A prática de exercícios de força, como a musculação, pode ser iniciada tão logo o paciente tenha maturidade intelectual e motora para isso, geralmente por volta dos oito anos de idade. As evidências científicas demonstram que esta prática é até mais segura quando comparado com outros esportes frequentemente praticados nesta idade, como o futebol.
O mito de que “criança não deve fazer musculação”, desta forma, não faz muito sentido. Pelo contrário, a prática de exercícios de força nesta fase da vida tem diversos benefícios, especialmente para aqueles que almejam a prática esportiva competitiva.
Entre estes benefícios, devemos considerar:
- Aumento da força e resistência muscular;
- Proteção dos músculos e articulações contra lesões relacionadas ao esporte;
- Melhora no desempenho em praticamente qualquer esporte.
Ganho de força X ganho de massa muscular
O ganho de força na infância não significa, porém, ganho de massa muscular. Isso só virá a acontecer após o estirão de crescimento da adolescência, em resposta ao aumento da produção de testosterona. Até a pré-adolescência, o ganho de força decorre principalmente de um melhor controle neuromuscular. Em outras palavras, a criança “aprende” a utilizar melhor sua musculatura, ao invés de aumentar a massa muscular.
A puberdade é uma fase na qual o organismo fica especialmente responsivo aos treinos para ganho de massa muscular. Uma vez que a criança já tenha “aprendido” a usar melhor seus músculos durante a infância, ela levará vantagem em relação a seus pares que estejam tendo o primeiro contato com os treinos de força apenas após o estirão do crescimento.
Como deve ser o treino de força para crianças?
O programa de treinamento de força de uma criança não deve ser uma versão reduzida daquilo que um adulto faria. Deve-se priorizar o uso de pesos relativamente leves com alto número de repetições, ao invés de levantar uma carga pesada com poucas repetições. Isso ajudará no ganho de resistência e ajudará a criança a usar a musculatura de uma forma mais eficaz.
Treinos com carga submáxima e poucas repetições são usualmente prescritos com o objetivo de hipertrofia muscular, o que, como já vimos acima, não acontecerá com um pré-adolescente. Mais do que isso, estes exercícios podem sobrecarregar o esqueleto ainda imaturo – especialmente quando a técnica adequada é sacrificada em favor do levantamento de grandes quantidades de peso.
O uso de exercícios que buscam vencer a resistência do peso do próprio corpo costuma ser uma boa estratégia e tende a ser mais vantajoso do que o uso de pesos livres ou mesmo aparelhos de musculação, ainda que estes não sejam totalmente proscritos.