Atividade física na primeira infância (0 a 6 anos)
14 de janeiro de 2021Fraturas no esqueleto imaturo
15 de janeiro de 2021O ballet é a primeira atividade formal na vida de muitas crianças, especialmente entre as meninas. Até aproximadamente os 8 anos de idade, a atividade costuma ser praticada de forma mais lúdica e recreativa, impondo menores riscos para a criança.
Ao redor dos 8 anos, a dança passa a ser feita de forma progressivamente mais intensa e mais frequente, quando algumas queixas de dores podem começar a aparecer. Em um primeiro momento, a queixa mais comum é a dor na frente do joelho, o que pode estar associado a uma técnica ruim e a uma musculatura ainda incapaz de suportar a atividade. Este é um sinal de que pode ser preciso dar um passo atrás.
Aproximadamente aos 10 anos, a bailarina inicia os exercícios pré-ponta, quando de fato o risco de lesões começa a aumentar. Entre os fatores de risco para lesões, devemos considerar:
- Exercícios de ponta: Apesar da beleza estética, os exercícios de ponta costumam esconder, dentro de delicadas sapatilhas, pés doloridos, calejados e com bolhas. São exercícios de alta demanda física e técnica e que aumentam bastante o risco para lesões. Para as meninas que querem apenas uma atividade recreativa e social, a decisão mais sensata é continuar no ballet, mas deixando os exercícios de ponta de lado.
- Grande amplitude de movimento: Muitos dos passos do ballet se caracterizam pela grande amplitude de movimento, levando as articulações para posições pouco fisiológicas. Para isso, a bailarina precisa de uma musculatura muito bem preparada e equilibrada, caso contrário a sobrecarga articular e o risco de lesões tornam-se excessivamente altos.
- Em Dehors: a maior parte dos movimentos do ballet são realizados com as pernas rodadas para fora, o que é conhecido pelo termo em francês “em Dehors”. Além de gerar descompensações musculares, que precisam ser corrigidas por meio de exercícios específicos, é comum que as pequenas bailarinas compensem a falta de movimento no quadril tentado aumentar a
rotação do joelho ou tornozelo, o que além de levar a uma técnica ruim impõe maior risco de lesões.
Além do risco de lesões, existem aspectos nutricionais que devem sempre ser considerados nas pequenas bailarinas. É comum no meio o conceito de que, por mais magro que esteja, sempre dá para perder uns quilos a mais. A busca por um corpo excessivamente magro é especialmente preocupante nesta faixa etária, uma vez que as bailarinas precisam de energia extra não apenas para a prática do ballet, mas também para seu crescimento e desenvolvimento físico.
Discutimos mais sobre estes e outros aspectos médicos relacionados ao ballet em um artigo específico sobre lesões no ballet.