Vitamina D
11 de fevereiro de 2021Atividade física na adolescência
15 de fevereiro de 2021A segunda infância é o período entre os 6 anos e o início da puberdade, aproximadamente aos 10 anos.
No início deste período, espera-se que a criança já tenha habilidade com movimentos básicos, incluindo correr, saltar, arremessar, agachar e agarrar. Aos poucos, espera-se que ela adquira maturação física e cerebral suficiente para iniciar a introdução de fundamentos básicos da prática esportiva.
A iniciação esportiva deve ser feita em um ambiente lúdico e divertido. Ainda não é o momento para introduzir conceitos técnicos e táticos e deve-se evitar ao máximo a competitividade, já que elas não apresentam maturidade suficiente para isso e, também, porque isso tornará a “brincadeira” mais chata e desestimulante.
No futebol, a criança já entende que existem dois times e que cada time tem que fazer gol de um lado do campo e impedir o gol no lado oposto. Já entende que quando um time ganha, o outro perde. É esperado, porém, que corram todas juntas atrás da bola e tentem conduzir a bola individualmente até o gol. Elas não irão se posicionar para receber uma bola e, de posse da bola, não irão passar para outra criança da mesma equipe.
A partir de 8 anos, aproximadamente, regras e fundamentos de complexidade crescente são gradativamente introduzidos. A ênfase, no entanto, ainda deve estar nas habilidades esportivas gerais, ao invés da prática excessiva de um único esporte.
Diversidade esportiva
Durante a segunda infância, as crianças estão desenvolvendo ideias claras sobre os esportes de que gostam e nos quais acham que têm sucesso, ainda que o conceito de sucesso possa variar de diversão e domínio de um novo esporte até um resultado competitivo propriamente dito.
Infelizmente, é comum que, ao verem que o filho começa a se destacar em determinada modalidade, os pais passem a visionar a glória profissional ou olímpica e podem cair na armadilha do “quanto mais, melhor”, conduzindo seus filhos a uma especialização esportiva precoce.
As próprias crianças ficam entusiasmadas com o sucesso e a atenção de pais, amigos e, mais recentemente, das redes sociais. A repetição excessiva permite a ela desenvolver as habilidades mais determinantes naquele esporte e fará com que ela se destaque frente às crianças da mesma idade.
Por outro lado, isso vem a restringir o leque de habilidades desenvolvidas pela criança, o que certamente irá prejudicar a desempenho atlético futuro, já que estas habilidades secundárias acabam sendo determinantes em um cenário mais competitivo. Aos poucos, a criança será superada por aqueles que tiveram um desenvolvimento atlético mais completo.
Idealmente, as atividades devem ser as mais variadas possíveis, de forma a oferecer para a criança a oportunidade para desenvolver habilidades e fundamentos também diversos.
Isso tem sido um desafio cada dia maior para pais e profissionais de educação física. A criança pode precisar ir para a escolinha de ginástica para desenvolver habilidades de controle e orientação corporal, além de equilíbrio; futebol para desenvolver a coordenação olho-pé e capacidade de chutar; tênis para aprender a arremessar e rebater; e a natação para desenvolver as habilidades aquáticas.
Modelos de atividades multiesportivas, desta forma, estão cada vez mais em voga. O objetivo é que a criança seja capaz de desenvolver todas estas habilidades e muitas outras em um espaço único, com atividades variadas e sem ocupar todo o seu tempo livre com atividades formais e organizadas.
Esporte competitivo
O Brasil é conhecido no mundo como o “país do futebol”. Jogadores como Ronaldo, Ronaldinho, Neymar, Marta e Cristiane se destacam ou se destacaram por sua criatividade. Mais do que uma habilidade nata, isso é resultado da forma como treinaram ao longo da vida.
Fora do Brasil, crianças são colocadas desde muito cedo em centros esportivos seguindo modernos conceitos de treinamento com foco no alto rendimento. Muitos questionam como os atletas citados acima foram capazes de se destacar tendo passado boa parte da infância jogando bola na rua, sem uma orientação profissional.
A falta de regras mais claras, ainda que possa parecer pouco eficiente do ponto de vista esportivo, permite à criança o desenvolvimento de habilidades como a criatividade e a tomada de decisões, o que seria mais limitado caso ela simplesmente estivesse fazendo o que os adultos (pais, professores) estiverem mandando.
Independente de qual a categoria em questão, treinadores vivem de resultado. Sucesso profissional significa conduzir seu time à vitória. Para isso, escolhem os melhores “atletas” para suas equipes e, em seguida, elaboram estratégias e táticas para minimizar as fraquezas dos jogadores e maximizar seus pontos fortes. Isso garante que os jogadores evitem assumir riscos e sigam os sistemas prescritos por eles, acreditando que vencer é fundamental.
Pais e treinadores, desta forma, devem cuidar para que o aprendizado não seja sacrificado em prol da vitória. Ao escolher uma escolinha para seu filho, converse com o professor e com outros pais e evite aquelas que focam excessivamente no resultado de competição. Seu filho ainda não está no momento para isso.