A importância dos exames laboratoriais no atleta é como regra geral semelhante ao da população em geral, servindo para avaliar o estado geral de saúde, eventuais desequilíbrios que ainda não tenham se manifestado clinicamente ou para a investigação clínica em decorrência de eventuais queixas do atleta.
A interpretação dos exames também precisa ser criteriosa, uma vez que fatores como jejum, horário da coleta, prática de atividade física recente, estado de hidratação e a técnica de coleta podem comprometer o resultado dos testes.
Principais exames solicitados para o atleta
O esporte promove maior desgaste físico e maior estresse sobre praticamente qualquer órgão ou sistema do corpo, de forma que tem influência sobre o resultado de muitos dos exames comumente solicitados. Alguns exames serão solicitados para todos os atletas, outros devem ser considerados de acordo com o nível competitivo, idade, gênero, presença de comorbidades e eventuais queixas do atleta.
Painel hormonal
Hormônios sexuais: Independentemente de qual o seu condicionamento físico e quais as suas pretensões com o esporte, um dos principais determinantes para que o atleta consiga atingir seus objetivos é o equilíbrio de seus hormônios sexuais. Estes hormônios desempenham um papel importante na regulação da saúde sexual, fertilidade, composição corporal e, em última análise, desempenho atlético. Queixas como fadiga, problemas com sono e depressão também podem ser influenciados por eles.
Testosterona
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Testosterona
Testosterona
A testosterona é um hormônio sexual encontrado em abundância no corpo masculino, mas que também tem uma dosagem mínima ideal no corpo feminino. Nos homens, a testosterona é produzida nos testículos, enquanto nas mulheres ela é produzida nos ovários. A testosterona é necessária para promover a síntese de proteínas, produção de glóbulos vermelhos no sangue e para a reposição de glicogênio (carboidratos) no fígdo e músculos. A falta de testosterona é denominada de hipogonadismo, podendo levar a sintomas como diminuição da libido, disfunção erétil, Irritabilidade e cúmulo de tecido adiposo. A testosterona é também um potente estimulador da síntese proteica, que é essencial para o aumento de massa muscular. Esta é a justificativa para sua disseminação entre atletas. A testosterona circula em nosso organismo em três diferentes formas:- Aproximadamente 50% encontra-se fortemente ligada a uma proteína chamada de SHBG (Sex hormone binding globulin / proteína ligadora dos hormônios sexuais). Quando ligada à SHBG, a testosterona está em uma forma inativa, sendo incapaz de exercer sua ação sobre os tecidos;
- Outros 50% estão fracamente ligados à albumina, principal proteína do nosso corpo, sendo por isso considerada uma forma de testosterona biodisponível;
- Apenas 2% do total de testosterona encontra-se livre no sangue e pronta para atuar nos tecidos.
SHBG
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SHBG
SHBG
A SHBG (Sex hormone-binding globulin / globulina ligadora de hormônios sexuais) é uma proteína produzida no fígado e que se liga firmemente à testosterona, dihidrotestoterona (DHT) e estradiol (um estrógeno). A principal função da SHBG é regular a quantidade destes hormônios que está disponível para os tecidos alvos. Quando ligada à SHBG, os hormônios ficam inativos, o que significa que eles não terão qualquer efeito no corpo. Geralmente, cerca de 40% a 60% da testosterona está fortemente ligada à SHBG, enquanto a remanescente está ligada a albumina (a principal proteína sanguínea) de forma fraca e reversível. Apenas 2% ficam imediatamente disponíveis para os tecidos na forma de testosterona livre. Ainda que a testosterona ligada à albumina não esteja prontamente disponível, esta ligação é considerada fraca. Assim, tanto a testosterona livre como aquela ligada à albumina é chamada de Testosterona biodisponível. Alterações nos níveis de SHBG estão relacionadas a idade, gênero, diminuição