Atividade física para cardiopatas | Dr João Hollanda

Médico ortopedista especialista em joelho e médico do esporte

Atividade física para idosos cardiopatas

O envelhecimento normal está associado à degradação e enrijecimento das paredes dos vasos sanguíneos. Este enrijecimento, por sua vez, pode levar a uma incapacidade das artérias de se adaptar ao fluxo de sangue, o que contribui para o desenvolvimento da Hipertensão arterial.

Eventualmente, o acúmulo de placas de gordura nas paredes das artérias pode comprometer ainda mais o fluxo de sangue, aumentando o risco para eventos isquêmicos agudos, como o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e o Acidente Vascular Cerebral (AVC).

As arritmias, que é uma irregularidade no ritmo de contração e relaxamento dos músculos do coração, podem se desenvolver em decorrência deste mau funcionamento cardiovascular.

Por muito tempo, a atividade física em pacientes com problemas cardiovasculares foi desestimulada, pelo risco de sobrecarga no coração e morte súbita. Infelizmente, muitos idosos se afastam das atividades físicas com medo de o coração não aguentar e, com isso, fazem com que o coração fique cada vez mais fraco.

Hoje temos a consciência de que, ainda que este risco de fato aumente com a atividade física, os estragos decorrentes do sedentarismo no médio e longo prazo fazem com que na maior parte dos pacientes cardiológicos a atividade física deva ser estimulada.

A prescrição de exercícios, porém, deve ser feita de forma cuidadosa e individualizada, a partir da estratificação do risco cardiovascular. Isso é feito com base na história clínica, no exame físico cardiológico e em exames como o eletrocardiograma, ecocardiograma e testes de esforço.

A estratificação permitirá determinar o melhor tipo e a intensidade adequada para os exercícios em cada caso.

Doença Arterial Coronariana

A Doença Arterial Coronária é considerada pela OMS a causa mais comum de morte no mundo. Caracteriza-se pelo entupimento das artérias coronárias, as quais são responsáveis pelo suprimento sanguíneo do coração.

Quando o fluxo sanguíneo é interrompido parcialmente, o paciente tende a desenvolver uma dor no peito em aperto, denominada de angina. Quando o bloqueio ao fluxo é completo, o paciente apresenta um Infarto Agudo do Miocardio.

A principal causa para este entupimento é a formação de um trombo, ou coágulo. O trombo tende a se formar em uma artéria que tenha as suas paredese já acometidas pela aterosclerose que é o acúmulo de placas de gordura, colesterol, cálcio e outras substâncias nas paredes das artérias.

Esses depósitos dificultam a passagem do sangue por dentro dos vasos, levando à formação do trombo.

A atividade física é a melhor forma de prevenir o desenvolvimento da doença coronariana e também para evitar os eventos isquêmicos agudos nos pacientes que têm as artérias já comprometidas. Neste caso, os testes de esforço (teste ergométrico) ajudarão a determinar qual o limite seguro para a prática de exercícios.

Mesmo no caso de Infarto Agudo do Miocárdio, uma vez feita a revascularização os exercícios deverão ser iniciados precocemente, sempre sobre orientação e supervisão do cardiologista, que saberá a dose certa de atividade em cada momento da evolução.

Hipertensão arterial

A hipertensão arterial, ou pressão alta, se caracteriza pelo aumento da pressão do sangue sobre as paredes dos vasos. Esta pressão varia conforme o coração se contrai, bombeando o sangue para o resto do corpo, ou relaxa, permitindo que o sangue proveniente das veias entre dentro dele.

Assim, a pressão arterial costuma ser apresentada em dois valores:

  • Pressão sistólica: valor mais alto, representa o momento pós contração do coração;
  • Pressão diastólica: valor mais baixo, de quando o coração relaxa

Assim, quando indicamos que um paciente tem uma pressão de 14x9, a pressão sistólica é de 140 mmHg e a pressão diastólica de 90mmHg.

A pressão arterial, desta forma, é classificada a partir dos valores de pressão sistólica e diastólica, conforme a tabela abaixo.

