Anticoncepcionais para a mulher atleta
Existem diversos métodos que podem ser utilizados por mulheres para evitar a gestação, alguns deles com base hormonal e outros não. Métodos anti-concepcionais hormonais não apenas evitam a gestação, mas são capazes também de modificar o ciclo menstrual. Isso é especialmente relevante em atletas, que não podem escolher o dia e hora em que irão competir. O ciclo menstrual tem influência direta na disposição e no desempenho esportivo de qualquer mulher atleta. Irritabilidade, dificuldade para concentração, inchaço e pior controle neuromuscular são alguns dos sintomas frequentemente relatados com a menstruação e que podem interferir negativamente na prática esportiva. Por outro lado, não são poucas as medalhistas olímpicas que obtiveram seus feitos quando estavam menstruadas. Algumas atletas até preferem competir menstruadas. Nem todas as atletas são “abaladas” da mesma forma pelo ciclo menstrual, de forma que a abordagem precisa ser individualizada. As vantagens e desvantagens de cada método deve ser extensivamente discutido entre a atleta e o seu médico ginecologista, já que não existe uma opção que seja ideal para todas as atletas.Anticoncepcionais hormonais
Focaremos aqui a discussão nos anticoncepcionais hormonais, por serem estes capazes de interferir na prática esportiva da mulher atleta. Os anticoncepcionais hormonais são métodos para prevenção da gravidez à base de formas sintéticas de hormônios femininos: o estrogênio e a progesterona. Alguns desses métodos combinam os dois hormônios, enquanto outros têm apenas progesterona. Eles podem ser tomados por boca, injetados, inseridos na vagina ou implantados sob a pele. O progestagênio (derivado da progesterona) é o principal responsável por impedir a gravidez, suprimindo a ovulação e inibindo a secreção de muco fértil e elástico. Já os derivados do estrogênio presente nos contraceptivos hormonais combinados têm como função regular o ciclo menstrual, tornando o sangramento mais previsível, além de combater os efeitos androgênicos produzidos pelos progestagênios.Diferentes tipos de hormônios
Muitas vezes, lemos ou ouvimos que a pílula contém estrogênio e progesterona. Estas duas substâncias, porém, não estão de fato presentes nas pílulas, uma vez que, quando tomados por boca, o estrogênio e a progesterona se decompõem muito rapidamente. Ao invés disso, a pílula contém versões sintéticas, que são construídas a partir de hormônios mais estáveis e que foram alterados para imitar os efeitos do estrógeno ou da progesterona. Embora estes hormônios sejam eficazes na prevenção da gravidez, eles não são substitutos perfeitos para nossos hormônios naturais. O resultado final é que essas versões sintéticas também têm efeitos que não seriam obtidos com a progesterona pura. O estrogênio é usado na forma de Etinilestradiol, um estrogênio semissintético com forte efeito estrogênico e que pode causar alguns efeitos colaterais como aumento do peso e enjoos. Diferentes doses de etinilestradiol estão presentes nas diferentes marcas de anticoncepcionais, sendo que os anticoncepcionais moais novos possuem quantidade bem menor do etinilestradiol. Já os progestagênios são mais variáveis, sendo que existem oito diferentes tipos usados nos anticoncepcionais. Os mais antigos foram feitos a partir de um parente próximo da testosterona, a nandrolona, e são capazes de interagir com os receptores da testosterona, levando ao desenvolvimento de características tipicamente masculinas. Novas gerações de progestogênios foram sendo desenvolvidas, com menor efeito androgênico. Os mais recentes são derivados da progesterona e possuem efeitos anti-androgênicos, sendo usados inclusive para o tratamento da acne. Podemos assim dividir os progestogênios em quatro gerações:- Primeira geração: Noretindrona, acetato de noretindrona e etinodiol
- Segunda geração: Desogestrel e norgestrel
- Terceira geração: Norgestrel e norgestimato
- Quarta geração: Drospirenona