ou aumento da produção de testosterona ou estrógeno e, também, a determinadas doenças/estados clínicos, como doença hepática, hipertiroidismo e obesidade. O aumento dos níveis de SHBH levam a um aumento na forma inativa da testosterona e pode produzir os mesmos sintomas de uma testosterona baixa. A principal causa para isso é o uso de pílulas anticoncepcionais e distúrbios alimentares como a anorexia. A redução na produção de testosterona também leva a um aumento da SHBG. Por outro lado, a redução nos níveis de SHBG aumenta a fração da testosterona total que se encontra disponível para os tecidos, produzindo efeito semelhante ao aumento da testosterona. Obesidade e síndrome de ovários policísticos são as principais causas para isso. Outra possível causa é o uso de esteróides anabolizantes pelo atleta. .FSH, LH, estrogênio e progesterona
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FSH, LH, estrogênio e progesterona
FSH, LH, estrogênio e progesterona
FSH (hormônio folículo estimulante) e o LH (hormônio luteinizante) são produzidos pela hipófise e são responsáveis por regular a atividade dos ovários e testículos. No homem, a quantidade destes hormônios permanece constante, enquanto nas mulheres eles variam ao longo do ciclo menstrual, atingindo um pico pouco antes da menstruação. A dosagem destes hormônios pode ser usada para o diferenciar o hipogonadismo primário (decorrente de um problema nos testículos ou ovários)) do hipogonadismo secundário, decorrente de uma menor produção de FHS ou LH. No hipogonadismo primário, os níveis de testosterona encontram-se reduzidos, enquanto o FSH e o LH encontram-se aumentados; já no hipogonadismo secundário, tanto a testosterona como o FSH e o LH estarão diminuídos. Valores de referência - FSH- Fase folicular: até 12,0 UI/L;
- Fase lútea: até 12,0 UI/L;
- Pico ovulatório: 12,0 a 25,0 UI/L;
- Menopausa: acima de 30,0 UI/L;
- Homens: menor do que 10,0 UI/L.
- Fase folicular: entre 1,8 e 11,8 U/L;
- Pico ovulatório: entre 7,6 e 89,1 U/L;
- Fase lútea: entre 0,6 e 14,0 U/L;
- Menopausa: entre 5,2 e 62,9 U/L;
- Homens: entre 0,6 - 12,1 U/L.
- Fase folicular: 1,3 a 16,6 ng/dL (46 a 607 pmol/L)
- Pico ovulatório: 8,6 a 49,8 ng/dL (315 a 1828 pmol/L)
- Fase lútea: 4,4 a 21,1 ng/dL (161 a 774 pmol/L)
- Menopausa: até 5,5 ng/dL (até 201 pmol/L)
- Homens: 0,8 a 4,3 ng/dL (28 a 156 pmol/L).
- Início do período menstrual: 1 ng/mL ou inferior;
- Antes da ovulação: inferior a 10 ng/mL;
- 7 a 10 dias depois da ovulação: superior a 10 ng/mL
Prolactina
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Prolactina
Prolactina
Quando as mulheres estão grávidas ou acabaram de dar à luz, seus níveis de prolactina aumentam para que elas possam produzir leite materno. Normalmente, homens e mulheres não grávidas apresentam apenas pequenos traços de prolactina no sangue. O aumento da prolactina exluindo=se a gestação e amamentação, pode ser causado por:- Prolactinoma (um tumor benigno na glândula pituitária que produz prolactina em excesso)
- Doenças que afetam o hipotálamo (a parte do cérebro que controla a glândula pituitária)
- Anorexia. Nas atletas, pode estar associada à tríade da mulher atleta, que envolve a combinação de baixa ingesta calórica, amenorreia e osteoporose.
- Medicamentos usados para tratar depressão, psicose e pressão alta
- síndrome do ovário policístico (um desequilíbrio hormonal que afeta os ovários)
- Homens: 2 a 18 nanogramas por mililitro (ng / mL)
- Mulheres não grávidas: 2 a 29 ng / mL
- Mulheres grávidas: 10 a 209 ng / mL
Cortisol
O cortisol é um hormônio fundamental que ajuda a mobilizar nutrientes para a geração de energia. É um hormônio catabólico com função oposta à testosterona. O cortisol aumenta durante a atividade física e, sem ele, o atleta ficará sem energia para desempenhar suas funções. Por outro lado, o excesso de cortisol pode ser indicativo de um estado de estresse crônico e overtraining, impedindo entre outras coisas o ganho de massa muscular.
