A prática de atividade física é de extrema importância para a saúde do idoso. Os exercícios ajudam no ganho ou manutenção do condicionamento cardiovascular e da função muscular, e isso é fundamental para que consigam manter ou mesmo melhorar sua rotina diária, incluindo atividades de lazer (compras, dança, jardinagem), transporte (caminhada, ciclismo), ocupacional (se o indivíduo ainda estiver envolvido no trabalho) e tarefas domésticas. São eficazes também na prevenção de quedas, sendo estas direta ou indiretamente relacionadas a grande número de óbitos na faixa etária.
À medida que envelhecemos, começamos a perder força, velocidade, resistência, equilíbrio e flexibilidade. Em algum ponto, atividades básicas do dia a dia já serão suficientes para produzirem uma sensação de fraqueza e exaustão. Este processo acontece em idades bastante variáveis: enquanto alguns idosos na casa dos 80 ou 90 anos apresentam grande vitalidade e não mostram sinais de desaceleração, outros 20 ou 30 anos mais jovens já estão lutando com problemas de mobilidade e para a realização de tarefas rotineiras.
As funções físicas tornam-se cada vez mais limitadas e a caminhada cada vez mais lenta. Com o tempo, deixam de sair, entre outras coisas por medo de atravessarem a rua de forma segura. Deixam de ir ao supermercado ou sair para jantar, porque não se sentem com energia para isso. Isolados em casa, passam cada vez mais tempo à frente da televisão. O imobilismo leva à deterioração da saúde e a deterioração da saúde piora o imobilismo.
Globalmente, estima-se que entre 110 milhões e 190 milhões de adultos enfrentam limitações funcionais substanciais devido ao envelhecimento, condições de saúde e outros fatores. Apesar disso, manter-se fisicamente ativo deve ser uma prioridade. Essa noção é respaldada por diretrizes internacionais, que recomendam que as pessoas com algum problema de saúde continuem sendo tão ativas fisicamente quanto sua condição de saúde permitir.
Manter-se ativo pode ser desafiador para idosos que vivem com um problema de saúde. Ainda assim, existem programas de exercícios desenvolvidos para serem feitos sentados (no caso de paciente com dificuldade para ficar de pé) ou mesmo para pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva. De fato, quanto mais limitado funcionalmente for uma pessoa, maior a importância de ela manter uma rotina de exercícios.
Os efeitos da falta de exercícios sobre a musculatura parecem óbvios, mas poucos se dão conta de que os mais diversos órgãos e sistemas do corpo também sofrem com a falta de movimento. Doenças como diabetes, pressão alta, obesidade, osteoporose, problemas cardiovasculares ou pulmonares são bastante prevalentes entre os idosos, e estudos demonstram que o exercício é tão ou mais importante do que as medicações no tratamento destas e de outras doenças.
Um idoso cardiopata capaz de impor uma boa velocidade de caminhada apresenta uma sobrevida maior do que outro sem doença cardiovascular conhecida, mas com uma velocidade de caminhada significativamente mais lenta. Da mesma forma, um idoso obeso, mas que consegue manter uma rotina ativa, tende a ter uma sobrevida maior do que um idoso magro, mas com rotina bastante restrita.
Estes indivíduos vão de médico em médico em busca de medicamentos milagrosos, sem se dar conta que a saúde não irá melhorar sem uma rotina de exercícios. Muitos consideram esta piora como algo natural e irreversível do envelhecimento. Infelizmente, mais de 50% dos idosos referem nunca terem sido orientados em consultas médicas a respeito da importância da prática de atividades físicas.
Causas de incapacitação no idoso
A maioria das atividades rotineiras do idoso incorporam padrões de movimento sequenciais ou “cadeias de movimento”. Isso significa que membros superiores, tronco, quadris, joelhos, tornozelos e pés se movimentam de uma forma sincronizada e que o movimento de uma articulação interfere no movimento das demais.
Para realizar um movimento, é preciso que se tenha mobilidade e força na articulação. Além de ter a musculatura forte, é preciso que oxigênio e nutrientes cheguem nos músculos através do sangue. Para isso, o indivíduo precisa de um bom sistema cardiovascular para fazer o sangue circular e de um bom pulmão, onde o gás carbônico eliminado pelas células será trocado por oxigênio.
Todas estas funções costumam estar comprometidas nos idosos com maior incapacitação e todas elas precisam ser treinadas para evitar a deterioração dos idosos com melhores condições de saúde.
O declínio da massa muscular no idoso, denominado de sarcopenia, é um dos principais responsáveis pela incapacitação. Em média, os músculos representam 50% do peso corporal total em adultos jovens, diminuindo para cerca de 25% em pessoas de 70 a 80 anos. No caso de idosos mais debilitados, a perda é ainda maior.
A perda de musculatura leva a um aumento da exigência sobre os músculos remanescentes, de forma que o indivíduo se cansa mais precocemente. As atividades tornam-se cada vez mais limitadas e, por consequência, a perda de massa muscular e a incapacidade pioram ainda mais.
Além da perda de massa muscular, a perda da flexibilidade nas articulações pode, também, contribuir para a piora funcional. Diversos outros órgãos e sistemas costumam ser envolvidos, seja como causa inicial do problema, seja como consequência do sedentarismo progressivo. Para que os músculos funcionem adequadamente, eles precisam de oxigênio. Para isso, o indivíduo precisa de bons pulmões para realizar as trocas gasosas e de um bom aparelho cardiovascular para transportar o oxigênio até os músculos.
Quando pulmão ou coração não funcionam adequadamente, a falta de oxigenação faz com que os músculos se tornem dolorosos e pouco eficientes, o que muitas vezes é mal interpretado simplesmente como uma perda de massa muscular. Exercícios de força são prescritos, mas a resposta fica bastante limitada em função da dificuldade de oxigenar os músculos.
Desequilíbrios hormonais são comuns nestes pacientes, o que pode contribuir para uma piora seja do aparelho musculoesquelético, pulmonar ou cardiovascular. A mulher sofre com os efeitos da menopausa, que é a interrupção fisiológica dos ciclos menstruais, devida à cessação da secreção hormonal dos ovários.
Da mesma forma, o homem sofre com a andropausa, processo pouco reconhecido até recentemente, caracterizada pela diminuição nos níveis de testosterona. As consequências da menopausa ou da andropausa podem ser minimizadas por um programa bem estruturado de atividades físicas.
Sarcopenia
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Sarcopenia
Sarcopenia
A sarcopenia caracteriza-se pela perda generalizada da massa muscular, bem como da força ou função da musculatura, associada ao envelhecimento e imobilismo. Não existe uma definição clara de qual a quantidade de musculatura que precisa ser perdida para caracterizar a sarcopenia, e diferentes estudos usam diferentes definições. Estima-se que aproximadamente 25% das pessoas acima dos 60 anos tenham sarcopenia, aumentando para 60% para aqueles acima dos 80 anos de idade. Mas estes números podem variar bastante, pelo fato de não haver um consenso de qual a quantidade de massa muscular que deve ser usada como referência para o diagnóstico da sarcopenia. Como regra geral, podemos dizer que é necessário que se tenha uma perda significativa no desempenho físico e uma limitação para a realização de atividades diárias básicas, como caminhar, subir escadas ou carregar objetos, e que estas limitações estejam diretamente relacionadas à perda da musculatura. A sarcopenia é um fator de fragilidade e leva a um aumento no risco de quedas e fraturas em idosos. Se, por um lado, a osteoporose, que é a perda progressiva da massa óssea, é amplamente discutida nos meios médicos e facilmente reconhecida pela população, a sarcopenia muitas vezes ocorre de forma silenciosa e apenas recentemente tem recebido maior atenção da comunidade médica. A perda de musculatura pode ser difícil de detectar devido à obesidade, alterações na massa gorda ou edema.Causas da sarcopenia
O desenvolvimento da sarcopenia é determinado por dois fatores: a quantidade máxima de massa muscular que se atinge na juventude e a taxa na qual a musculara diminui. Do momento em que nascemos até aproximadamente os 30 anos, a tendência é que os músculos cresçam e fiquem cada vez mais fortes. Pessoas fisicamente ativas na juventude tendem a atingir um maior pico de massa muscular, de forma que apresentam menor risco para sarcopenia no futuro. A partir dos 30 anos há uma perda progressiva da massa e da função da musculatura. O sedentarismo é, sem dúvidas, a principal causa para a sarcopenia, mas outros fatores devem ser levados em consideração:- Genética: as pessoas têm uma predisposição genética para desenvolverem maior ou menor quantidade de massa muscular; No entanto, os hábitos de vida podem mudar este panorama.
