Maratona

Lesões em maratonas e provas de ultra-resistência 

Esportes de ultrarresistência como as maratonas, ultramaratonas, triathlon, maratonas aquáticas, corridas de aventura e voltas ciclísticas têm conquistado mais destaque na mídia e atraído maior número de praticantes.

São competições nas quais o corpo é levado ao limite, não apenas na competição como nos treinamentos, tornando o risco de lesões uma constante. A prevenção de lesões deve considerar alguns fatores específicos que diferem esses atletas dos demais, principalmente a recuperação entre treinos, a progressão dos treinos e a organização do calendário de treinos e competições.

Recuperação entre treinos

Durante um treino (corrida, musculação ou qualquer outro esporte), o corpo sofre um desgaste, ou seja, fica mais fraco do que no início da atividade. No intervalo entre dois treinamentos, o organismo deve se recuperar e, gradativamente, ficará mais forte, resistente e preparado do que antes.

Nas provas de ultra-resistência, os treinos são bastante longos e desgastantes, e propiciar uma boa estratégia de recuperação entre treinos é o que diferencia a vitória do fracasso. Diversos métodos de recuperação foram desenvolvidos e são utilizado por estes atletas, muitas vezes de forma empírica e sem comprovação de eficácia. Estudos demonstram que existem três fatores que são de fato importantes para a recuperação entre treinos: a alimentação, a hidratação e a rotina de sono.

Alimentacão

Para a maioria dos atletas, uma boa alimentação costuma ser o suficiente, sem a necessidade de suplementação. Para estes “atletas de ferro”, o consumo energético é tão alto que suprir a demanda apenas com a alimentação se torna uma tarefa árdua para não dizer impossível.

A alimentação no pré-treino, treino e pós-treino é essencial para a performance e a prevenção de lesões, e sempre que possível deverá ser supervisionado por um nutricionista esportivo.

Rotina de sono

O descanso é, provavelmente, o fator mais negligenciado pelos atletas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda um mínimo de 8 horas diárias de sono, o que certamente é pouco para um atleta de ultrarresistência. Essa necessidade é bastante individual, mas estima-se que algo próximo de 10 horas seria bastante razoável.

No caso de atletas amadores, a rotina com cerca de duas horas de treino (às vezes em duas sessões) associada aos compromissos profissionais e familiares, faz com que muitos competidores acordem às 4h da manhã para treinar. Por trabalharem e retornarem para casa tarde da noite, a rotina de sono ideal se torna impossível.

Por isso, podemos dizer que as provas de ultramaratonas não são para quem quer, mas para quem pode. Além dos cuidados com a preparação física e a técnica apurada, os competidores precisam de uma rotina bastante regrada. Aqueles que, por motivos pessoais ou profissionais, não conseguem seguir a preparação ideal para esse esporte, o melhor é manter o treinamento para provas mais curtas, devidamente adequadas ao seu cotidiano. 

Progressão dos treinos

O corpo precisa de tempo para se adaptar à prática de corrida de rua, e é importante que o aumento na carga de treino seja progressivo. Muitos corredores mal se iniciam na modalidade e se inscrevem para correr uma maratona, sem o mínimo de preparo para isso e se expondo a um risco desnecessário de lesões.

Ao iniciar no esporte, idealmente o corredor deverá passar pelas menores distâncias, como as provas de 5k, e a medida em que se estiver bem adaptado ir progredindo sucessivamente para provas de 10k, 15k, meia maratona para, por fim, chegar à maratona.

Podemos dizer que um corredor está bem adaptado para uma distância quando completar ao menos três provas na distância com tempos relativamente parecidos e sem queixas significativas de dores. Isso pode ser um processo rápido ou bastante lento, a depender do condicionamento físico individual.

Calendário de treinos e provas

Nenhum atleta é capaz de manter um ritmo de treinamento na intensidade e volume necessários para competir nestas provas de forma indefinida. Idealmente, o corredor deve escolher uma ou duas provas principais no ano, e treinar para atingir o pico de desempenho o mais próximo possível destas corridas. Outras provas podem ser incluídas no calendário, desde que encaradas como um treinamento.

Tentar alongar demais um período de “carga máxima” irá desencadear sobrecarga, piora no desempenho e maior risco de lesões. Principalmente para os atletas envolvidos nestas modalidades, o acompanhamento e a prescrição de treinos por um profissional especializado são medidas de extrema importância.
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