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A atividade física é fundamental para a manutenção da saúde de qualquer pessoa e o diabético não é exceção. O maior gasto energético durante a prática esportiva impõe um desafio extra para o diabético, que precisa adequar as doses e os momentos de aplicar a insulina. Tanto o aumento como a redução nos níveis de glicose prejudicam a saúde e o desempenho esportivo do diabético.
Para compreender as orientações relacionadas a prática de exercícios por diabéticos é preciso, antes de mais nada, compreender o que é o diabetes tipo 1, como a insulina regula os níveis de glicose sanguínea e como isso é afetado pela alimentação e pelo exercício.
Diabetes tipo 1
O diabetes tipo 1, chamado também de diabetes juvenil ou diabetes insulino dependente, é uma doença crônica em que o pâncreas produz pouca ou nenhuma insulina. A insulina é um hormônio que ajuda na regulação da entrada e saída da glicose (um tipo de açúcar) da corrente sanguínea.
A maior parte das células não tem capacidade de armazenar a glicose, de forma que precisa estar continuamente retirando este açúcar do sangue para a produção de energia. Para garantir a disponibilidade, organismo precisa lançar mão de recursos para manter a quantidade de glicose no sangue (glicemia) constante, seja após uma refeição, seja em um período de jejum ou em um momento de alto gasto energético, como a prática esportiva.
Este equilíbrio é mantido por dois hormônios de funções opostas: a insulina e o glucagon.
- Quando uma pessoa se alimenta, maior quantidade de açúcar é absorvida, aumentando a glicemia. Com isso, o pâncreas libera a insulina, a qual facilita a entrada da glicose nas células. O excesso de glicose será armazenado no fígado na forma de glicogênio ou será transformado em gordura. Assim, a glicemia volta ao normal.
- Durante o jejum, as células continuam consumindo glicose para gerar energia, levando a uma redução na glicose sanguínea. O hormônio glucagon então entra em ação, mobilizando os estoques do fígado e reduzindo a entrada de glicose nas células, de forma que a glicemia volta a aumentar.
A falta da insulina faz com que o paciente diabético perca a capacidade de regular a glicemia. Com o tempo, o excesso de glicose no sangue pode afetar os principais órgãos do corpo, incluindo coração, vasos sanguíneos, nervos, olhos e rins. Manter um nível normal de açúcar no sangue pode reduzir drasticamente o risco de muitas complicações.
Tratamento do Diabetes tipo 1
O tratamento do diabetes tipo 1 envolve uma dieta regrada, a monitorização constante da glicemia e a administração de insulina. O objetivo é manter o nível de açúcar no sangue o mais próximo possível do normal para atrasar ou prevenir complicações. Isso significa uma glicemia entre 80 e 130 mg / dL antes das refeições e não superior a 180 mg / dL, duas horas depois de comer.
Qualquer pessoa com diabetes tipo 1 precisa de tratamento com insulina para o resto da vida. Existem, porém, diferentes tipos de insulina que podem servir a diferentes situações. A principal diferença entre elas é o tempo de ação.
- Insulina de ação rápida leva a uma rápida redução nos níveis de glicose, mas deixam de agir de forma igualmente rápida.
- Insulina de ação prolongada demoram mais para começar a agir, mas também demoram mais para perder o efeito.
A insulina não pode ser tomada por boca, uma vez que as enzimas estomacais quebram a insulina, impedindo sua ação. Ela pode ser administrada por meio de injeções ou através de uma bomba de insulina.
As injeções são programadas ao longo do dia contendo uma combinação de insulinas de ação rápida e ação lenta, de forma a cobrir as necessidades decorrentes das refeições e da prática esportiva.
As bombas de insulina são equipamentos contendo insulina e que estão conectados a um cateter, de forma que não é preciso fazer uma nova injeção a cada aplicação. Este equipamento pode ser mantido no bolso ou preso ao cinto.
Atividade física para a criança diabética
A atividade física é fundamental para a manutenção da saúde de qualquer criança, mas ainda mais importante para a criança diabética. O exercício físico aumenta a sensibilidade do organismo à insulina, de forma que a quantidade de insulina necessária para processar os carboidratos após uma alimentação será menor.
O paciente diabético está mais vulnerável para uma série de complicações envolvendo o coração, rins e olhos, entre outros órgãos. O exercício físico, por outro lado, ajuda a controlar a pressão arterial e a saúde cardiovascular, reduzindo o risco para estas complicações.
A atividade física deve fazer parte da rotina diária do diabético ao longo de toda a vida. Assim, mais do que ficar forçando o filho a fazer algo que ele não queira, é importante que se tente identificar quais as atividades que mais interessam a ele. Isso reduzirá bastante a probabilidade de ele largar a prática regular de exercícios.
Além das atividades físicas formais, é preciso que os pais aproveitem as muitas oportunidades ao longo do dia para se manter ativo. Use escadas ao invés do elevador. Ao invés de usar o carro, caminhe para a escola, supermercado ou padaria. Estimule seu filho a sair para passear com o cachorro.
Controle da glicemia durante a atividade física
A atividade física leva a um maior consumo de glicose pelos músculos, de forma que se a alimentação ou o regime de insulina não for alterado a criança pode desenvolver hipoglicemia, que é a redução da glicose sanguínea.
Assim, alguns cuidados devem ser tomados em relação à prática de exercícios por pacientes diabéticos:
- Aumente o consumo de carboidratos antes do exercício. Bebidas energéticas como o Gatorade podem ser uma opção;
- Verifique a glicemia antes, durante e depois da atividade;
- Certifique-se de verificar os níveis de açúcar no sangue com mais frequência após a atividade e durante a noite para avaliar se as doses de insulina precisam ser ajustadas.
A criança diabética deve ter cuidado redobrado para não fazer mudanças bruscas na rotina de exercícios. Pequenas mudanças permitem ao paciente ou seus cuidadores ir conhecendo a resposta individual frente ao exercício e, com o tempo, você passa a compreender quais os ajustes necessários antes, durante e após cada atividade. O médico endocrinologista deve ser informado quanto às pretensões individuais relacionadas à atividade física.
Embora haja alguns cuidados a serem tomados, os benefícios certamente superam os riscos da prática esportiva pelo diabético. Não tenha medo de encorajar seu filho a se exercitar e ser fisicamente ativo.