- Alimentação: busca pelo físico magro faz com que muitas pessoas se submetam a dietas hipocalóricas e muitas vezes mau orientadas ao longo da vida. Além de dificultar o ganho de massa muscular, muitas vezes estas pessoas utilizam as proteínas dos músculos para gerar a energia necessária para a sobrevivência. Além disso, pessoas com baixa ingesta de proteínas também encontram-se mais vulneráveis para o desenvolvimento da sarcopenia;
- Redução dos níveis hormonais: A redução dos hormônios femininos com a menopausa, especialmente o estrógeno, é bastante reconhecida e favorece a perda de massa muscular na mulher. No homem, os níveis de testosterona também diminuem com a idade e também contribuem para a perda de musculatura;
- Doenças: Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), insuficiência cardíaca, câncer, diabetes, artrites inflamatórias e depressão são apenas algumas das doenças que podem contribuir para uma maior perda de massa muscular;
- Vitamina D: a fonte de vitamina D é, quase que na sua totalidade, oriunda da exposição solar. Sua deficiência é muito comum no mundo moderno devido à baixa exposição ao sol, resultando em perda de massa muscular;
- Hábitos de vida e medicamentos: etilismo, tabagismo e uso de corticóide impactam, diretamente ou indiretamente, na saúde dos músculos.
- Sono: durante o sono os músculos são reparados e renovados. Noites mal dormidas comprometem o tecido muscular.
Tratamentos da sarcopenia
O estímulo a prática de atividades físicas é certamente a orientação mais óbvia para o paciente com sarcopenia e sua importância não deve ser subestimada, mas tudo aquilo que possa estar contribuindo para a perda de musculatura, conforme discutido acima, devem ser avaliados e, quando necessário, tratados.Menopausa e atividade física
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Menopausa e atividade física
Menopausa e atividade física
A menopausa é o momento que marca o fim dos ciclos menstruais. O diagnóstico é feito depois que a mulher fica 12 meses sem menstruar, ocorrendo geralmente entre os 45 e os 55 anos de idade. Ela é considerada normal a partir dos 40 anos, mas acontece antes desta idade em aproximadamente 1% da população. A maior parte das mulheres apresentam a menopausa em decorrência do declínio progressivo da produção dos hormônios estrógeno e progesterona pelos ovários, hormônios estes responsáveis pela regulação dos ciclos menstruais. Esta redução se inicia geralmente a partir dos 30 anos, sendo que a partir dos 40 anos a mulher começa a manifestar sinais e sintomas decorrentes destas mudanças hormonais. As menstruações podem pular um mês e depois retornar, ou pulam vários meses e depois retornam com os ciclos mensais por mais alguns meses. Eventualmente as menstruações passam a acontecer em ciclos mais curtos. Apesar destas oscilações, a mulher continua fértil e pode engravidar. A este período denominamos de pré-menopausa. Outros sintomas característicos da menopausa podem começar a se manifesta no período pré-menopausa e incluem ondas de calor, arrepios, suor noturno, problemas com o sono, mudanças de humor, ganho de peso, queda de cabelo e pele seca.Quais as consequências da menopausa?
Os hormônios ovarianos atuam sobre diversos outros órgãos do corpo além do aparelho reprodutor, de forma que as consequências da menopausa também vão além da perda da fertilidade e do fim dos ciclos menstruais.- A pressão arterial começa a subir, o colesterol LDL (colesterol “ruim”) aumenta, o colesterol HDL (colesterol “bom”) diminui e os triglicerídeos também aumentam. Todos estes fatores levam a um maior risco de eventos cardiovasculares, especialmente a doença coronariana e o infarto agudo do miocárdio, que é a principal causa de óbito entre as mulheres.
- A falta de estrogênio durante a menopausa altera o metabolismo ósseo e pode favorecer o desenvolvimento da osteoporose. A menopausa precoce (antes dos 45 anos) aumenta ainda mais este risco.
- Os tecidos da vagina e uretra perdem a elasticidade, de forma que a perda involuntária de urina ou perda de urina com tosse, riso ou levantamento de peso (incontinência de esforço) tornam-se comuns.
- O metabolismo celular diminui, fazendo com que o ganho de peso seja comum após a menopausa.
- Depressão e outros sintomas de saúde mental podem estar associados à menopausa.
Tratamento
Todas as mulheres sentem os efeitos da menopausa, mas a resposta é bastante diferente de uma para outra. Algumas se adaptam bem e conseguem conviver com as mudanças, outras sofrem muito mais. Além disso, os sintomas também podem variar: uma mulher pode sentir mais o lado psicológico, mas sem sofrer com perda de massa muscular e acúmulo de gordura. Outra pode se manter equilibrada do ponto de vista psicológico, mas sofre as consequências da osteoporose, e assim por diante. A primeira medida a ser tomada é a mudança no estilo de vida, incluindo a melhora dos hábitos alimentares, a higiene do sono, o abandono do tabagismo e a prática de atividades físicas. Isso é importante não apenas para a melhora sintomática, mas também para a prevenção de doenças que são mais prevalentes com a menopausa. A terapia de reposição hormonal pode ser considerada em alguns casos, mas sempre como uma terapia de suporte e em conjunto com as medidas listadas acima.Atividade física na menopausa
O exercício físico é isoladamente a parte mais importante do tratamento dos sintomas da menopausa. Os efeitos positivos sobre os sintomas são equiparáveis às da terapia de reposição hormonal, porém sem os riscos envolvidos com esta última. Alguns aspectos devem ser levados em consideração na prevenção de exercícios para a mulher na menopausa:- - Muito se fala nas atividades de baixo impacto para proteger as articulações, mas, quando possível, alguma forma de impacto deve ser incluída, com o propósito de evitar a osteoporose, um dos problemas mais comuns associados à menopausa. A caminhada é uma excelente opção.
- - Exercícios aeróbicos são importantes para a prevenção de doenças cardiovasculares e controle do peso
- - A perda de massa muscular está associada a piora da capacidade funcional da mulher na menopausa e deve ser combatida por meio de exercícios de fortalecimento.
Terapia de reposição hormonal
A terapia de reposição hormonal se caracteriza pelo uso de medicamentos contendo hormônios femininos, especialmente o estrógeno, durante a menopausa. Ela pode ser feita de forma sistêmica (emplastros, comprimido, gel, pomadas) ou por meio de preparações vaginais.- - O uso sistêmico significa que o hormônio se espalha no corpo e é utilizado geralmente para tratar mulheres com menopausa precoce ou com sintomas muito exacerbados da menopausa;
- - Já as preparações vaginais têm forte efeito local e poucos efeitos sistêmicos, de forma que são usadas para tratar sintomas como secura e desconforto vaginal.