Cortisol
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Cortisol
Cortisol
O cortisol é um hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais, que estão localizadas acima dos rins. Ele é um hormônio catabólico que age como um antagonista fisiológico da insulina, induzindo a conversão da proteína, gordura e glicogênio em glicose para a geração de energia. Uma vez que o cortisol estimula a quebra da proteína, seu aumento pode determinar a atrofia muscular e diminuição da força, com consequente efeito negativo no rendimento esportivo. Normalmente, o cortisol aumenta durante a atividade física e diminui após o treino, no período de recuperação, de forma que a musculatura destruída durante o exercício é refeita. O excesso de treino, porém, pode gerar um estado de overtraining, em que o cortisol não mais retorna ao normal durante o repouso, fazendo com que o atleta permaneça em um estado contínuo de ação catabólica. O cortisol alto em atletas pode originar sintomas como perda de massa muscular, aumento de peso ou diminuição de testosterona. Já o cortisol baixo pode originar sintomas de depressão, cansaço ou fraqueza. A ação muscular do cortisol é ambígua: contribui para o catabolismo e perda muscular, mas, simultaneamente, na ausência deste hormônio a contratilidade dos músculos esquelético e cardíaco é reduzida. Os níveis de cortisol no sangue variam durante o dia. são maiores de manhã ao acordar, de 5 a 25 µg/dL, e depois vão diminuindo ao longo do dia para valores menores que 10 µg/dL, sendo que em pessoas que trabalham à noite os níveis se invertem.Relação testosterona / cortisol
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Relação testosterona / cortisol
Relação testosterona / cortisol
Além de monitorar testosterona e cortisol separadamente, avaliar a proporção entre estes dois hormônios (razão T: C) pode fornecer uma indicação de como está o equilíbrio anabólico-catabólico, especialmente em atletas do sexo masculino. A relação T: C é considerada mais sensível ao treinamento do que cada um destes hormônios isoladamente. A redução sustentada na razão T: C está associada à perda muscular e é um indicador de overtraining e recuperação pós treino insuficiente. A relação de outros hormônios, como SHBG ou DHEA-S em relação ao cortisol pode fornecer informações adicionais sobre o equilíbrio anabólico a catabólico em atletas do sexo masculino e feminino. A desidroepiandrosterona é um hormônio precursor do estrogênio e testosterona. Além de afetar a composição corporal em atletas, a redução do DHEA em relação ao cortisol é um indicador de overtraining para a mulher atleta.
Hormônios da tireoide
A glândula tireóide produz hormônios que regulam o crescimento e o gasto de energia. Os distúrbios da tireoide são bastante comuns em atletas e não atletas e muitas pessoas não apresentam nenhum sintoma ou apresentam sintomas que são facilmente atribuídos a outras causas, como fadiga, sonolência, problemas de humor ou dificuldades para ganho ou perda de peso.
TSH e T4L
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TSH e T4L
TSH e T4L
Os exames de T4L e TSH servem para analisar as alterações presentes na tireoide. Com base na análise é possível verificar se o paciente apresenta hipotireoidismo ou hipertireoidismo. Os hormônios tireoideanos T3 e T4 regulam o metabolismo das células determinando como as células irão transformar o oxigênio, a glicose e as calorias em fontes de energia. O T3L e T4L representam suas formas livres no sangue, quando não estão ligadas a outras proteínas.- Quando a tireoide produz muito T3 e T4, o metabolismo acelera. Quando isso ocorre de maneira anormal, o corpo sofre uma perda de peso e de massa muscular, o que pode ser altamente prejudicial à saúde. Palpitações cardíacas, sensação de calor excessivo, insônia, diarreia, nervosismo e tremores são outros sintomas associados ao hipertireoidismo.
- Quando a tireoide produz pouco T3 e T4, o nosso metabolismo se torna mais lento. Quando isso ocorre de maneira anormal, o paciente apresenta aumento de peso, cansaço, desânimo, fala lenta e retenção de líquidos no corpo.
- T4L:
- 0,7 a 1,8 ng/dl
- TSH:
- crianças e adolescentes: 0,17 a 2,9 mUI/L.
- adultos: 0,25 a 5,0 mUI/L.
- Pessoas acima de 60 anos: 0,35 a 5,5 mUI/L.
