Andropausa e atividade física
26 de janeiro de 2021Treinamento de força no idoso
26 de janeiro de 2021Exercícios aeróbicos são aqueles que envolvem primordialmente o consumo de oxigênio para a geração de energia. Como regra geral, envolvem atividades com duração prolongada (acima de 3 minutos) e com o uso repetitivo dos grandes grupos musculares. Caminhada, dança, ciclismo, e natação são alguns exemplos de atividades aeróbicas.
Durante os exercícios aeróbicos, a respiração fica mais acelerada e mais profunda para aumentar as trocas gasosas e o coração bate mais rápido e mais forte, aumentando o bombeamento do sangue oxigenado para os tecidos.
O maior consumo de oxigênio pelos tecidos depende fundamentalmente de três fatores:
- – Função pulmonar e de vias aéreas: envolve a capacidade de realizar a troca do gás
carbônico produzido pelas células por mais oxigênio a ser levado para os tecidos e
órgãos; - – Função cardiovascular: Capacidade de transportar o oxigênio dos pulmões até os mais
diversos tecidos onde ele é utilizado, especialmente para os músculos; - – Função musculoesquelética: o músculo é o tecido que mais consome oxigênio no
nosso corpo, especialmente durante as atividades físicas. O aumento no consumo de
oxigênio passa necessariamente por ter uma musculatura mais desenvolvida.
Habitualmente, o ponto mais crítico que limita a capacidade aeróbica de um indivíduo é a função cardiovascular. A medida em que a demanda por oxigênio pelos músculos aumenta, o coração começa a bater mais rápido e mais forte, aumentando a quantidade de sangue que é colocado para circular. Assim, compreender o comportamento da frequência cardíaca e da pressão arterial durante o exercício é fundamental.
Frequência cardíaca
O aumento da frequência cardíaca é uma das principais características do exercício aeróbico. A cada batimento cardíaco, uma certa quantidade de sangue é ejetada e passa a circular pelos vasos sanguíneos. Um coração eficiente ejeta maior quantidade de sangue e, assim, é capaz de suprir as demandas do corpo durante o repouso com uma menor frequência de batimentos cardíacos.
A frequência cardíaca normal para o repouso é entre 60 e 100 batimentos por minuto. Pessoas mais idosas e sedentárias tendem a ter uma maior frequência cardíaca de repouso, enquanto atletas com capacidade cardiopulmonar elevada podem ter uma frequência de batimentos fisiologicamente mais baixa, de até 40 batimentos por minuto.
Durante os exercícios, os músculos em atividade requerem mais oxigênio e nutrientes, produzem mais resíduos e geram mais calor. Para suprir a esta demanda, a frequência cardíaca aumenta.
Este aumento da frequência cardíaca acontece também em outras situações de estresse, incluindo traumas, cirurgias e doenças, de forma a levar mais oxigênio e nutrientes para as células e tecidos em recuperação.
Quanto mais intensa a atividade, maior a frequência cardíaca, até que o coração atinja um limite no qual não será mais capaz de responder com aumento na frequência de batimentos. Neste ponto, dizemos que a pessoa atingiu sua frequência cardíaca máxima.
A capacidade de resposta do coração frente ao exercício e outras situações de estresse será maior quanto maior a reserva de frequência cardíaca, que é a diferença entre a frequência cardíaca de repouso e a frequência cardíaca máxima. O envelhecimento e o sedentarismo fazem com que a frequência cardíaca de repouso aumente e a frequência cardíaca máxima diminua, diminuindo a reserva de frequência cardíaca.
Quanto menor a reserva de frequência cardíaca, menor a capacidade do coração em suprir à demanda imposta pelos exercícios e pelas atividades do dia a dia, de forma que a capacidade funcional do indivíduo diminui: ele não mais será capaz de subir um lance de escada sem parar no meio para recuperar o fôlego, não mais será capaz de acelerar o passo para atravessar a rua e assim por diante.
No caso de doenças, traumas ou cirurgias, a demanda por oxigênio e nutrientes para o reparo celular também aumenta.
Quando o coração não for mais capaz de aumentar a frequência de batimentos para suprir a esta demanda, o corpo será submetido a um estresse metabólico que impedirá a recuperação plena e levará ao agravamento do quadro clínico.
Isso leva a uma maior mortalidade, seja por eventos cardiovasculares, seja por causas diversas.
Pressão arterial
Além de bater com uma maior frequência, o coração bate mais forte, para colocar maior
quantidade de sangue na circulação, o que pode ser percebido por meio de um aumento na
pressão arterial.
Pressão arterial é a pressão exercida pelo sangue dentro dos vasos sanguíneos, devendo ser
medida em dois momentos:
- – Pressão sistólica: é a pressão do sangue logo após o batimento do coração
- – Pressão diastólica: é a pressão do sangue entre dois batimentos cardíacos, quando o
coração está se enchendo novamente de sangue.