Andropausa e atividade física
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Andropausa e atividade física
Andropausa e atividade física
Por volta da sétima ou oitava década de vida, um número significativo de homens saudáveis apresenta níveis de testosterona livre ou biodisponível que, se observados em homens com menos de 45 anos, indubitavelmente levariam à sua classificação como "hipogonadal". Ainda que os homens não tenham um momento tão Marcante de interrupção na sua saúde reprodutiva, um “divisor de águas”, como é o fim dos ciclos menstruais nas mulheres, eles também sofrem com a redução nos níveis de hormônio sexual, no caso a testosterona. Os termos andropausa ou hipogonadismo tardio são utilizados para descrever o que é conhecido como “menopausa masculina”. Outra diferença entre homens e mulheres é que nem todos os homens passarão pela andropausa. A redução dos níveis de testosterona é um processo gradativo que se inicia a partir dos 30 anos. Estima-se uma redução de aproximadamente 1% ao ano, mas esta velocidade pode ser bem maior. O efeito da andropausa, desta forma, depende da quantidade de testosterona que o paciente está perdendo. A redução da testosterona acontece invariavelmente com a idade, mas outros fatores podem contribuir para uma maior ou menor velocidade nesta redução. Doenças como diabetes ou hipertireoidismo e uso de medicações como os anticonvulsivantes estão associados a um menor nível de testosterona, mas os principais fatores estão associados a hábitos de vida pouco saudáveis, como sedentarismo, obesidade, alcoolismo, abuso de drogas e tabagismo. O nível de testosterona pode ser reduzido em até 40% quando uma pessoa não dorme o suficiente.Sinais e sintomas da andropausa
O hormônio testosterona é responsável pela construção de proteínas, regulando o sistema metabólico, produzindo células sanguíneas e auxiliando nas funções do fígado. É também responsável pelas ereções e pela regulação do libido. O hormônio é extremamente importante para manter o corpo do homem saudável. Entre os sinais e sintomas da redução na quantidade de testosterona, devemos incluir:- Perda de massa muscular;
- - Falta de energia;
- - Obesidade;
- - Aumento do volume dos peitos
- - Osteoprorose (redução na densidade dos ossos);
- - problemas cardiovasculares;
- - disfunção erétil, ejaculação precoce ou falta de ejaculação;
- - diminuição do tamanho do pênis;
- - perda de libido;
- - Queda dos cabelos;
- - Aumento da próstata;
- - Mudanças emocionais e comportamentais ou mudanças de humor;
- - Perda de interesse em atividades diárias como esportes, negócios, atividades domésticas ou trabalho.
Prevenção
A andropausa pode ser prevenida pela adoção de hábitos saudáveis ao longo da vida. Uma pessoa que pratica exercícios físicos regularmente, tem bom controle do peso, bons hábitos de sono, não fuma e não consome bebidas alcoólicas em excesso será capaz de minimizar a perda da testosterona.Diagnóstico
O diagnóstico da andropausa deve considerar a presença de queixas clínicas e exames laboratoriais compatíveis. O diagnóstico não deve ser feito com base exclusivamente nos resultados laboratoriais, já que alguns homens têm níveis de testosterona abaixo do normal sem que desenvolvam os sinais ou sintomas e, nesses casos, nenhum tratamento será necessário. Outro ponto que precisa ser levado em consideração é que existe uma flutuação significativa nos níveis de testosterona. Assim, idealmente o diagnóstico deve ser feito a partir de ao menos dois testes seriados que mostrem níveis baixos da testosterona.Tratamento
Os baixos níveis de testosterona podem estar associados a fatores como efeitos colaterais de medicamentos, problemas de tireóide, apneia do sono, depressão e uso excessivo de álcool. Obesidade, tabagismo e sedentarismo também levam a uma redução da testosterona. Depois que essas condições são identificadas e tratadas, a testosterona pode se recuperar e retornar a um nível normal. Mesmo que não retorne ao normal, os sintomas podem melhorar e, neste caso, nenhum outro tratamento será necessário. Hábitos alimentares também precisam ser considerados. Uma dieta rica em proteínas e moderadamente baixa em carboidratos pode aumentar os níveis séricos de testosterona. Além disso, é preciso evitar dietas "sem gordura", pois alguma gordura é necessária para produzir a testosterona. A terapia de reposição hormonal pode ser considerada no idoso com baixos níveis de testosterona e sintomas característicos da andropausa, uma vez que as outras formas de tratamento tenham se mostrado insuficientes.Atividade física na andropausa
O exercício físico é isoladamente a parte mais importante do tratamento dos sintomas da andropausa. Os efeitos positivos sobre os sintomas são equiparáveis às da terapia de reposição hormonal, porém sem os riscos envolvidos com esta última. Alguns aspectos devem ser levados em consideração na prevenção e tratamento da andropausa por meio dos exercícios:- - Os níveis de testosterona e hormônio de crescimento (GH) podem ser aumentados por meio de exercícios, especificamente do treino contra a resistência (levantamento de peso) e “Treinamento intervalado de Alta Intensidade” (HIIT).
- - Muito se fala nas atividades de baixo impacto para proteger as articulações, mas, quando possível, alguma forma de impacto deve ser incluída, com o propósito de evitar a osteoporose, um dos problemas mais comuns associados à andropausa. A caminhada é uma excelente opção;
- - Exercícios aeróbicos são importantes para a prevenção de doenças cardiovasculares e controle do peso;
- - A perda de massa muscular está associada a piora da capacidade funcional do idoso e é mais prevalente naqueles que sofrem com a andropausa. Isso deve ser combatido por meio dos exercícios de fortalecimento.
Reposição hormonal
O envelhecimento sempre gera preocupações com a fragilidade e a incapacidade física. O desejo de permanecer jovem o maior tempo possível faz com que um número crescente de mulheres e homens recorram à reposição hormonal para “restaurar a juventude”. Infelizmente, a solução não é tão simples como as vezes se faz parecer. Existem outros fatores além da deficiência de testosterona que contribuem para a perda óssea, massa magra do corpo / músculo esquelético, ganho de gordura corporal e para uma maior fragilidade global. A extensão com que a deficiência de testosterona em sí está envolvida com todo este processo ainda precisa ser determinada. Provavelmente ela tem espaço nas grandes deficiências de testosterona, mas não parece ser um fator determinante nos casos de deficiências limítrofes, que por sinal são a maioria. Tudo isso ainda precisa ser melhor avaliado cientificamente. Mais do que isso, existe uma preocupação com os efeitos colaterais da reposição da testosterona, a curto e a longo prazo. As maiores preocupações são com uma maior incidência de doenças na próstata (hiperplasia benigna da próstata, câncer de próstata) ou eventos cardiovasculares (infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, trombose). Outros efeitos colaterais incluem acne, calvície, aumento dos seios e danos no fígado. Por isso tudo, ainda que seja bastante divulgado como “solução para todos os problemas”, a reposição hormonal é bastante questionada no meio médico. Como regra geral, podemos considerar que níveis totais de testosterona menores do que 200 ng / dL indicam claramente hipogonadismo e costuma ter bons resultados com a terapia de reposição hormonal, uma vez considerado o custo-benefício. Valores entre 200 e 500 ng / dL podem ser considerados questionáveis por hipogonadismo e sugerem uma necessidade de avaliação adicional em homens. Nestes casos, a simples mudança de alguns hábitos de vida pouco saudáveis pode ser o suficiente. Mesmo quando indicada, a reposição de testosterona deve ser feita na menor dose possível, por curto período e sempre associada a outras medidas como a atividade física, melhora na dieta e redução do consumo de álcool e tabaco.
Qual a melhor atividade física para o idoso?
A importância da prática de atividades físicas para a promoção de saúde é amplamente difundida e não é novidade para ninguém. Pessoas com os mais diversos problemas de saúde frequentemente saem de consultórios médicos com a orientação de que precisam se exercitar ou de que precisam fortalecer a musculatura. Infelizmente, poucos saem de lá com uma orientação clara de como fazer isso.
Estudantes de medicina desde cedo aprendem que a prescrição de medicamentos deve incluir o nome da medicação, a forma como ela deve ser usada (gotas, comprimido, pomada, injeção), a periodicidade (quantas vezes no dia) e o prazo de utilização (por quantos dias).
Para ter eficácia, a prescrição de exercícios deveria ser feita da mesma forma: qual a melhor atividade? Qual a intensidade e duração? Com que frequência? Por quanto tempo?
Mesmo no caso de indivíduos com a saúde mais debilitada, poucas são as condições nas quais a atividade física está contraindicada. Até mesmo na recuperação precoce de infarto agudo do miocárdio, a reabilitação cardíaca com exercícios específicos se mostra eficaz em potencializar a recuperação.
O exercício deve respeitar as limitações individuais e focar nas principais necessidades de cada pessoa:
- Idosos com dor importante decorrente de artrose no joelho devem iniciar com atividades de baixo impacto.
- Pessoas com déficit de visão ou audição devem considerar atividades em ambientes mais protegidos e com menor risco de trauma.
- Pacientes com risco cardiológico aumentado podem precisar iniciar o trabalho de forma supervisionada e em locais preparados para o atendimento de eventos cardiovasculares agudos.