Vitamina D
A vitaminada D é naturalmente produzida na pele na presença de exposição solar e é fundamental para a saúde dos ossos
Vitamina D
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Vitamina D
Vitamina D
A vitamina D é uma vitamina lipossolúvel responsável pela absorção de cálcio e fósforo no intestino, ajudando assim a regular a quantidade destes elementos no nosso corpo. O cálcio tem diversas funções, as quais são indiretamente afetadas pela falta de vitamina D. A principal fonte de vitamina D é a sua produção na pele a partir da exposição aos raios solares. Para produzir quantidades adequadas de vitamina D, as pessoas de pele clara devem permanecer no sol por pelo menos 15 minutos por dia, enquanto as pessoas de pele mais escura devem permanecer pelo menos 1 hora expostas à luz solar. O ideal é a exposição aconteça entre às 8h e 10h ou a partir das 15 horas, quando o sol não é tão intenso. Além da exposição ao sol, a vitamina D pode ser obtida através de alimentos de origem animal, como óleo de fígado de peixe, frutos de mar, leite e derivados. O consumo de alimentos ricos em vitamina D não é suficiente para suprir as necessidades diárias dessa vitamina, de forma que é importante que a pessoa seja exposta à luz solar diariamente para manter uma produção adequada. Quando isso não for possível, como acontece nos casos de pessoas que moram em países mais frios e distantes do Equador, é indicada a suplementação da vitamina D. Para que serve a Vitamina D? Entre as funções da Vitamina D, devemos considerar:- Maior deposição de cálcio e fósforo nos ossos e dentes, tornando-os mais fortes;
- Melhora do sistema imune, prevenindo infecções bacterianas e virais;
- Redução da inflamação do organismo, ajudando no combate à doenças autoimunes, como psoríase, artrite reumatoide e lúpus
- Controle da pressão arterial
- Fortalecimento muscular, já que a vitamina D participa do processo de formação dos músculos e da contração muscular
- A síntese proteica nos músculos é comprometida, dificultando o ganho de massa muscular e força;
- Ao limitar a síntese proteica nos músculos, a recuperação pós treino fica comprometida;
- A densidade do osso é comprometida, aumentando o risco para fraturas por estresse;
- O sistema imunológico fica deficiente, aumentando o risco para infecções;
- Maiores do que 20 ng/mL é o desejável para população geral saudável.
- Entre 30 e 60 ng/mL é o recomendado para grupos de risco como idosos, gestantes, pacientes com osteomalácia, raquitismos, osteoporose, hiperparatireoidismo secundário, doenças inflamatórias, doenças autoimunes e renal crônica e pré-bariátricos;
- Entre 10 e 20 ng/mL é considerado baixo com risco de aumentar remodelação óssea e, com isso, perda de massa óssea, além do risco de osteoporose e fraturas;
- Acima de 100 ng/mL é considerado elevado com risco de hipercalcemia (quando a quantidade de cálcio no sangue é maior do que o normal) e intoxicação.
Glicose
A glicose é a principal fonte de energia durante a prática esportiva. O corpo possui diversos mecanismos para manter os níveis de glicose no sangue relativamente constante, sendo que tanto o excesso de glicose como sua falta serão prejudiciais para o atleta. O excesso de glicose no sangue caracteriza a diabetes.
Glicemia de jejum e hemoglobina glicada
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Glicemia de jejum e hemoglobina glicada
Glicemia de jejum e hemoglobina glicada
Glicemia de Jejum e Hemoglobina glicada são exames usados no diagnóstico do diabetes. Glicemia de jejum A glicemia de jejum é um exame de sangue realizado para verificar os níveis de glicose no sangue. Deve ser feita após um período sem comer ou tomar bebidas, exceto água, por pelo menos 8 horas. O diagnóstico do diabetes não deve ser feito com uma medição única da glicemia, uma vez que os resultados podem variar ao longo do dia. Outros exames poderão ser solicitados para confirmar o diagnóstico, como a hemoglobina glicada. Valores de referência para a glicemia:- Glicemia de jejum normal: inferior a 99 mg/dL;
- Glicemia de jejum alterada: entre 100 mg/dL e 125 mg/dL;
- Diabetes: igual ou superior a 126 mg/dL;
- Glicemia de jejum baixa ou hipoglicemia: igual ou inferior a 70 mg/dL.
