Dúvidas sobre doping no esporte | Dr. João Hollanda

Médico ortopedista especialista em joelho e médico do esporte

Medicações que mais geram dúvidas relacionadas a doping

A WADA atualiza anualmente a lista de substâncias e métodos proibidos. A lista é válida a partir de 1º de janeiro de cada ano e geralmente é atualizada e aprovada pelo Comitê Executivo da WADA no último trimestre do ano anterior, para depois ser publicada no site da entidade: www.wada-ama.org.

A lista é dividida em três partes:

• Substâncias e métodos permanentemente proibidos (S0 a S5, M1 a M3);

• Substâncias proibidas apenas no período de competição (S6 a S9);

• Substâncias proibidas em esportes específicos (P1 e P2).

Não é o objetivo deste artigo apresentar a lista completa de substâncias proibidas, as quais podem ser consultadas no site www.wada-ama.org.

Outra forma de consultar se uma medicação faz parte da lista antidoping é pelo site www.globaldro.com/Home. Este site é oferecido por meio de uma parceria entre as agências antidoping da Suiça, Canadá, Reino Unido e Estados Unidos, estando licenciado também pelas agências da Austrália, Nova Zelândia e Japão.

No site, é possível pesquisar, inclusive pelos nomes comerciais, o status de cada medicação na lista antidoping, facilitando o uso pelo próprio atleta. Infelizmente, o site não é validado no Brasil e não contém as medicações vendidas no mercado nacional, mas grande parte das medicações possuem equivalentes vendidos nos países citados.

Chamamos a atenção, porém, para as substâncias que mais geram dúvidas relacionadas ao doping, e que desta forma necessitam de atenção especial.

Substâncias e métodos permanentemente proibidos (S0 a S5)

S0 – Substâncias não aprovadas - Substâncias que não são aprovadas pelas agências regulatórias de saúde para uso terapêutico em humanos.

S1- Esteroides anabolizantes – A maior parte dos casos de doping nesta categoria correspondem a uso intencional com a finalidade de ganho de desempenho. Ainda assim, algumas situações podem levar ao doping acidental:

• Algumas pomadas dermatológicas contêm esteroides anabolizantes em sua formulação;

• A contaminação de suplementos nutricionais com anabolizantes ocorre com certa frequência, mesmo que a substância não esteja descrita no rótulo;

• A contaminação de carnes com esteroides anabolizantes utilizados para engorda do gado é descrita em certos países. China e México são países que exigem cuidado redobrado.

S2 - Hormônios peptídicos, fatores de crescimento e substâncias relacionadas;

S3 - Beta 2 agonistas

Todas as substâncias desta classe são proibidas, exceto:

• Salbutamol inalado (máximo de 1.600 mcg em 24 horas);

• Formoterol inalado (dose máxima administrada 54 mcg em 24 horas);

• Salmeterol inalado de acordo com o regime terapêutico recomendado pelo fabricante.

Os Beta 2 agonistas são medicamentos frequentemente utilizados para o controle da asma. As exceções descritas acima costumam ser boas opções terapêuticas, mas caso o médico considere que seja necessária alguma outra medicação desta categoria, o atleta precisara de uma liberação para uso terapêutico.

S4 - Hormônios e moduladores metabólicos

S5 – Diuréticos e outros agentes mascarantes - Nesta categoria incluem-se muitos dos casos de dopings considerados acidentais. Os diuréticos estão incluídos na lista anti-doping porque eles podem ajudar na eliminação mais rápida de um metabólito derivado de uma substância proibida, dificultando a identificação de casos de doping.

Os diuréticos são muito utilizados para o tratamento da hipertensão arterial. São também utilizados para a perda de peso, motivo pelo qual são eventualmente encontrados como contaminantes em suplementos alimentares, principalmente aqueles que prometem a perda de peso.

Substâncias proibidas em competição

Antes de se discutir as substâncias incluídas nesta categoria, vale a consideração que, no momento da competição, estas substâncias precisam estar totalmente eliminadas do organismo.

Se você estiver considerando o uso de uma medicação que é proibida apenas em competição, uma pergunta natural é: "Quanto tempo antes de uma competição eu preciso parar de tomar meu medicamento para evitar testes positivos?"

Infelizmente, não existem dados objetivos para responder a esta pergunta. No momento da competição, é preciso estar completamente livre da substância ou de seus metabólitos, e para isso seria preciso saber qual o tempo de eliminação destas substâncias. Este tempo é variável de pessoa para pessoa e depende de muitos fatores, como a forma do medicamento (liberação rápida, liberação prolongada, injeção, pílula, creme etc.), sua saúde geral, seu peso, seus processos metabólicos individuais, sua função hepática e outros medicamentos que você pode eventualmente estar tomando.

A principal forma que temos para isso é conhecendo a meia vida dos medicamentos, que é o tempo que leva para que 50% dele seja eliminado. Esta é uma informação que permite estimar quanto tempo o medicamento “funciona”, NÃO o tempo o composto original ou seus metabólitos (produtos de decomposição) estão presentes na urina.

Mesmo no caso de alguns medicamentos com meia-vida muito curta, seus metabólitos podem eventualmente serem detectáveis ​​por um longo tempo na urina. A maconha, proibida durante a competição, é um exemplo de medicamento que é excretado na urina por um período prolongado, que pode levar semanas ou meses. A aspirina, por outro lado, é rapidamente excretada e pode ser eliminada completamente da urina em poucas horas.

Na dúvida, é indicado que seja solicitada uma Isenção para uso terapêutico (TUE)

S6- Estimulantes – Algumas substâncias desta classe, como a pseudoefedrina, muitas vezes estão presentes na formulação de medicações que são frequentemente utilizadas para o tratamento de doenças comuns, como gripes ou resfriados.

S7 – Narcóticos – Medicações muito utilizadas para o tratamento da dor. Alguns narcóticos são permitidos, outros não:

• Oxicodona, metadona, morfina e fentanil são algumas das substâncias proibidas;

S8 – Canabinóides – Incluindo a maconha e o haxixe.

S9 – Corticóides – São proibidos em competição, e apenas quando utilizados por via oral, retal, intramuscular ou intravenosa. O uso por via inalatória, em pomadas dermatológicas ou por infiltração intra-articular, entre outras vias, é liberado, desde que dentro das doses terapêuticas.

Substâncias proibidas em esportes específicos (P1 e P2)

P1 – Álcool -Proibido em competição, em esportes como o tiro, tiro com arco e automobilismo. A análise é feita pelo teste do bafômetro ou exame de sangue.

P2 – Beta bloqueadores – Medicações utilizadas no controle da hipertensão arterial, e que levam a uma redução da frequência cardíaca. É proibido em esportes como o tiro e o tiro com arco. Algumas medicações são proibidas dentro e fora de competição, outras proibidas apenas em competição.

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