A prescrição de exercícios para o idoso deve englobar todos os fatores que de alguma forma interferem na capacidade de realização de suas atividades habituais e devem considerar tanto as condições de saúde geral do idoso como os objetivos individuais.
Enquanto alguns buscam simplesmente uma melhor condição para brincar com os netos ou para realizarem suas atividades diárias, outros buscam a prática esportiva competitiva em modalidades tão exigentes como a maratona ou o triathlon. Identificar e adequar estes objetivos dentro da realidade e das condições de saúde de cada idoso é um passo fundamental para a prescrição de exercícios.
Idealmente, o idoso deve realizar uma combinação de atividades que incluam exercícios aeróbicos, de força, de equilíbrio e de flexibilidade, conforme abaixo:
- Atividades aeróbicas: Exercícios que envolvem o uso repetitivo de grandes grupos musculares, levando a um aumento prolongado na frequência cardíaca. caminhada, dança, ciclismo, e natação são alguns exemplos;
- Exercícios de força: são aqueles que buscam vencer uma resistência. A resistência pode ser criada utilizando-se de faixas elásticas, pesos livres, aparelhos de musculação ou o peso corporal do paciente;
- Exercícios de equilíbrio;
- Exercícios de flexibilidade: atividades que alongam os músculos e podem ajudar seu corpo a ficar mais flexível. A flexibilidade é fundamental para a correta execução dos movimentos e ajudam na prevenção de lesões.
A baixa flexibilidade da região lombar e do quadril, por exemplo, contribui para muitos quadros de dor lombar. A amplitude de movimento limitada nas articulações do quadril, joelho e tornozelo pode aumentar o risco de quedas e contribuir para alterações da marcha relacionadas à idade.
Como regra geral, seguimos as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que são as seguintes:
- Pessoas acima de 65 anos devem fazer pelo menos 150 minutos de atividade física aeróbica de intensidade moderada, 75 minutos de atividade vigorosa ou uma combinação equivalente de atividades moderadas e vigorosas. Atividade moderada é aquela em que se consegue manter uma conversa regular com pausas frequentes para respirar, e atividades vigorosas são aquelas em que se consegue apenas uma comunicação breve;
- A atividade aeróbica deve ser realizada em sessões de pelo menos 10 minutos;
- Para obter benefícios adicionais à saúde, os idosos devem aumentar sua atividade física aeróbica de intensidade moderada para 300 minutos por semana, de intensidade vigorosa por 150 minutos semana ou uma combinação equivalente de atividade de intensidade moderada e vigorosa.;
- Devem realizar atividades físicas que trabalhem o equilíbrio em 3 ou mais dias da semana;
- Atividades de fortalecimento muscular, envolvendo os principais grupos musculares, devem ser realizadas 2 ou mais dias por semana;
- Quando não puder seguir as recomendações acima devido a alguma condição de saúde, deve-se manter tão fisicamente ativo quanto suas habilidades e condições permitirem.
Além destas atividades, os idosos devem ser estimulados a incluírem mais esforço físico em suas atividades rotineiras, e não apenas com a prática formal de exercícios. Abrir manualmente os portões automáticos, subir escadas em vez de usar elevadores ou escadas rolantes e estacionar mais longe do local de destino são algumas das maneiras de se manter ativo.
Exercícios aeróbicos em idosos
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Exercícios aeróbicos em idosos
- - Função pulmonar e de vias aéreas: envolve a capacidade de realizar a troca do gás carbônico produzido pelas células por mais oxigênio a ser levado para os tecidos e órgãos;
- - Função cardiovascular: Capacidade de transportar o oxigênio dos pulmões até os mais diversos tecidos onde ele é utilizado, especialmente para os músculos;
- - Função musculoesquelética: o músculo é o tecido que mais consome oxigênio no nosso corpo, especialmente durante as atividades físicas. O aumento no consumo de oxigênio passa necessariamente por ter uma musculatura mais desenvolvida.
Frequência cardíaca
O aumento da frequência cardíaca é uma das principais características do exercício aeróbico. A cada batimento cardíaco, uma certa quantidade de sangue é ejetada e passa a circular pelos vasos sanguíneos. Um coração eficiente ejeta maior quantidade de sangue e, assim, é capaz de suprir as demandas do corpo durante o repouso com uma menor frequência de batimentos cardíacos. A frequência cardíaca normal para o repouso é entre 60 e 100 batimentos por minuto. Pessoas mais idosas e sedentárias tendem a ter uma maior frequência cardíaca de repouso, enquanto atletas com capacidade cardiopulmonar elevada podem ter uma frequência de batimentos fisiologicamente mais baixa, de até 40 batimentos por minuto. Durante os exercícios, os músculos em atividade requerem mais oxigênio e nutrientes, produzem mais resíduos e geram mais calor. Para suprir a esta demanda, a frequência cardíaca aumenta. Este aumento da frequência cardíaca acontece também em outras situações de estresse, incluindo traumas, cirurgias e doenças, de forma a levar mais oxigênio e nutrientes para as células e tecidos em recuperação. Quanto mais intensa a atividade, maior a frequência cardíaca, até que o coração atinja um limite no qual não será mais capaz de responder com aumento na frequência de batimentos. Neste ponto, dizemos que a pessoa atingiu sua frequência cardíaca máxima. A capacidade de resposta do coração frente ao exercício e outras situações de estresse será maior quanto maior a reserva de frequência cardíaca, que é a diferença entre a frequência cardíaca de repouso e a frequência cardíaca máxima. O envelhecimento e o sedentarismo fazem com que a frequência cardíaca de repouso aumente e a frequência cardíaca máxima diminua, diminuindo a reserva de frequência cardíaca. Quanto menor a reserva de frequência cardíaca, menor a capacidade do coração em suprir à demanda imposta pelos exercícios e pelas atividades do dia a dia, de forma que a capacidade funcional do indivíduo diminui: ele não mais será capaz de subir um lance de escada sem parar no meio para recuperar o fôlego, não mais será capaz de acelerar o passo para atravessar a rua e assim por diante. No caso de doenças, traumas ou cirurgias, a demanda por oxigênio e nutrientes para o reparo celular também aumenta. Quando o coração não for mais capaz de aumentar a frequência de batimentos para suprir a esta demanda, o corpo será submetido a um estresse metabólico que impedirá a recuperação plena e levará ao agravamento do quadro clínico. Isso leva a uma maior mortalidade, seja por eventos cardiovasculares, seja por causas diversas.Pressão arterial
Além de bater com uma maior frequência, o coração bate mais forte, para colocar maior quantidade de sangue na circulação, o que pode ser percebido por meio de um aumento na pressão arterial. Pressão arterial é a pressão exercida pelo sangue dentro dos vasos sanguíneos, devendo ser medida em dois momentos:- - Pressão sistólica: é a pressão do sangue logo após o batimento do coração
- - Pressão diastólica: é a pressão do sangue entre dois batimentos cardíacos, quando o coração está se enchendo novamente de sangue.