Quanto maior a pressão arterial, maior a possibilidade de lesão nos mais diversos órgãos do corpo (denominados de órgãos alvo), maior a sobrecarga sobre o coração, com risco para arritmias e infartos, e maior o risco de sangramento cerebral, levando a um Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico (AVCh).

O tratamento da hipertensão arterial envolve o uso de medicamentos e a modificação do estilo de vida, incluindo a prática de exercícios e uma alimentação saudável.

Os exercícios se mostram tão ou mais importantes do que os medicamentos para o controle da hipertensão leve ou moderada, mas infelizmente eles são frequentemente relevados e colocados em um segundo plano.

Muitos idosos conseguem reduzir significativamente o uso de medicamentos após a adoção da prática de atividades físicas.

A realização regular de atividades físicas reduz a pressão arterial tanto de indivíduos que já tem a pressão alta, quanto daqueles que ainda não tem a doença, mas que têm um risco elevado de desenvolvê-la, como os filhos de hipertensos, os obesos e os pré-hipertensos entre outros.

É interessante observar que com a prática física regular, a pressão arterial diminui não só em repouso, mas também quando a pessoa está realizando suas atividades diárias e quando sofre uma situação estressante.

A prescrição de exercícios deve ser baseada na classificação da hipertensão e na eventual lesão de órgãos alvo

  • Indivíduos com pré-hipertensão e hipertensão estágio 1, na ausência de dano ao órgão alvo, não têm restrições para a prática esportiva do ponto de vista cardiovascular
  • Indivíduos com hipertensão estágio 2 não devem realizar atividades de alta intensidade ou alta duração
  • Indivíduos com hipertensão estágio 3 não devem realizar atividade física até que tenham um melhor controle da pressão

Existem evidências mais do que suficientes a respeito da importância da atividade física no controle das principais doenças cardiológicas e também de outras doenças que costumam acompanhar o cardiopata, incluindo diabetes, obesidade, colesterol alto e tabagismo.

Ainda assim, o medo dos pacientes se justifica, uma vez que a atividade física de fato aumenta o risco de eventos cardiovasculares agudos, principalmente em pessoas com doenças cardiovasculares já estabelecidas.

Apesar dos riscos, como regra geral, os benefícios que estes pacientes têm em se manter ativos tem um peso maior para a saúde.

Mesmo pacientes vítimas de Infarto Agudo do Miocárdio são orientados a se exercitarem precocemente, seguindo protocolos específicos. Isso tem um efeito muito positivo no sentido de melhora nos índices de mortalidade.

Arritmias cardíacas e Fibrilação Atrial

A fibrilação atrial (FA) é a arritmia mais comum após a sexta década de vida, acometendo 10% dos indivíduos acima dos 75 anos. Entre as suas causas devemos considerar as alterações degenerativas próprias do envelhecimento, outras doenças do coração e co-morbidades comuns nesses pacientes, como obesidade e diabetes.

A fibrilação atrial é um fator de risco independente para morte, sendo que este risco aumenta progressivamente com a idade.

Em alguns pacientes, a FA pode ser completamente assintomática e descoberta casualmente no eletrocardiograma de rotina. Em outros, pode provocar sintomas leves e inespecíficos como palpitações, fadiga, desconforto torácico ou sudorese. Nos casos mais graves, pode provocar angina, pré-síncope ou edema agudo pulmonar.

O rápido controle da freqüência cardíaca é primordial no idoso, especialmente para evitar a deterioração da função ventricular e aliviar os sintomas. Medicações específicas podem ser utilizadas para isso.

Na presença de sinais e sintomas de instabilidade hemodinâmica (confusão mental, torpor, sudorese fria, dispnéia, dor torácica sugestiva de angina, síncope) ou naqueles com frequência cardíaca muito elevada, a cardioversão elétrica deve ser realizada de imediato.

Em pacientes com fibrilação atrial, a indicação para atividade física deve ser avaliada caso a caso quanto aos riscos e benefícios.

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