Colesterol
Os lipídios e o colesterol são substâncias necessárias para uma boa saúde, mas que quando em excesso pode se depositar nas paredes das artérias. As escolhas de estilo de vida, incluindo dieta, exercícios e ingestão de álcool, podem influenciar os níveis de colesterol e o risco de desenvolver doenças cardíacas. Mesmo atletas aparentemente saudáveis podem em alguns casos apresentarem aumento do colesterol.
Perfil lipídico (colesterol / triglicerídeos)
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Perfil lipídico (colesterol / triglicerídeos)
Perfil lipídico (colesterol / triglicerídeos)
O teste sanguíneo para a avaliação do perfil lipídico inclui a dosagem dos triglicerídeos, do colesterol total e de suas frações HDL, LDL e VLDL. Triglicerídeos Triglicerídeos são as principais gorduras do nosso organismo e também a principal reserva de energia no nosso corpo. Cerca de 95% de todas as gorduras da dieta são triglicerídeos. Além disso, quando comemos, o corpo transforma as calorias que não precisamos usar no momento em triglicerídeos, que são então armazenados no tecido adiposo. Níveis de triglicerídeos no sangue acima do valor de referência de 150ml/dL em jejum estão relacionados à formação de placas de gordura nos vasos sanguíneos, o que por sua vez está por trás de problemas como Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e Acidente Vascular Cerebral (AVC). A curto prazo, pessoas com triglicerídeos alto não apresentam sintomas, por isso a importância de realizar exames de sangue com periodicidade. Pacientes sedentários, obesos e diabéticos são mais propensos a terem níveis elevados de triglicerídeos bem como as complicações decorrentes deste triglicerídeo elevado. Triglicerídeos alto A principal causa de triglicerídeos alto está na alimentação. Eles estão presentes nos alimentos ricos em carboidratos e gorduras saturadas, incluindo refrigerantes, açúcar, leite integral, queijos amarelos e carne vermelha, entre outros. Outro possível fator é a falta de exercício físico, visto que os triglicerídeos são a reserva de energia que, quando não gasta, passa a se acumular no nosso corpo. Para baixar o nível de triglicerídeos é preciso parar de consumir mais calorias do que gasta. Isso deve ser feito a partir da associação de uma melhora no padrão alimentar com uma rotina de atividades físicas. Estudos apontam que perder entre 5% e 10% do peso corporal pode diminuir o excesso de triglicerídeos de maneira significativa. O acúmulo de gordura na região abdominal está especialmente associado ao aumento nos níveis de triglicerídeos. Pessoas com triglicerídeos aumentados apresentam maior risco para problemas cardiovasculares, de forma que é preciso ter um melhor controle de outros fatores de risco, como o tabagismo. Valores de referência O nível de triglicérideos recomendado pela American Heart Association (AHA) como “ótimo” é de 100 mg / dL ou menos. Menos de 150mg/dL é considerado normal, até 199 mg/dL é considerado moderado-alto, até 499 mg/dL é considerado alto e acima de 500 mg/dL é muito alto. Colesterol O colesterol é o precursor das membranas celulares, dos ácidos biliares e da vitamina D. Ele não é solúvel no sangue, de forma que são transportados para os tecidos na forma das lipoproteínas HDL, LDL e VLDL. O HDL é considerado o colesterol bom, uma vez que participa da retirada do colesterol da parede arterial, impedindo o acúmulo de gorduras nas artérias. A presença de baixos níveis de HDL constitui um fator de risco para a aterosclerose (doença que acomete as artérias). Colesterol LDL e VLDL são essenciais para o bom funcionamento do organismo, de forma que o corpo possa produzir os hormônios corretamente. Quando em excesso, porém, eles se tornam prejudiciais para a saúde, uma vez que participam da formação das placas de ateromas nos vasos do coração e do cérebro, restringindo a passagem de sangue por estes órgãos e favorecendo a ocorrência de infarto ou acidente vascular cerebral. A elevação do LDL e VLDL podem ser causados por fatores hereditários, sedentarismo, alimentação e idade, sendo particularmente perigoso porque não apresentam sintomas. Seu tratamento é feito com simples mudanças na alimentação, prática regular de atividade física e, em alguns casos, com o uso de medicamentos como Sinvastatina, Atorvastatina ou Rosuvastatina. O conceito de que o colesterol aumentado está associado a pessoas obesas, sedentárias e mais velhas faz parte do pensamento popular. Pessoas magras dificilmente se consideram propensas a ter colesterol elevado, mas infelizmente isso nem sempre é verdade. O colesterol alto também pode ser visto em pessoas magras, jovens e praticantes de atividades físicas. Valores de referênciaTipo de colesterol | Valor de referência para adultos maiores de 20 anos | Valor de referência para crianças e adolescentes |
