Canelite

Médico ortopedista especialista em joelho e médico do esporte

A canelite caracteriza-se pela inflamação da membrana que envolve a tíbia (osso da perna). Ela decorre do excesso de forças de tração por parte da musculatura que se prende no local. É um problema comum em corredores, dançarinos e recrutas militares.

Clinicamente conhecida como síndrome do estresse tibial medial, as dores nas canelas costumam ocorrer em atletas que recentemente intensificaram ou mudaram suas rotinas de treinamento. O aumento da atividade sobrecarrega os músculos, tendões e tecido ósseo e a canelite pode ser uma das consequências desta sobrecarga.

Diagnóstico da canelite

O diagnóstico da canelite deve partir de uma queixa e um exame físico pertinente. A avaliação médica é fundamental para isso, principalmente com o objetivo de diferenciar a canelite das fraturas por estresse na perna. Ambos os problemas causam dor na canela e estão associados a um aumento ou uma mudança súbita na prática de exercícios.

Muitos consideram a fratura por estresse da perna como uma evolução natural da canelite quando o atleta não interrompe a atividade física e não realiza o tratamento adequado, ainda que essa não seja uma teoria universalmente aceita na medicina esportiva.

Como regra geral, devemos considerar que:

  • A canelite tende a causar dor no início da atividade física, melhora uma vez que o atleta esteja aquecido e volta a doer após o exercício. Já as fraturas por estresse tendem a piorar progressivamente com a continuidade do exercício.
  • Ainda que nos graus iniciais de fratura por estresse o atleta seja capaz de manter a prática de exercícios, casos com dor intensa e incapacitante são mais sugestivos da fratura por estresse;
  • A dor na fratura por estresse tende a ser mais espalhada ao longo de toda a face interna da perna, ainda que em alguns pacientes ela possa se tornar mais localizada. Já nas fraturas por estresse, habitualmente o atleta tem uma dor pontual no local da fratura, e é capaz de apontar com o dedo o local da dor.

A radiografia simples será normal no paciente com canelite, mas poderá ser solicitada caso se considere o diagnóstico de fratura por estresse.

Mesmo nas fraturas por estresse a radiografia é um exame limitado: nas fases iniciais, apenas 15 a 35% dos pacientes apresentam alterações características na radiografia.

Nas dores de maior duração o diagnóstico poderá ser feito por meio da radiografia em 30 a 70% dos pacientes com fratura por estresse na perna, devido à possível formação de calo ósseo.

A ressonância magnética é o exame de escolha para o diagnóstico tanto da canelite como da fratura por estresse. A diferença é que, na canelite, o acometimento será em partes moles, enquanto na fratura por estresse será no osso.

Fatores de risco

São fatores que predispõem ao desenvolvimento da canelite:

  • Pessoas previamente sedentárias iniciando um programa de corrida;
  • Aumento repentino na duração, frequência ou intensidade do exercício;
  • Corrida em terreno irregular, ladeiras ou superfícies duras, como concreto.

Tratamento

O ponto mais importante do tratamento é que a atividade física não deve desencadear dor. Quando o atleta enfrenta a dor e tenta manter os treinos a qualquer custo, o equilíbrio entre desgaste e reparo tenderá mais para o desgaste e o paciente não irá melhorar.

Para isso, no início, alguns precisarão de afastamento completo do esporte. Outros precisarão se afastar dos treinos de corrida e esportes de impacto em geral, mas serão capazes de manterem as atividades de baixo impacto, como os exercícios aquáticos, bicicleta ou musculação.

Por fim, alguns serão capazes de continuar com a prática de corrida, mas com uma carga reduzida de treino. O uso de anti-inflamatórios pode ser necessário na fase aguda, mas não devem ser estendidos para além de dois ou três dias.

A aplicação de gelo por 20 a 30 minutos a cada duas horas também é indicado na fase aguda. Assim que possível, o médico e o fisioterapeuta deverão buscar identificar e corrigir eventuais desequilíbrios e fraquezas musculares que, muitas vezes, atuam como causa da canelite.

O retorno para os esportes de impacto deve ser lento e progressivo. Neste momento, é melhor ser mais conservador e perder duas ou três semanas a mais do que correr o risco de “passar do ponto” e voltar a apresentar os sintomas prévios. Uma referência para isso é iniciar com aproximadamente 50% da carga de treino prévio e progredir não mais do que 10% por semana.

A correção na técnica de corrida é fundamental. Uma boa técnica permite ao corredor um bom amortecimento da pisada.

A má técnica, por outro lado, pode levar a uma pisada “mais seca” e com menor absorção do impacto, aumentando o risco de voltar a ter os sintomas de canelite. A avaliação cinemática da corrida é um método bastante útil para avaliar a técnica de forma mais objetiva.

O uso de calçados adequados também é importante. Mais do que isso, os calçados devem ser trocados a cada 500 a 800km. Nenhum calçado, porém, será capaz de prover o amortecimento necessário frente a uma má técnica de corrida.

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