Atividade física em pacientes com TDAH
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19 de janeiro de 2021Obesidade infantil e atividade física
A obesidade infantil é uma condição médica séria que afeta crianças e adolescentes e
que têm sido cada vez mais diagnosticada no Brasil e no mundo, principalmente em
decorrência da adoção de um estilo de vida pouco saudável. Os registros do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que uma a cada três crianças com
idade entre cinco e nove anos está acima do peso no País.
As notificações do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional, de 2019, revelam que
16,33% das crianças brasileiras entre cinco e dez anos estão com sobrepeso; 9,38%
com obesidade; e 5,22% com obesidade grave. Em relação aos adolescentes, 18%
apresentam sobrepeso; 9,53% são obesos; e 3,98% têm obesidade grave.
A obesidade infantil é particularmente preocupante pelos seguintes motivos:
- Está associada a condições de saúde habitualmente consideradas de adulto,
incluindo diabetes, pressão alta e colesterol alto, problemas cada vez mais
diagnosticado em adolescentes e adultos jovens; - Crianças obesas são mais propensas a sofrer bullying, que, como consequência,
pode gerar baixa autoestima, isolamento social e depressão. - Crianças obesas mais provavelmente se tornarão adultos obesos.
Causas da obesidade infantil
Fatores genéticos e hormonais são muitas vezes responsabilizados pelo
desenvolvimento da obesidade infantil, mas mesmo pessoas com tendência genética
para a obesidade podem na maior parte das vezes controlar o problema por meio de
hábitos de vida mais saudáveis, incluindo a prática regular de exercícios e a
alimentação saudável.
Mesmo em famílias com pais, mães e irmãos “gordinhos” muitas vezes o fator
genético costuma ser superestimado. Hábitos de vida pouco saudáveis também
costumam ser passados de pais para filhos e devem ser combatidos com maior ênfase
nestes casos.
Diagnóstico da obesidade infantil
A obesidade infantil pode ser óbvia em casos mais avançados, mas idealmente deve
ser identificada nas fases mais iniciais, quando o diagnóstico não será tão visível. Uma
dificuldade extra é que a composição corporal da criança e o formato corporal variam
de acordo com os diferentes estágios do desenvolvimento da criança, mas diferentes
métodos foram descritos para auxiliar no diagnóstico.
O índice de massa corporal (IMC), muito usado na identificação da obesidade adulta,
foi adaptado para ser usado em crianças. O IMC utiliza uma fórmula que considera o
peso e a altura. Ao contrário dos adultos, o diagnóstico não deve ser feito a partir de
um valor absoluto de IMC, mas a partir da análise de gráficos que comparam o
indivíduo com crianças da mesma idade e gênero.
O diagnóstico de obesidade deve ser considerado para crianças acima do percentil 95,
o que significa que, de cada 100 crianças, ela tem o IMC maior do que 95 delas. Este
critério não deve ser usado de forma absoluta, mas sim como um teste de triagem.
Isso porque variações das características corporais individuais, como uma maior massa
muscular, podem levar a resultados falso positivos em casos limítrofes. Uma vez
observado um IMC alterado, outros critérios devem ser utilizados para se fechar o
diagnóstico, como a aferição da circunferência abdominal.
Tratamento
A maior parte dos pacientes com obesidade infantil pode ser adequadamente tratada
por meio de mudanças no estilo de vida, incluindo a melhora nos padrões alimentares
e a prática regular de atividade física. Terapias comportamentais podem ser
consideradas, quando se avaliar que estresse, ansiedade e outros problemas
psicossociais contribuam para o problema.
Tratamento medicamentoso pode ser considerado nos casos mais graves, geralmente com IMC acima do percentil 99 ou na
presença de complicações clínicas como diabetes tipo II, hipertensão arterial ou
colesterol alto, entre outros.
É importante que os pais compreendam que estas medidas não devem ser vistas como
um “sacrifício necessário” até que se consiga um melhor controle de peso, mas sim
uma mudança permanente. Quando a criança percebe isso como uma coisa sofrida, a
tendência é que, no médio e longo prazo, os maus hábitos sejam retomados assim
como o ganho de peso.
Mais do que tratar a criança, a família deve avaliar os hábitos de todos os membros da
casa. Dificilmente a criança adotará hábitos alimentares e de atividades físicas mais
saudáveis vendo os pais comendo hamburger e bebendo coca cola em frente da
televisão.
Atividade física para a criança obesa
Qualquer atividade que leve a um aumento na frequência cardíaca e frequência
respiratória é considerada um exercício e ajudará no controle de peso da criança. O
exercício físico não deve se resumir apenas a atividades formais como o futebol,
bicicleta ou natação.
É importante que se priorize atividades que envolvam o movimento, como
playgrounds, parques, museus e zoológico. passear com o cachorro, lavar um carro,
varrer folhas e cortar a grama são algumas das atividades domésticas que podem
ajudar a manter a criança ativa e que ajudam no controle do peso. Priorize escadas ao
invés de escadas rolantes ou elevadores, caminhadas ao invés do carro, qualquer coisa
ao invés do videogame.
Muitas crianças obesas evitam a prática de atividades esportivas não por desgosto,
mas porque ficam com vergonha de colegas mais magros e habilidosos do ponto de
vista atlético. O bullying infelizmente continua sendo uma realidade, ainda que o
problema seja encarado com muito mais seriedade pelas escolas nos dias de hoje.
Os pais devem tentar observar os filhos no dia a dia e buscar indícios indiretos de que
a criança não esteja se sentindo confortável com a prática esportiva, uma vez que
dificilmente ela irá assumir o problema – as crianças de fato tendem a sentir vergonha
do excesso de peso.
As crianças devem ser estimuladas a participarem de práticas esportivas com os
colegas quaisquer que sejam elas, mas devem se sentir confortáveis com isso, caso
contrário estas mudanças não serão duradouras. Caso que se perceba que o filho não
se sente confortável, comece se exercitando em família, depois com os amigos mais
próximos e só depois com as escolinhas de esporte.
A avaliação com um médico do esporte é uma excelente opção para tentar reorganizar
a rotina tanto alimentar como de atividades físicas com foco na perda de peso. Em
alguns casos, pode ser interessante uma avaliação inicial apenas entre o médico do
esporte e os cuidadores da criança, para apenas depois incluir a criança já em uma
segunda avaliação.