Colesterol total | menor que 190 mg/dl | menor que 170 mg/dl |
Colesterol HDL (bom) | maior que 40 mg/dl | maior que 45 mg/dl |
Colesterol LDL (ruim) | menor que 130 mg/dl - em pessoas com risco cardiovascular baixo* menor que 100 mg/dl - em pessoas com risco cardiovascular intermediário* menor que 70 mg/dl - em pessoas com risco cardiovascular alto* menor que 50 mg/dl - em pessoas com risco cardiovascular muito alto* | menor que 110 mg/dl |
Colesterol não-HDL (soma do LDL e VLDL) | menor que 160 mg/dl - em pessoas com risco cardiovascular baixo* menor que 130 mg/dl - em pessoas com risco cardiovascular intermediário* menor que 100 mg/dl - em pessoas com risco cardiovascular alto* menor que 80 mg/dl - em pessoas com risco cardiovascular muito alto* |
Hemograma, ferro e ferritina
O ferro é um elemento fundamental para o organismo. Ele compõe a hemoglobina, substância responsável pelo transporte de oxigênio no sangue e a mioglobina, responsável pelo transporte de oxigênio no músculo, além de diversas outras enzimas vitais. A ferritina é um dos exames usados para avaliar a deficiência nos estoques de ferro do organismo.
O hemograma avalia a composição do sangue e pode ser dividido em três partes: células vermelhas (hemácias), responsáveis pelo transporte de oxigênio no sangue; células brancas, que são as células de defesa do nosso organismo e plaquetas, responsáveis pela coagulação do sangue.
Hemograma
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Hemograma
Hemograma
O hemograma é um exame de sangue usado para avaliar a quantidade e a qualidade dos três principais componentes do sangue: hemácias (células vermelhas), os leucócitos (células brancas) e as plaquetas. Hemograma Completo consiste do hemograma mais a contagem diferencial dos leucócitos. O hemograma Completo consiste do hemograma mais a contagem diferencial dos leucócitos. Heritrograma (contagem de celuilas vermelhas) Os dois principais elementos do heritrograma são o hematócrito e a hemoglobina.- Hematócrito (Ht): É um índice, calculado em porcentagem, definido pelo volume de todas as hemácias de uma amostra sobre o volume total desta amostra, a qual contém, além das hemácias, os leucócitos, as plaquetas e o plasma. Os valores de referência para homens são de 40 - 50% e para as mulheres de 36 - 45%. O hematócrito baixo pode ser indicativo de anemia, sangramento ou hiperidratação, enquanto o hematócrito alto pode ser indicativo, entre outras coisas, de desidratação.
- Hemoglobina (Hb): teste que mede a quantidade de hemoglobina, proteína responsável pelo transporte de oxigênio no sangue, no interior das hemácias. A queda na hemoglobina para valores abaixo de 14g/dL nos homens e abaixo de 12g/dL nas mulheres caracteriza a anemia.
- A leucocitose se caracteriza por um aumento na quantidade total de leucócitos acima de 11.000 /mm³. Pode ser indicativo de infecções ou doenças do sangue como a leucemia.
- A leucopenia se caracteriza por uma contagem de leucócitos inferior a 4.500 /mm³ e pode ser decorrente de certos tipos de infecções virais e do uso de medicamentos específicos, entre outras causas. A leucopenia leva a um estado de imunodepressão e maior risco de infecção.
Função hepática (Fígado)
O fígado é responsável pela liberação de glicose, metabolismo e síntese das proteínas, emulsificação de gordura, destruição das células sanguíneas desgastadas e bactérias, entre outras funções.
Uso de medicamentos, hepatites virais e ingestão excessiva de bebidas alcoólicas estão relacionadas a um comprometimento da função hepática. Mas, de longe, o maior risco para os atletas é a hepatite tóxica por suplementos alimentares.