Mensuração da capacidade aeróbica
O padrão ouro para determinação da aptidão aeróbia é a medição do consumo máximo de oxigênio (VO2 max) durante o Teste de Esforço cardiopulmonar (teste ergoespirométrico). Este é um teste complexo e que exige equipamentos sofisticados, de forma que não está prontamente disponível para grande parte das pessoas. O consumo de oxigênio é medido em mL por quilograma de peso a cada minuto. O consumo médio de oxigênio durante o repouso é de aproximadamente 3,5mL/Kg/min, de forma que se convencionou adotar este valor como equivalente a 01 MET (Metabolic Equivalent of Task). Dizer que uma atividade gera consumo de oxigênio de 02 METs significa que esta atividade gera um consumo de 7mL/Kg/min, e assim por diante. Uma pessoa com capacidade aeróbica máxima de 5 METs ou menos é considerada uma pessoa com significativa limitação funcional. No caso de atletas olímpicos em modalidades predominantemente aeróbicas, como o ciclismo ou a maratona, espera-se um VO 2 máx de aproximadamente 70mL/kg/min (20 MET). Cada 1 MET de aumento na aptidão aeróbica está associado com 10 a 15% de aumento na sobrevida a longo prazo. Estes números são ainda maiores nas zonas de menor aptidão física, onde pequenos ganhos podem representar muito em termos de sobrevida e qualidade de vida. Isso é importante para mostrar ao paciente a importância que existe em se conseguir pequenos avanços e para se colocar metas factíveis a pequeno, médio e longo prazo. O teste ergoespirométrico, porém, exige recursos de tempo e estrutura que muitas vezes não estão prontamente disponíveis. Assim, existem alguns teste que apresentam grande correlação com a capacidade aeróbica, como o teste de caminhada de 6 minutos e também questionários como o questionário de aptidão aeróbica da CLINIMEX, os quais discutiremos mais adiante.Recomendações para atividade aeróbica no idoso
De acordo com as diretrizes da OMS, pessoas acima de 65 anos devem fazer pelo menos 150 minutos de atividade física aeróbica de intensidade moderada, 75 minutos de atividade vigorosa ou uma combinação equivalente de atividades moderadas e vigorosas. Atividade moderada é aquela em que se consegue manter uma conversa regular com pausas frequentes para respirar, e atividades vigorosas são aquelas em que se consegue apenas uma comunicação breve; A atividade aeróbica pode ser dividida ao longo do dia em sessões de pelo menos 10 minutos; para obter benefícios adicionais à saúde, os idosos devem aumentar sua atividade física aeróbica de intensidade moderada para 300 minutos por semana, de intensidade vigorosa por 150 minutos semana ou uma combinação equivalente de atividade de intensidade moderada e vigorosa. Muitos idosos apresentam limitação na mobilidade, e podem não ser capazes de cumprirem as metas descritas acima. Colocar metas muito ambiciosas pode afastar o idoso da prática de exercícios e já foi provado que qualquer quantidade de exercício já é melhor do que nada. Nestes casos, o idoso deve manter as atividades aeróbicas na maior quantidade e intensidade que sua condição clínica permitir.Treinamento de força no idoso
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Treinamento de força no idoso
O que é o treinamento contra a resistência?
O treino contra a resistência é muitas vezes denominado de treino de força, mas, na prática, diversas outras habilidades inter-relacionadas podem ser treinadas com os exercícios contra a resistência, incluindo:- - Hipertrofia: ganho de massa muscular
- - Força: capacidade de vencer uma resistência externa;
- - Potência: capacidade de associar uma maior velocidade ao exercício de força;
- - Resistência: capacidade do músculo em realizar o movimento de forma repetitiva.
Importância do treinamento de força
Com o avanço da idade, a tendência natural é que o idoso diminua suas atividades e, gradativamente, passa a perder força, mobilidade e a capacidade de realizar muitas das atividades que até a pouco faziam parte de suas rotinas diárias. Com uma vida cada vez mais restrita, a musculatura torna-se progressivamente mais deficiente. Em casos extremos, o idoso pode vir a desenvolver a “Sarcopenia”, que é definida como uma massa muscular inferior a 2 desvios padrões da média de pessoas saudáveis aos 20 anos. Em termos mais concretos, isso se traduz em massa muscular inferior a 97,5% da população. Estima-se que, dos 60 aos 80 anos, a prevalência de sarcopenia na população geral progride exponencialmente de 15% para 32% entre os homens e de 23% para 36% entre as mulheres. Após os 80 anos, a sarcopenia acomete 51% das mulheres e 55% dos homens. Além da perda de massa muscular, a qualidade dos músculos também tende a ficar comprometida no idoso. Isso significa que mesmo a musculatura ainda presente passa a ter uma menor capacidade de gerar força, principalmente em decorrência de uma piora no controle neuromuscular. A perda progressiva da capacidade de realização das atividades rotineiras do indivíduo é a primeira consequência da perda de força. Além disso, a deficiência muscular leva a uma perda na eficiência dos movimentos, com consequente sobrecarga articular, podendo dar origem à maior parte dos quadros de dor articular no idoso. O treinamento de força é fundamental para quebrar este ciclo de perda de massa muscular e piora funcional. Além disso, ele deve fazer parte do tratamento de muitos quadros dolorosos e ajuda na prevenção de quedas, as quais estão associadas a número significativo de óbitos entre os idosos. A medida em que a força melhora, treinos para ganho de potência (velocidade de movimento), resistência (capacidade de realizar o movimento repetitivas vezes) ou mesmo exercícios funcionais (que simulam as atividades essenciais realizadas pelo indivíduo no dia a dia) podem contribuir para uma maior eficiência nos movimentos e, por conseguinte, para uma melhora ainda maior na qualidade de vida. O treinamento de potência e de resistência muscular devem ser considerados como alternativas para a progressão dos treinos tradicionais de força. Hipertrofia, força, potência e resistência muscular são competências interligadas, mas que podem ser treinadas de formas específicas por meio de adaptações no treinamento.Prescrição de exercícios de força
As condições de saúde e as necessidades individuais variam bastante entre os idosos, de forma que a prescrição de exercícios deve refletir suas limitações específicas observadas através de uma avaliação estruturada, e não seguir “receitas de bolo” pré-fabricadas. Independentemente de sua condição física, todo idoso tem seus pontos fortes e pontos fracos em termos de aptidão. Uma pessoa pode ter um desempenho acima da média para uma determinada atividade, mas abaixo da média para outra. Doenças pré-existentes devem ser consideradas bem como as queixas individuais, como dificuldade para caminhar, subir escadas ou carregar objetos. O treino contra a resistência pode ser direcionado para ganho de força, hipertrofia, potência ou resistência muscular. Estas são competências interligadas, mas que podem ser melhoradas de forma independente de acordo com as características do treino. As principais variáveis do treino são o número de repetições e a carga (peso) utilizados em cada exercício, sendo que, quanto maior o peso, menor será o número de repetições. Diferentes combinações podem ser utilizadas de acordo com o objetivo específico do treino. Outras variáveis incluem o número de séries e o intervalo entre as séries de exercícios. O valor de referência para a escolha da carga é o peso que o indivíduo é capaz de levantar uma única vez, descrito como 1RM (1 repetição máxima). A redução deste peso permite que a pessoa repita o movimento mais vezes, com os seguintes valores aproximados:- - 3 repetições: 92.5% do peso de 1RM
- - 5 repetições: 87.5% do peso de 1RM
- - 8 repetições: 80% do peso de 1RM
- - 10 repetições: 75% do peso de 1RM
- - 12 repetições: 70% do peso de 1RM
- - 15 repetições: 65% do peso de 1RM
- - 20 repetições: 60% do peso de 1RM
Exercícios funcionais
Ao projetar uma intervenção de treinamento com foco em melhorar a capacidade para a realização de atividades diárias, é preciso reconhecer que a maioria destas atividades incorporam padrões de movimento sequenciais ou "cadeias de movimento". Isso significa que membros superiores, tronco, quadris, joelhos, tornozelos e pés se movimentam de uma forma sincronizada e que o movimento de uma articulação interfere no movimento das demais. Treinar cada uma das articulações de forma isolada, além de demandar mais tempo, podem não reproduzir as necessidades do individuo durante os exercícios e, desta forma, têm benefícios limitados. Por outro lado, não é possível realizar exercícios complexos envolvendo múltiplas articulações quando cada uma das articulações não estiver capacitada para isso. Assim, há uma tendência com o treinamento moderno de se indicar exercícios monoarticulares para corrigirem deficiências e necessidades específicas e exercícios funcionais, que envolvem múltiplas articulações e que simulam os movimentos básicos do dia a dia, como estratégia mais ampla para melhora funcional e da condição física global.Treino de equilíbrio e estabilidade
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Treino de equilíbrio e estabilidade
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- Ao se apoiar sobre um único pé, há uma tendência de o corpo cair para o lado. Neste momento, os músculos estabilizadores do quadril entram em ação, impedindo o movimento e mantendo o quadril parado.
