Discinesia de escápula (escápula alada)

Médico ortopedista especialista em joelho e médico do esporte

Discinesia de escápula (escápula alada)

Escápula

A escápula é um osso em forma de “pá”, que fica apoiada na parte de trás da caixa torácica, fazendo a conexão entre o tronco e o ombro. Graças aos movimentos da escápula é que o ombro tem grande mobilidade, podendo ser levado a praticamente qualquer posição.

A escápula está unida de um lado à coluna pelos músculos trapézio (dividido em suas porções superior e inferior) e serrátil anterior, e do outro ao úmero (osso do braço) na articulação do ombro. Ao se elevar o braço em 180 graus, por exemplo, aproximadamente 60 graus deste movimento será feito entre a escápula e a caixa torácica, e os demais 120 graus ocorrerá na articulação do ombro propriamente dita, entre a escápula e o úmero.

O úmero é mantido bem apoiado na escápula pelos tendões do manguito rotador. Os músculos deltoide, grande dorsal e peitorais também contribuem para a movimentação do ombro.

Além dos músculos, a única conexão entre a escápula e o tronco é feita através da clavícula. Por isso, alterações da clavícula ou das articulações acromioclaviculares e esternoclaviculares podem repercutir na movimentação da escápula.

Discinesia espacular

A discinesia escápulotorácica caracteriza-se pela perda de coordenação entre os movimentos do braço e da escápula (ritmo escápulo-umeral), originado por diferentes causas. Na maior parte das vezes (principalmente entre atletas), a discinesia é um problema funcional, decorrente de desequilíbrios musculares. Problemas que limitem a mobilidade entre a escápula e o úmero, como as lesões extensas do manguito rotador, as lesões SLAP ou o ombro congelado transferem parte do movimento para a escápula e podem causas uma discinesia secundária. Lesões neurológicas também podem estar associadas ao desenvolvimento da discinesia. O termo escápula alada é utilizado para descrever os quadros mais graves de discinesia, causadas, em geral, por lesões de nervos específicos.

Contudo, as causas mais comuns são resultado da alteração na ativação e coordenação dos músculos estabilizadores da escápula.

Existem três músculos principais que atuam na estabilização da escápula: serrátil anterior, porção superior do trapézio e porção inferior do trapézio. O desequilíbrio muscular mais comum ocorre por fraqueza do músculo serrátil anterior e da porção inferior do trapézio, associado à contratura muscular da porção superior do trapézio e do peitoral menor.

Diagnóstico

O diagnóstico da discinesia escapular é feito com base no exame clínico constituído por inspeção da posição escapular durante o repouso e do comportamento da escápula durante a elevação do membro superior. Quando houver suspeita clínica, o exame que faz o diagnóstico das lesões neurológicas e de sua magnitude é a eletroneuromiografia (ENMG). Na maior parte das vezes, a queixa do paciente não está diretamente relacionada ao movimento inadequado da escápula, mas sim às suas consequências, que podem ser:

• Dor ao redor da escápula, por contraturas ou síndrome miofascial;

• Perda de força no membro superior acometido, com dificultade para levantar o braço acima da altura do ombro;

• Tendinopatias secundárias ao impacto subacromial;

• Mais raramente pode causar a síndrome do desfiladeiro torácico, uma compressão das estruturas neurovasculares que inervam e irrigam o membro superior.

Segundo Kibler e McMullen, 68% dos pacientes com síndrome do impacto, 94% com lesão labral e 100% dos que apresentam instabilidade glenoumeral possuem discinesia escapular. A avaliação do movimento da escápula deve, desta forma, fazer parte da avaliação de todo o paciente com queixas relacionadas ao ombro.

Tratamento

A maior parte dos pacientes, nos quais a discinesia é um problema funcional decorrente de desequilíbrios musculares, o tratamento envolve o reequilíbrio da musculatura, com fortalecimento das musculaturas enfraquecidas e alongamento das estruturas contraturadas.

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