TGO, TGP (Função hepática)
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TGO, TGP (Função hepática)
TGO, TGP (Função hepática)
O fígado é um órgão muito exigido na prática esportiva. Ele é responsável pela liberação de glicose, metabolismo e síntese das proteínas, emulsificação de gordura, destruição das células sanguíneas desgastadas e bactérias, entre outras funções. O fígado é também responsável pelo armazenamento de glicogênio. Ele regula o açúcar no sangue para que esteja presente em todos os momentos que o corpo precisar. Apenas com boa função hepática um atleta pode ter energia suficiente para realizar sua atividade. Uso de medicamentos, hepatites virais e ingestão excessiva de bebidas alcoólicas estão relacionadas a um comprometimento da função hepática. Mas, de longe, o maior risco para os atletas é a hepatite tóxica por suplementos alimentares, incluindo aqueles para ganho de massa muscular, vitaminas, “shakes” e ervas para emagrecimento. Suplementos muitas vezes vistos pelo atleta como seguros, como os da linha Herbalife®, foram ligados a diversos casos de insuficiência hepática. O abuso de suplementos proteicos, habitualmente usados sem uma avaliação nutricional prévia e sem uma deficiência claramente identificada, além de não trazer benefícios esportivos pode provocar, entre outras coisas, uma sobrecarga hepática. Além do excesso de proteínas, é muito comum a contaminação destes suplementos por substâncias não descritas nos rótulos dos produtos, especialmente os esteroides anabolizantes. Estudos realizados em diversos países mostraram que 12 a 58% de todos os suplementos alimentares destinados a esportistas contêm substâncias proibidas pelo Código Mundial Antidopagem. Estas substâncias não declaradas muitas vezes são as responsáveis pelo resultado efetivamente observado com o uso do produto, já que para a maioria dos praticantes os suplementos efetivamente descritos não trazem qualquer benefício. Avaliação da função hepática TGO e TGP, também conhecidas como transaminases, são enzimas normalmente dosadas com o objetivo de avaliar a saúde do fígado.- TGO, também conhecido como AST (aspartato aminotransferase), é produzido em vários tecidos, como coração, músculos e fígado.
- TGP, também conhecido como ALT (alanina aminotransferase), é produzido exclusivamente no fígado
- TGO: entre 5 e 40 U/L;
- TGP: entre 7 e 56 U/L.
Função renal
Os rins têm a função de filtrar o sangue e prover o equilíbrio de água e eletrólitos no nosso organismo, sendo por isso bastante exigido nos atletas.
Quando os rins não estão funcionando adequadamente, resíduos metabólicos eletrólitos como o sódio e o potássio e água podem se acumular e comprometer o desempenho esportivo e a recuperação pós treino. Além disso, pode levar a um aumento na pressão arterial e, em casos graves, pode comprometer a função cardíaca, dos músculos e outros órgãos do corpo.
Os exames de uréia e creatinina são os mais usados para a avaliação da função renal.
Ureia e creatinina
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Ureia e creatinina
Ureia e creatinina
Creatinina e ureia são duas substâncias presentes na corrente sanguínea e que podem ser dosadas através de exames de sangue para avaliar a função dos rins. Quando os rins do paciente começam a funcionar de forma inadequada e a sua capacidade de filtrar o sangue fica afetada, as concentrações de ureia e creatinina no sangue tendem a ser elevar. Quanto mais alta for a creatinina sanguínea, mais grave é a insuficiência renal. A creatina fosfato é uma proteína produzida no fígado e armazenada nos músculos. Ela é a primeira fonte de energia a ser utilizada pelos músculos para a geração de energia. Diariamente, cerca de 2% de toda creatina fosfato armazenada em nosso corpo é convertida em creatinina pelo metabolismo dos músculos e em seguida liberada na corrente sanguínea para ser eliminad pelos rins. É essa creatinina que dosamos nas análises de sangue. A incapacidade dos rins em eliminar a creatinina produzida pelos músculos é um sinal indireto de que eles também estarão tendo problemas para eliminar diversas outras substâncias do nosso metabolismo, incluindo toxinas. Portanto, um aumento da concentração de creatinina no sangue é um sinal de insuficiência renal. A ureia é outra substância produzida no fígado, também como resultado da metabolização de proteínas da alimentação. Assim como a creatinina, a ureia também é eliminada pelos rins. Elevações nos níveis sanguíneos de ureia são um sinal de mau funcionamento dos rins. Geralmente dosamos ambas as substâncias para avaliar a função dos rins, mas a creatinina é mais específica e confiável. Isso acontece porque a ureia pode vir alterada em casos de desidratação, uso de diuréticos, sangramento digestivo, alimentação rica em proteínas ou doença do fígado, tornando o exame menos específico. Valores de referência Os níveis normais da creatinina variam entre 0,6 a 1,3 mg/dl, mas esses valores não são absolutos e devem ser interpretados de forma individualizada. Pessoas musculosas costumam apresentam taxas basais ligeiramente maiores, de até 1,4 mg/dl, sem ter doença renal. Por outro lado, uma senhora idosa e magra, com 1,2 mg/dl, pode ter rins doentes e deve gerar preocupação. Outro fator a ser considerado é que o exame deve ser coletado idealmente após 48 horas da ultima atividade física extenuante, uma vez que o exercício pode levar a um aumento temporário nos níveis de creatinina. Ureia: entre os valores normais para adultos variam entre 13 e 43 mg/ dL.
