Distensão muscular na panturrilha

Médico ortopedista especialista em joelho e médico do esporte

Distensão muscular na panturrilha

A distensão muscular na panturrilha é comum em esportes que envolvem corrida em alta velocidade, aceleração e desaceleração, incluindo o futebol, a corrida, o vôlei e o tênis, entre outros. A lesão é também chamada de "perna de tenista", devido à alta frequência que acomete estes atletas.

A Lesão ocorre em movimentos de explosão muscular, ou seja, em uma contração súbita e vigorosa do músculo para se gerar velocidade. 20% dos pacientes relatam ter sentido a panturrilha tensa dias antes de uma lesão, sugerindo sobrecarga prévia.

A idade mais comum para o estiramento na panturrilha é entre 25 e 44 anos.

Anatomia e função dos músculos da panturrilha

A panturrilha, ou tríceps sural, é um conjunto de três músculos localizados na parte de trás da perna: gastrocnêmio, sóleo e plantar. Esses músculos se unem para formar o tendão de Aquiles e, então, se inserem no calcâneo, o osso do calcanhar.

A principal função desta musculatura é de empurrar o pé para baixo, impulsionando o corpo em atividades como o caminhar, saltar ou correr. A musculatura será mais exigida quanto maior a necessidade de impulsão e explosão muscular durante os gestos esportivos.

Dos três músculos da panturrilha, o gastrocnêmio é o maior, mais forte e o único que atravessa o joelho para se fixar no fêmur, o osso da coxa. É, portanto, um músculo bi-articular, enquanto o sóleo e o plantar atravessam apenas o tornozelo. Em função disso, o gastrocnêmio (especialmente sua cabeça medial), é o mais suscetível para as lesões.

O que sente o paciente com distensão muscular na panturrilha?

Alguns pacientes apresentam dor de início súbito na panturrilha depois de um movimento em alta intensidade. No momento da lesão, referem a sensação de punhalada na parte de trás da perna, como se tivessem levado uma pedrada. O toque no local fica sensível, como se a perna estivesse dura.

Inchaço e hematomas podem aparecer em poucas horas ou dias, dependendo da gravidade da lesão. O alongamento do músculo ou sua contração contra uma força de resistência (levantar-se na ponta do pé, por exemplo) reproduzirá a dor no local da lesão.

Nos casos mais leves, que por sinal são a maioria, o indivíduo pode continuar se exercitando com algum desconforto, mas a dor vai piorando até que precise interromper a atividade. Nos casos mais graves, poderá ser incapaz de caminhar devido à dor.

Alguns pacientes referem um início mais gradual da dor: referem que saem do treino com algum desconforto, mas que, ao invés de melhorarem até o treino seguinte, a dor piora progressivamente.

Classificação da lesão na panturrilha

  • Grau I: Lesões leves, com ruptura de fibra muscular inferior a 10%. São as lesões mais frequentes. O paciente apresenta uma dor aguda é sentida no momento da lesão, mas há pouca ou nenhuma perda de força e mobilidade.
  • Grau II: Lesão moderada, com acometimento de até 50% das fibras musculares. Há uma clara perda de força e amplitude de movimento, dor acentuada, inchaço e muitas vezes hematomas.
  • Grau III: Ruptura completa, geralmente na transição entre o músculo e o tendão. Dor, inchaço, sensibilidade e hematomas geralmente estão presentes. A perda da função é evidente. Pode ser indicado o tratamento cirúrgico.

Tratamento da distensão na panturrilha

O músculo é um tecido bastante vascularizado, de forma que a maior parte das lesões cicatriza sem maiores dificuldades. Ainda assim, não se deve ignorar a importância de um tratamento bem feito: sem o estímulo de movimento, o tecido de reparo fica mais frágil e o risco de novas lesões aumentam.

Além disso, estudos mostram que 5 semanas de inatividade levam a uma perda muscular que pode exigir até três meses para ser recuperada. O músculo precisa de movimento para que cicatrize adequadamente, mas este movimento deve ser controlado e introduzido no momento correto.

Logo após a lesão, o tratamento deve seguir o protocolo denominado de PRICE, sigla em inglês para as ações de Proteção, Repouso, gelo (Ice), Compressão local e Elevação do membro acometido.

Nas lesões mais graves, pode ser indicado o uso de muletas. O gelo deve ser iniciado tão cedo quanto possível e aplicado por 20 a 30 minutos de cada vez, podendo ser repetido a cada duas horas. Menos que 20 minutos não levará ao resfriamento necessário.

Mais do que 30 minutos pode levar a um sofrimento da pele ou a um efeito rebote, inclusive com piora da dor. Além disso, o gelo não deve ser aplicado diretamente sobre a pele, mas sim protegido por um pano ou saco.Bandagens compressivas podem ser indicadas para ajudar a estabilizar a musculatura.

O uso de medicações anti-inflamatórias pode ser indicado no início, mas por curto período. A inflamação faz parte do processo de recuperação e cicatrização da lesão muscular e, até certo ponto, é desejável após uma lesão. Sem inflamação, o músculo não cicatriza adequadamente.

A inflamação excessiva, por outro lado, leva a um aumento dos radicais livres e pode levar a um dano muscular secundário. Assim, nas lesões mais significativas, os anti-inflamatórios devem ser indicados nos dois a três dias iniciais, devendo ser descontinuados após este período.

Nas lesões mais leves, o uso de gelo pode ser suficiente, sem a necessidade de medicações anti-inflamatórias. Uma vez que a dor permita, iniciam-se os exercícios para alongamento e fortalecimento.

Deve-se ter especial atenção com a musculatura glútea: os principais músculos que ajudam a impulsionar o atleta em uma corrida rápida são a panturrilha e os glúteos; quando a musculatura glútea encontra-se deficiente (o que é comum mesmo em atletas de alto rendimento), a panturrilha será sobrecarregada, aumentando o risco para lesões.

Exercícios funcionais como a corrida, movimentos de aceleração, desaceleração, saltos e mudanças de direção são gradualmente incluídos, até que o atleta tenha condições para o retorno esportivo pleno.

A expectativa de retorno para os esportes varia conforme a extensão da lesão:

  • Lesões Grau I: 1 a 2 semanas;
  • Lesões Grau II: 4 a 6 semanas;
  • Lesões Grau III: 2 a 3 meses.

Deve-se ter em mente que os critérios de avaliação funcional são mais importantes do que o tempo em sí para guiar o retorno esportivo. Daí a importância de um acompanhamento com um médico especialista em lesões no esporte.

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