A tíbia é o local mais comum de fraturas por estresse, mas estas são menos comuns em sua região próxima do joelho. Devido à sua apresentação clínica e localização próxima ao joelho, a clínica da destas fraturas podem facilmente serem confundidas com outros problemas que acometem a região, como a artrose do joelho, as lesões nos meniscos ou a tendinite da pata de ganso, de forma que na presença de uma suspeita diagnóstica é essencial a avaliação por um ortopedista especialista em joelhos.
Deve-se considerar esta possibilidade diagnóstica sempre que houver uma história clínica compatível, principalmente nas seguintes situações:
- Dor que que inicia após um aumento súbito na prática de atividades físicas de impacto;
- Dor que se inicia após mudança repentina no esporte ou nas características do treinamento, mesmo em uma pessoa fisicamente ativa;
- Deformidades em varo ou valgo no joelho podem levar a uma sobrecarga local e pode contribuir para o desenvolvimento da fratura por estresse.
Em alguns pacientes, é descrito o desenvolvimento de fratura por estresse mesmo na presença de um quadro clínico atípico. Casos de dor persistente no joelho que piora com a atividade física devem sempre ter a fratura por estresse como uma possibilidade diagnóstica.
Diferenças das fraturas na criança e no adulto
As características do osso infantil listadas acima influenciam diretamente nas características das fraturas que acontecem em crianças. De modo geral, as crianças tendem a apresentar fraturas incompletas. Já as fraturas cominutivas, nas quais o osso se quebra em vários pedaços, são incomuns.
O trauma necessário para provocar uma fratura na criança nem sempre é violento. Um tropeço seguido de queda ao chão pode ser suficiente.
Tipos de fraturas específicos das crianças
- Descolamento epifisário: são fraturas que atingem a placa de crescimento e, por isso, têm potencial para comprometer o crescimento da criança;
- Fratura em “galho verde”: É um tipo de fratura incompleta do osso, em que um lado dele permanece íntegro. Este tipo de fratura decorre da maior elasticidade do osso, que lembra o que acontece quando tentamos quebrar um galho verde. Em adultos, a fratura tende a ocorrer de forma similar à quebra de um galho seco, que se parte ao meio;
- Fratura em torus: Ao invés de se romper de um lado a outro, o que se observa é um “amassado” no osso. O periósseo permanece íntegro. São fraturas muito comuns no punho;
- Fratura por avulsão: Devido à apófise de crescimento do osso, este se torna o ponto mais frágil do conjunto músculo-tendão-osso. Se nos adultos as lesões nos músculos e tendões são mais comuns, nas crianças as avulsões (arranchamento) óssea tendem a acontecer antes que o músculo ou tendão se rompam.
Tratamento
A fratura por estresse da tíbia proximal apresenta bom prognóstico com o tratamento clínico e tendem a ter resolução completa com o tratamento não cirúrgico. O tratamento deve envolver:
- Afastamento das atividades de impacto: é o ponto mais importante do tratamento. Para atividades de menor impacto, o afastamento deve ser avaliado caso a caso de acordo com a intensidade da dor. Fraturas mais extensas devem exigir maior grau de restrição, eventualmente inclusive com o uso de muletas. Nos casos mais leves, o paciente pode caminhar normalmente e até fazer atividades físicas mais leves e sem impacto.
- Fisioterapia: na fase aguda, deve envolver medidas de analgesia. A inibição muscular é frequente, de forma que pode ser indicado alguns exercícios associados a eletroestimulação. Passada a fase aguda, deve-se corrigir eventuais desequilíbrios musculares que podem estar envolvidos com maior sobrecarga no joelho.
- Órteses: em pacientes com joelhos varos ou valgos leves, o uso de palmilha pode ajudar na busca por uma melhor distribuição de carga nos joelhos.