Creatinoquinase (CK)
A creatinoquinase (CK) é uma enzima celular que é liberada no sangue na presença de dano celular. Quanto maior a duração e a intensidade do exercício, maior o dano muscular e maior será a elevação da CK. O exame é utilizado para monitorar o estresse muscular decorrente da atividade física, com o objetivo de ajustar a carga de treinamento, evitando-se o overtraining e reduzindo o risco de lesões.
Creatinoquinase (CK)
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Creatinoquinase (CK)
Creatinoquinase (CK)
A creatinoquinase (CK) é uma enzima que tem a função de regular as concentrações de adenosina difosfato (ADP) e adenosina trifosfato (ATP) na célula. Na presença de dano celular, a CK é liberada no sangue, de forma que o aumento da concentração desta enzima no sangue é um indicador de lesão muscular. Existem diferentes tipos de CK em diferentes tecidos. As isoenzimas CK-BB, CK-MB e CK-MM estão preentes predominantemente no cérebro, coração e músculo esquelético. Assim, a CK-BB aumenta em resposta a um acidente vascular cerebral (AVC), o CK-MB aumenta em resposta a um Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e o CK-MM aumenta em resposta ao exercício físico. Em adultos, a CK total é formada predominantemente pela CK-MM oriunda do músculo esquelético, apresentando-se elevada em resposta ao dano no músculo esquelético Resposta da CK sanguínea ao exercício O exercício físico invariavelmente provoca um dano muscular, que será reparado no período de recuperação pós-treino. Este processo de destruição e reparo da musculatura é que leva às adaptações esperadas com o exercício, como o ganho de força. Assim, é esperado que o exercício físico leve a um aumento nos níveis sanguíneos de CK, sendo este aumento maior quanto maior o dano à musculatura. O CK começa a se elevar imediatamente após o exercício, atinge um pico após aproximadamente 24 horas e retorna ao normal após 96 horas. Variabilidade e resposta da enzima CK ao exercício físico Quanto maior a duração e a intensidade do exercício, maior o dano muscular e maior será a elevação da CK. Além disso, esportes com repetição de movimentos excêntricos, como o futebol, tendem a provocar maior elevação da CK. Existe, porém, uma significativa variação nos níveis basais de CK e na sua elevação com o exercício, o que decorre de fatores biológicos e ambientais, incluindo-se:- Gênero: homens apresentam maiores concentrações da CK do que as mulheres;
- Etnia: Individuos negros apresentam maiores concentrações de CK do que caucasianos;
- Massa muscular: indivíduos com maiores massas musculares apresentam maiores concentrações de CK em repouso
- Adaptações ao treinamento: atletas apresentam maiores [CK] em repouso comparados a sedentários, mas a elevação da [CK] em resposta ao esforço é maior em indivíduos menos treinados.
- Temperatura: atividades realizadas em ambientes frios geram maiores elevações na CK;
- Responsividade individual: existem pessoas que respondem mais e pessoas que respondem menos em relação ao aumento do CK com o exercício.