- Quando uma pessoa chuta uma bola, a tendência é que o tronco e o corpo se dobrem como um todo para a frente. Neste momento, os músculos estabilizadores da coluna entram em ação, fazendo com que o movimento ocorra de forma controlada;
- Durante uma caminhada, a tendência é que o corpo continue se movimentando continuamente para a frente. Caso uma pessoa precise parar repentinamente, isso será feito por meio da musculatura estabilizadora do tornozelo, quadril e tronco;
Avaliação da capacidade física do idoso
As condições de saúde e as necessidades individuais variam bastante entre os idosos, de forma que a prescrição de exercícios deve refletir suas limitações específicas observadas através de uma avaliação estruturada, e não seguir “receitas de bolo” pré-fabricadas.
Independentemente de sua condição física, todo idoso tem pontos fortes e pontos fracos em termos de aptidão. Uma pessoa pode ter um desempenho acima da média para uma determinada atividade, mas abaixo da média para outra. A prescrição de exercícios deve, desta forma, se basear naquelas competências que geram maior limitação funcional no indivíduo.
As principais competências responsáveis pela limitação funcional são a capacidade aeróbica, força, equilíbrio e mobilidade articular. Devemos considerar também doenças como o desgaste articular / artrose e as insuficiências ligamentares. Cada atividade tem uma exigência específica sobre estas capacidades.
Como regra geral, atividades com maior deslocamento horizontal (caminhada, corrida) exigem mais do ponto de vista aeróbico, enquanto atividades com maior deslocamento vertical (levantar da cadeira, subir escada) exigem mais do ponto de vista de força.
Existe um número muito grande de testes descritos e validados para a avaliação do idoso e existe uma lógica por trás da indicação de cada um deles. Não faz sentido avaliar a velocidade de caminhada em um idoso que está correndo regularmente, da mesma forma que não faz sentido fazer um teste de caminhada de 6 minutos em um idoso que tem dificuldade para caminhar 50 metros.
Não é o objetivo deste artigo fazer uma avaliação de todos eles, mas descreveremos alguns dos mais utilizados e a razão para se aplicar tais testes. Outros testes poderão ser indicados de acordo com as necessidades específicas de cada indivíduo.
Teste ergométrico e ergoespirométrico
Teste de caminhada de 10 metros
Teste de caminhada de 6 minutos
Questionário de aptidão aeróbica CLINIMEX
Teste de sentar e alcançar
Teste de sentar e levantar
Timed Up and Go
Teste de flexão do cotovelo
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Atividade física em condições específicas
A saúde do idoso muitas vezes encontra-se comprometida por condições clínicas específicas que podem interferir na prescrição de exercícios. Discutiremos algumas delas nos quadros abaixo.
Atividade física para pacientes com artrose
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Atividade física para pacientes com artrose
Atividade física para pacientes com artrose
A artrose é uma doença bastante prevalente entre os idosos, caracterizada pelo desgaste da cartilagem articular. Frequentemente recebemos no consultório pacientes desolados após passarem em consulta médica e receberem a notícia de que teriam que parar de correr ou jogar futebol em decorrência do diagnóstico de artrose no joelho ou quadril. De fato, enquanto alguns pacientes com artrose relativamente leve apresentam limitação significativa até mesmo para atividades do dia a dia, outros com desgaste bem mais avançado são capazes de manter uma rotina ativa e com dor pouco limitante. Discutimos mais a respeito disso em um artigo específico sobre a artrose no joelho. Além de uma resposta individual à doença, é preciso entender que existem muitos fatores que contribuem para a dor no paciente com artrose. Obesidade, perda de musculatura, posturas viciosas, limitações na mobilidade articular, fadiga, sono não reparador e distúrbios psicossociais são apenas alguns deles. Nenhum tratamento disponível atualmente é capaz de levar à regressão de uma artrose já estabelecida, mas o tratamento dos fatores descritos acima pode levar a uma melhora significativa tanto da dor como da capacidade para a realização de atividades, incluindo o exercício físico. O paciente com artrose deve se manter tão ativo quanto sua condição física permitir, sempre respeitando o limiar da dor. Exercícios de baixo impacto são menos agressivos para as articulações e tendem a ser uma melhor opção no paciente com dor articular decorrente da artrose. A medida em que a dor está mais controlada, exercícios com maior esforço articular vão sendo gradativamente liberados. Alguns pacientes evoluem a ponto de realizar esportes como a corrida ou futebol com relativo conforto e, nestes casos, devem ser estimulados a manterem esta rotina. Uma dor bem controlada indica que a atividade física não está sendo agressiva para a articulação e, portanto, não levará à piora do desgaste. Por outro lado, quando a dor é muito limitante, exercícios supervisionados por um fisioterapeuta podem ser uma opção. Fortalecer a musculatura em um paciente com dor nem sempre é uma tarefa simples e o fisioterapeuta saberá usar o estímulo adequado, dentro de certos ângulos de proteção e com estímulos progressivos para conseguir o resultado almejado. Alguns aparelhos específicos da fisioterapia, incluindo a eletroterapia, podem ser usados para isso. Nas dores de longa duração, os resultados não são imediatos. Ajustar as expectativas com o paciente colocando objetivos a curto, médio e longo prazo é fundamental para evitar o abandono precoce das atividades físicas. Quando nada disso é suficiente, é importante considerar a possibilidade de cirurgia de Prótese de joelho. Na maior parte dos idosos, os potenciais benefícios de se manter ativo superam em muito os eventuais riscos associados à prótese. De fato, esta não deve ser a primeira opção de tratamento, mas, quando se esgotam os recursos terapêuticos não cirúrgico, a cirurgia tende a ser uma melhor opção do que passar o dia em frente da televisão.Atividade física pós prótese de joelho ou quadril
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Atividade física pós prótese de joelho ou quadril
Atividade física pós prótese de joelho ou quadril
Até a relativamente pouco tempo atrás, a prótese de joelho ou quadril era considerada a última opção no tratamento da artrose. Dizia-se que, para indicar a cirurgia, o paciente não deveria conseguir andar mais do que um quarteirão sem parar no meio do caminho. Muitas pessoas passaram a viver em frente da televisão por serem “muito jovens” para colocar a prótese ou por não terem uma dor forte o suficiente para isso. A justificativa era que, quanto mais jovem e mais ativo o paciente, maior o desgaste da prótese, levando à necessidade de substituição precoce da mesma. Com o tempo, fomos vendo que, na maioria das vezes, a prótese era capaz de resistir ao tempo e até mesmo a pacientes que insistiam em se manter ativos apesar das recomendações em contrário. A melhora na qualidade dos implantes e da técnica cirúrgica também vem contribuindo para a maior durabilidade da prótese. Além disso, o sedentarismo progressivo em decorrência da dor se mostrou implacável com a saúde do idoso, reduzindo inclusive a expectativa de vida. O tratamento não cirúrgico continua sendo a primeira opção no tratamento da artrose. Mas, uma vez que este tenha se mostrado incapaz de permitir a continuidade de uma vida mais ativa, a tendência atual é pela a indicação cada vez mais precoce da prótese, de forma a preservar a saúde e a qualidade de vida do paciente. Uma consequência disso é que o paciente que faz a prótese não tem mais por objetivo simplesmente poder sair para uma caminhada sem ter dor. Muitos deles buscam a participação em atividades físicas regulares e até mesmo em atividades competitivas. Ao contrário da orientação tradicional, isso se mostra mais benéfico do que prejudicial até mesmo para a sobrevida da prótese, desde que respeitadas algumas limitações.Qual a melhor atividade física pós prótese do joelho ou quadril?
