Lesões do Canto Posterolateral
O canto posterolateral (CPL) é um conjunto de estruturas extra-articulares localizadas na parte de trás e externa do joelho e que têm a função de evitar a hiperextensão, a abertura lateral (varo) e a torção do joelho para fora. As principais estruturas desta região são o Ligamento Colateral Lateral, o tendão poplíteo e o popliteofibular.
Geralmente, estas estruturas são lesionadas após traumas de alta energia, como acidentes de trânsito, quedas de altura ou práticas esportivas.
Classificação das lesões do canto posterolateral
As lesões do canto posterolateral podem ser classificadas de acordo com a extensão da lesão e o grau da instabilidade:
grau I
– 0-5 mm de abertura lateral sob estresse em varo
– Instabilidade rotacional de 0° a 5°
grau II
– 6-10 mm de abertura lateral sob estresse em varo
– Instabilidade rotacional de 6° a 10°
grau III
– 10 mm de abertura lateral sob estresse em varo
– Instabilidade rotacional de 10°
Diagnóstico
Diagnóstico clínico
Os pacientes com lesões isoladas do canto posterolateral grau I ou grau II sentem dor moderada e variável capacidade de apoio do pé no chão. A área da lesão pode ficar inchada e roxa (edema e equimose).
Já as lesões grau III raramente acontecem de forma isolada, sem a associação de lesão do Ligamento Cruzado Anterior ou Ligamento Cruzado Posterior. Entre os sintomas, estão inchaço, dor e maior dificuldade de apoio do peso no pé.
A instabilidade é grosseira e pode ser facilmente detectada durante o exame físico realizado pelo ortopedista especialista em joelho, principalmente na fase crônica, uma vez que o edema e a dor inicial tenham passado. Ao caminhar, pode ser possível observar uma flambagem, que é a sensação de que o joelho vai ceder, com a abertura para o lado externo.
Em lesões de longa data, a instabilidade posterolateral do joelho pode colocar cargas excessivas no compartimento interno do joelho, o que, por sua vez, pode levar ao desenvolvimento de artrose no joelho e deformidades na articulação.
Diagnóstico por imagem
Na suspeita de lesão do canto posterolateral, as radiografias são muito importantes na fase aguda, já que, em alguns casos, ao invés do Ligamento Colateral Lateral se romper, ele pode arrancar um fragmento da cabeça da fíbula, onde o ligamento se fixa. Radiografias com estresse também são úteis para avaliar o grau de instabilidade e classificar a lesão.
Ainda que o diagnóstico possa ser fechado de forma segura com base no exame físico, a ressonância magnética será importante na avaliação de eventuais lesões associadas.
Tratamento das lesões do canto posterolateral
As lesões grau I e grau II isoladas podem ser adequadamente tratadas de forma não cirúrgica.
Já as lesões grau III quase sempre estão associadas a lesões do Ligamento Cruzado Anterior ou Ligamento Cruzado Posterior e necessitam de cirurgia para recuperar a estabilidade.
Existem diversas técnicas para o tratamento das lesões do canto posterolateral e algumas buscam a reconstrução isolada do Ligamento Colateral Lateral, enquanto outras são voltadas para a reconstrução das três principais estruturas do canto (Ligamento Colateral Lateral, ligamento popliteofibular, tendão poplíteo).
A escolha da técnica deve ser feita caso a caso com base nas informações do exame físico.
O tratamento envolve procedimentos tecnicamente exigentes e que até pouco eram considerados o “lado escuro do joelho”, devido ao alto índice de maus resultados.
Felizmente, o conhecimento da lesão, a evolução da técnica cirúrgica e da reabilitação pós-operatória evoluíram muito e, hoje em dia, a expectativa de resultado é bem maior.