Quando dizemos que a pressão arterial está em 180×120, isso significa uma pressão sistólica
de 180mmHg e uma pressão diastólica de 120mmHg. A pressão sistólica traduz a força de
batimento do coração e naturalmente se eleva durante o exercício. A pressão diastólica, por
outro lado, mostra a resistência sofrida pelo sangue circulante, e não deve aumentar com o
exercício.
Em alguns indivíduos, porém, o aumento da pressão sistólica pode ser excessivo e danoso.
Esse fenômeno é conhecido como resposta hipertensiva ao exercício e a pode acometer
pessoas saudáveis e que apresentam pressão arterial normal durante o repouso.
Uma diferença entre o pico da pressão arterial no exercício e a pressão arterial sistólica pré-
atividade de pelo menos 60 mmHg em homens e de pelo menos 50 mmHg em mulheres
durante o teste de esforço ou quando a pressão sistólica excede 210 mmHg em homens ou
190 mmHg nas mulheres caracterizam a resposta hipertensiva ao exercício. Em alguns casos, a
pressão pode ultrapassar 250mmHg.
A resposta hipertensiva ao exercício tem significado prognóstico no desenvolvimento futuro
de hipertensão e aumento de eventos cardiovasculares, particularmente quando ela é
documentada em exercícios de intensidade moderada.
Segundo estudo publicado no American Journal of Hypertension, cada aumento de 10 mmHg
na PA sistólica durante o exercício em intensidade moderada foi acompanhado por um
aumento de 4% no risco de evento cardiovascular e na mortalidade independentemente do
modo de exercício.
Mensuração da capacidade aeróbica
O padrão ouro para determinação da aptidão aeróbia é a medição do consumo máximo de oxigênio (VO2 max) durante o Teste de Esforço cardiopulmonar (teste ergoespirométrico). Este é um teste complexo e que exige equipamentos sofisticados, de forma que não está prontamente disponível para grande parte das pessoas.
O consumo de oxigênio é medido em mL por quilograma de peso a cada minuto. O consumo médio de oxigênio durante o repouso é de aproximadamente 3,5mL/Kg/min, de forma que se convencionou adotar este valor como equivalente a 01 MET (Metabolic Equivalent of Task).
Dizer que uma atividade gera consumo de oxigênio de 02 METs significa que esta atividade gera um consumo de 7mL/Kg/min, e assim por diante. Uma pessoa com capacidade aeróbica máxima de 5 METs ou menos é considerada uma pessoa com significativa limitação funcional. No caso de atletas olímpicos em modalidades predominantemente aeróbicas, como o ciclismo ou a maratona, espera-se um VO 2 máx de aproximadamente 70mL/kg/min (20 MET).
Cada 1 MET de aumento na aptidão aeróbica está associado com 10 a 15% de aumento na sobrevida a longo prazo. Estes números são ainda maiores nas zonas de menor aptidão física, onde pequenos ganhos podem representar muito em termos de sobrevida e qualidade de vida.
Isso é importante para mostrar ao paciente a importância que existe em se conseguir pequenos avanços e para se colocar metas factíveis a pequeno, médio e longo prazo. O teste ergoespirométrico, porém, exige recursos de tempo e estrutura que muitas vezes não estão prontamente disponíveis.
Assim, existem alguns teste que apresentam grande correlação com a capacidade aeróbica, como o teste de caminhada de 6 minutos e também questionários como o questionário de aptidão aeróbica da CLINIMEX, os quais discutiremos mais adiante.
Recomendações para atividade aeróbica no idoso
De acordo com as diretrizes da OMS, pessoas acima de 65 anos devem fazer pelo menos 150 minutos de atividade física aeróbica de intensidade moderada, 75 minutos de atividade vigorosa ou uma combinação equivalente de atividades moderadas e vigorosas.
Atividade moderada é aquela em que se consegue manter uma conversa regular com pausas frequentes para respirar, e atividades vigorosas são aquelas em que se consegue apenas uma comunicação breve;
A atividade aeróbica pode ser dividida ao longo do dia em sessões de pelo menos 10 minutos; para obter benefícios adicionais à saúde, os idosos devem aumentar sua atividade física aeróbica de intensidade moderada para 300 minutos por semana, de intensidade vigorosa por 150 minutos semana ou uma combinação equivalente de atividade de intensidade moderada e vigorosa.
Muitos idosos apresentam limitação na mobilidade, e podem não ser capazes de cumprirem as metas descritas acima. Colocar metas muito ambiciosas pode afastar o idoso da prática de exercícios e já foi provado que qualquer quantidade de exercício já é melhor do que nada.
Nestes casos, o idoso deve manter as atividades aeróbicas na maior quantidade e intensidade que sua condição clínica permitir.