O paciente com prótese no joelho ou quadril deve ser estimulado a se manter tão ativo quanto suas condições físicas permitirem e devem seguir as mesmas orientações gerais do que os idosos sem prótese. Algumas restrições, porém, fazem-se necessárias. Ainda que alguns pacientes optem por retomar atividades de impacto, como a corrida de rua, a preocupação quanto a resistência do implante continua válida nestes casos. Como regra geral, desestimulamos a participação neste tipo de esporte, ainda que sua prática eventual pareça ser segura. Outra restrição é para atividades com risco elevado de trauma ou com mudanças súbitas de direção. A interfase entre o osso e a prótese é um ponto de fragilidade e, em casos de traumas mais significativos, há um risco considerável para fraturas. Além disso, é esperado que o paciente perca um pouco da capacidade de controlar o movimento fino, aumentando o risco para entorses. Ainda que sejamos mais permissivos com a prática esportiva nos tempos atuais, é preciso ajustar as expectativas do paciente com as expectativas do médico. Quando falamos na possibilidade de realizar certas atividades, isso não significa que o paciente será capaz de fazê-lo. O paciente idoso tem condições de saúde muito variável e muitos não conseguem se manter ativos mesmo com um joelho 100% normal. Outros fatores podem ser mais limitantes para o exercício do que a artrose em sí e isso não deixará de existir com a prótese. Como regra geral, podemos dizer que quanto mais ativo o paciente antes de fazer a prótese, maior a probabilidade de retorno para suas atividades habituais prévias – este é, inclusive, um dos motivos de se indicar a prótese de forma mais precoce. Outro ponto a se considerar é aquilo que o paciente entende por retorno a determinado esporte. A prática de tênis (especialmente em duplas) pode ser liberada, mas não significa que o paciente poderá correr atrás da “bola impossível”, se jogando na quadra. Em relação ao futebol, uma coisa é brincar de jogar bola com o neto pequeno, outra coisa é jogar futebol competitivamente e entrando em divididas com o adversário. Finalmente, é preciso que se considere a experiência prévia com determinados esportes. Como exemplo, a prática de ciclismo parece bastante segura para o paciente que já tem experiência prévia no esporte. Por outro lado, isso não é indicado para aqueles que nunca pedalaram, já que neste caso o risco de quedas tende a ser inaceitavelmente alto. Podemos dizer assim que, mais do que entregar uma lista pronta daquilo que pode ou não pode ser feito, o ortopedista especialista em joelho deve discutir as peculiaridades específicas de cada prática, de forma a se buscar o melhor equilíbrio entre segurança e os potenciais benefícios do esporte.Atividade física e osteoporose
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Atividade física e osteoporose
Atividade física e osteoporose
A osteoporose é uma condição que se caracteriza pela diminuição da densidade óssea. O osso torna-se progressivamente mais poroso e mais frágil, aumentando o risco para fraturas. As fraturas mais comuns relacionadas à osteoporose ocorrem mais comumente no quadril, punho ou coluna vertebral, sendo que movimentos tão simples como sair de um corro ou tossir pode ser o suficiente para desencadear estas fraturas. Infelizmente, a osteoporose se desenvolve inicialmente de forma assintomática, sem que a pessoa perceba. A fratura pode ser o primeiro sinal sugestivo da doença. A osteoporose afeta homens e mulheres de todas as raças. Mas mulheres brancas e asiáticas - especialmente mulheres mais velhas que já passaram da menopausa - correm maior risco. Medicamentos, dieta saudável e exercícios de levantamento de peso podem ajudar a prevenir a perda óssea ou fortalecer os ossos já enfraquecidos.Qual a causa da osteoporose?
Os ossos estão em constante estado de renovação – isso significa que osso novo é feito e osso velho é quebrado continuamente. Durante a juventude, há uma tendência de que a formação de osso novo seja mais rápida do que a decomposição do osso velho, de forma que a massa óssea total tende a aumentar. A maioria das pessoas atinge seu pico de massa óssea ao redor dos 30 anos, quando a decomposição do osso passa a ser maior do que sua formação. A probabilidade de uma pessoa desenvolver osteoporose depende, em parte, de quanta massa óssea ela conseguiu acumular na juventude. Quanto maior o pico de massa óssea, maior a reserva que poderá ser perdida ao longo do processo de envelhecimento. Diversos fatores podem influenciar na capacidade de acúmulo de massa óssea e, posteriormente, na velocidade com que esta massa óssea é perdida, entre eles:- Níveis dos hormônios sexuais e hormônios tireoideanos;
- Condições médicas como a insuficiência hepática ou renal, câncer ou artrite reumatóide;
- Uso prolongado de medicações corticoesteroides;
- Dietas muito restritivas, especialmente a anorexia;
- Dietas pobres em cálcio;
- Cirurgia bariátrica;
- Sedentarismo.
Prevenção da osteoporose
A osteoporose pode ser prevenida ou minimizada pela combinação de uma prática regular de atividade física de impacto com uma dieta adequada.Dieta
O metabolismo ósseo é bastante sensível a uma dieta excessivamente restritiva, especialmente aquelas com baixo aporte calórico. Ainda que exista muita preocupação na sociedade com o excesso de peso, pesos excessivamente baixos também são prejudiciais à saúde e podem favorecer o desenvolvimento da osteoporose. A dieta deve também conter uma quantidade adequada de cálcio. O cálcio está presente principalmente em laticínios, vejetais verdes escuros como a couve ou salmão. No caso de dietas pobres em cálcio, esta deficiência pode ser suprida por meio de suplementação. A vitamina D é formada naturalmente na pele a partir da exposição solar. No caso de pessoas com baixa exposição solar diária, é recomendável a suplementação.Atividade física
Os exercícios beneficiam o adulto jovem a atingir um maior pico de massa óssea e os indivíduos mais velhos a minimizarem a perda. Exercícios contra a resistência, como o levantamento de peso, ajudam a fortalecer os músculos e ossos dos braços e da coluna. Já os exercícios que precisam sustentar o peso do corpo - como caminhar, correr, correr, subir escadas, pular corda, esquiar e outras atividades de impacto – ajudam a evitar a osteoporose principalmente nos quadris e parte inferior da coluna. Nadar, andar de bicicleta e fazer exercícios em máquinas como aparelhos elípticos podem proporcionar um bom treino cardiovascular, mas não melhoram a saúde óssea.Atividade física para pacientes hipertensos
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Atividade física para pacientes hipertensos
Atividade física para pacientes hipertensos
A atividade física é importante não apenas para a prevenção, mas, também, para o tratamento da hipertensão arterial. Os mecanismos responsáveis pela redução da pressão arterial induzida pelo exercício não são completamente definidos, mas provavelmente existem diferentes mecanismos interligados que contribuem para isso. O exercício físico por pacientes hipertensos reduz o risco de complicações cardiovasculares em 25% no período de 10 anos, mas esta resposta é variável de paciente para paciente. Isso acontece provavelmente em decorrência na variação dos mecanismos responsáveis pelo desenvolvimento da hipertensão arterial. O treinamento cardiovascular (aeróbico) é o modo de exercício mais eficaz na prevenção e tratamento da hipertensão. Isso decorre das diferenças quanto à resposta fisiológica do corpo frente ao exercício:- Exercícios aeróbicos aumentam a demanda por oxigênio nos tecidos e, para isso, o sangue precisa circular mais rapidamente. Isso é obtido por meio de uma maior frequência cardíaca e um aumento da pressão sistólica, sem alteração da pressão diastólica.
- No caso dos exercícios de força, o sangue sofre uma maior resistência para circular pelos tecidos. Isso leva a um aumento tanto na pressão sistólica como diastólica, que será proporcional à massa muscular e ao esforço.
Atividade física em pacientes com doença coronariana
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Atividade física em pacientes com doença coronariana
Atividade física em pacientes com doença coronariana
A doença isquêmica do coração, ou doença coronariana, é a causa mais comum de morte na população idosa, daí a importância de entender e promover medidas de prevenção. A atividade física é a principal forma de prevenção da doença coronariana e isso acontece tanto em decorrência da melhora da função cardiovascular como da ação do exercício físico sobre outros fatores de risco, como obesidade, hipertensão arterial, hipercolesterolemia, diabetes e tabagismo. O exercício é indicado também para o paciente com doença coronariana já estabelecida ou mesmo em pacientes pós revascularização ou que sofreram infarto agudo do miocárdio. A atividade física atua por diferentes mecanismos para melhorar o prognóstico do paciente com doença coronariana, incluindo:- Melhora da qualidade do endotélio que forma a parede das artérias: as alterações no endotélio são o ponto de partida para a doença isquêmica do coração e a atividade física regular ajuda a manter a qualidade do endotélio.
- Neovascularização: a atividade física aumenta o fluxo sanguíneo e estimula a formação de uma circulação colateral no coração. Estes novos vasos ajudam a minimizar os efeitos de uma eventual interrupção no fluxo sanguíneo pelos vasos principais, característico do infarto agudo do miocárdio.
