcondral (osso logo abaixo da cartilagem articular). O osso subcondral serve como um “chão” onde fica assentada a cartilagem articular. Ainda que a lesão óssea seja reversível e tenha a tendência de melhorar com o tempo, a perda do suporte oferecido por este “chão” faz com que lesões da cartilagem possam acontecer como consequência da osteocondrite, levando a uma lesão de pior prognóstico.
Epidemiologia
A doença acomete o côndilo femoral medial em 60% dos pacientes e o côndilo femoral lateral em 30% dos pacientes, sendo bilateral em aproximadamente 25% dos casos. É mais comum em adolescentes e adultos jovens do sexo masculino. A osteocondrite dissecante acomete principalmente o joelho, embora possa também afetar outras articulações, como o cotovelo e o tornozelo.
Classificação
Pacientes esqueleticamente imaturos têm maior probabilidade de cicatrização da lesão com tratamento não operatório. Assim, ela pode ser subdividida em dois grupos:
- Osteocondrite dissecante juvenil: acomete pacientes com a placa de crescimento aberta. Em geral, tem melhor prognóstico e tende a se resolver com o tratamento não cirúrgico;
- Osteocondrite dissecante do adulto: acomete pacientes com a placa de crescimento fechada e, frequentemente, exige intervenção cirúrgica.
Os sintomas podem variar de dor vaga no joelho a sintomas mecânicos devido a um fragmento instável. Dor com atividade e derrames recorrentes são comuns. Os pacientes podem mancar ou caminhar com a perna rodada para fora e podem apresentar sensibilidade à palpação no local da lesão. Pacientes com sintomas mecânicos, derrames, etalidos ou dor com movimento mais tipicamente apresentam lesões instáveis.
Diagnóstico por imagem da osteocondrite dissecante
A osteocondrite dissecante pode ser diagnostica tanto com a radiografia como com a ressonância magnética, mas a ressonância será sempre solicitada para a avaliação da integridade e da estabilidade da cartilagem. Isso será fundamental para determinar o tratamento.
Tratamento da osteocondrite dissecante
O tamanho, localização, estabilidade e sintomatologia da lesão devem ser levados em consideração para a escolha do tratamento. Pacientes esqueleticamente imaturos respondem bem ao tratamento não operatório, incluindo restrições de atividade e suporte de peso. A prática esportiva poderá ser autorizada se não houver derrame ou sinais de instabilidade da lesão, porém a prática de esportes de impacto (ginástica, basquete, futebol etc.) pode precisar ser limitada.
O tratamento cirúrgico é normalmente oferecido para pacientes esqueleticamente maduros, para lesões instáveis ou lesões estáveis que não respondem ao tratamento não cirúrgico. As intervenções incluem perfuração do osso subcondral, fixação do fragmento ou transplantes osteocondrais autólogos. O tempo de cicatrização pós-operatório é de aproximadamente 3-6 meses, dependendo do tamanho da lesão. Geralmente, recomenda-se o acompanhamento por radiografia e ressonância magnética antes de retornar ao esporte.
Fragmento solto de cartilagem em decorrência da osteocondrite dissecante;
Resultado cirúrgico após a fixação do fragmento