- Regressão da estenose das coronárias: a atividade física pode levar a uma regressão na estenose das artérias coronarianas ou, ao menos, fazem com que a estenose não piore, o que é de se esperar naqueles pacientes que adotam um estilo de vida mais sedentário.
Qual o melhor exercício para o paciente com doença coronariana?
O paciente com doença coronariana deve ter como foco principal a realização de atividades aeróbicas, sendo a prescrição individualizada de acordo com a capacidade funcional e os objetivos específicos para cada indivíduo, que pode envolver também o tratamento de fatores de risco, como obesidade, hipertensão, diabetes mellitus. Diretrizes internacionais recomendam a prática de ao menos 150 minutos de atividade aeróbica moderada por semana ou ao menos 75 minutos de atividade intensa divididos em ao menos 3 a 5 dias da semana. O gasto energético total com os exercícios deve ser de ao menos 1000 a 2000 kcal ao longo da semana. O treinamento físico deve ser iniciado em uma menor intensidade e ir aumentado gradualmente ao longo do tempo, de acordo com as capacidades individuais. Os limiares recomendados acima podem não ser alcançados por muitos indivíduos com limitações de mobilidade decorrentes ou não da doença coronariana. Estudos mostram que qualquer aumento no nível de atividade já é benéfico e, mais do que isso, que os benefícios da atividade física são maiores justamente naquelas pessoas com maiores limitação. Colocar metas excessivamente ambiciosas pode afastar muitos dos doentes cardiopatas da atividade física, de forma que estes devem ser estimulados a se exercitarem nos limites de suas capacidades. Exercícios de força não são o foco principal ao se pensar em prevenção de eventos cardiovasculares, mas devem ser estimulados no paciente cardiopata. Eles ajudam a melhorar a mobilidade do indivíduo e, assim, oferecem melhores condições para que os exercícios aeróbicos sejam feitos. O treino de força deve ser feito ao menos duas vezes na semana (idealmente três) e deve ter foco mais em exercícios com grande número de repetições e menos em exercícios com pesos elevados.Teste de esforço cardiopulmonar (teste ergoespirométrico)
Antes de iniciar qualquer prática de exercício, o paciente coronariano deve realizar um teste de esforço cardiovascular, para determinar a intensidade ideal do exercício e, também, para avaliar o comportamento cardiovascular durante o exercício. O teste serve tanto para o diagnóstico da capacidade cardiovascular como para a otimização da prescrição de exercícios. No teste de esforço, o paciente é colocado para fazer uma atividade física em intensidade crescente, sendo monitorado do ponto de vista cardiovascular durante a atividade. São monitorados frequência cardíaca, pressão arterial, comportamento eletrocardiográfico e trocas gasosas. Com isso, é possível avaliar qual a capacidade funcional do coração e qual a intensidade em que o coração passa a sofrer com isquemia, de forma que a atividade física regular não deve ultrapassar este limite. Eventos como arritmias cardíacas também são avaliados e devem ser considerados na prescrição dos exercícios.Atividade física para o idoso diabético
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Atividade física para o idoso diabético
Atividade física para o idoso diabético
Diabetes é uma síndrome metabólica caracterizada pelo aumento da glicose no sangue. Ela pode acontecer em decorrência da produção inadequada de insulina (diabetes tipo I) ou pela incapacidade da insulina em exercer adequadamente seus efeitos, devido ao aumento da resistência à insulina (diabetes tipo II). O diabetes tipo II representa 90% dos casos da doença e acontece quando a as células deixam de responder à ação da insulina. Geralmente acomete adultos a partir dos 50 anos e está relacionada à obesidade e maus hábitos alimentares. O que descreveremos aqui, desta forma, está relacionado ao diabético tipo II. Quando não é tratado adequadamente, o diabetes leva a um aumento crônico nos níveis de glicose no sangue. Este aumento da glicemia desencadeia lesões na microcirculação, sendo estas as responsáveis pela maior parte das complicações relacionadas ao diabetes, as quais podem envolver principalmente os rins, os olhos, os nervos e o coração.Atividade física no diabético
A atividade física é fundamental para o controle da doença no paciente diabético. Por um lado, ela leva a uma redução na resistência à insulina, permitindo um maior controle glicêmico; por outro, ajuda no controle de diversos problemas de saúde muitas vezes vistas no paciente diabético, incluindo obesidade, aumento do colesterol e pressão alta. Tudo isso leva a uma redução significativa das principais complicações relacionadas à diabete, especialmente o infarto agudo do miocárdio. O exercício físico não é isento de complicações nos diabéticos. Na presença de doença coronariana, o exercício pode precipitar angina, infarto do miocárdio, arritmias cardíacas ou morte súbita. Ainda que o exercício ajude no controle da pressão arterial, durante a atividade é esperado que a pressão aumente. Em alguns casos, este aumento pode ser excessivo e prejudicial. Isso é válido especialmente na presença de retinopatia diabética ou nefropatia diabética, complicações características da diabetes e que podem piorar em decorrência do aumento da pressão arterial. Finalmente, o exercício físico coloca um estresse adicional para o controle dos níveis de glicose no sangue, podendo desencadear tanto o aumento excessivo da glicemia (hiperglicemia) como a sua redução (hipoglicemia). Para evitar isso, é fundamental que o diabético entenda sua doença e realize um adequado controle da glicemia antes, durante e após a atividade física e que não inicie a prática de exercícios enquanto a doença não estiver razoavelmente controlada. A avaliação médica pré-participação é fundamental para potencializar os benefícios e minimizar os riscos no paciente diabético e deve incluir, sempre que possível, um teste de esforço cardiopulmonar (ergometria ou ergoespirometria). Além de ajudar na prescrição dos exercícios, este exame permite ao médico avaliar o comportamento da frequência cardíaca e pressão arterial durante o esforço e avaliar sinais de isquemia, o que ajuda a minimizar o risco de eventos cardiovasculares. Como regra geral, podemos dizer que os potenciais benefícios da prática de atividade física no diabético superam em muito os eventuais riscos.Alterações da glicemia com a atividade física
O maior desafio da prescrição da atividade física é o controle da glicemia durante e após a atividade física. Durante o exercício, os músculos retiram grande quantidade de glicose do sangue e utilizam esta glicose para gerar energia. Para compensar isso, o fígado aumenta a produção e a liberação da glicose no sangue. A entrada e saída de glicose no sangue é regulada por uma complexa interação entre diferentes reguladores hormonais, sendo os mais importantes deles a insulina e o glucagon. O paciente diabético, por ter maior resistência à ação da insulina, pode ter o controle glicêmico alterado. Assim, é importante que, ao iniciar a prática de atividade física, comece com atividades mais leves de duração relativamente curta, e que mantenha um controle da glicemia antes durante e após o exercício. Medicações e dietas podem ser ajustadas de acordo com a resposta individual à atividade e, a medida em que o indivíduo ganha experiência e passa a compreender melhor sua resposta individual ao exercício, atividades mais duradouras e mais intensas podem ser gradualmente introduzidas.
Controle de peso e composição corporal
O ganho de peso é muito comum no idoso, por diversos motivos:
- O idoso tende a perder massa muscular, sendo os músculos o tecido que mais gasta energia no corpo;
- O metabolismo no idoso tende a ser mais lento, de forma que o consumo energético basal diminui;
- O idoso tende a diminuir o nível de atividade, diminuindo ainda mais o gasto energético.
Mais do que o simples ganho de peso, o idoso costuma acumular gordura e perder massa muscular, o que significa que a piora na composição corporal é um problema ainda maior do que o simples ganho de peso.
O acúmulo de peso aumenta a sobrecarga sobre as articulações, sendo prejudicial principalmente no paciente com artrose no quadril, joelho ou tornozelo; aumenta a exigência sobre uma musculatura já deficiente, podendo ser causa de dor e limitação funcional; leva a uma piora de outras doenças, como o diabetes ou a hipertensão arterial; finalmente, aumenta o risco de eventos cardiovasculares, especialmente o infarto agudo do miocárdio.
No caso de um idoso obeso ou com sobrepeso, a atividade física deve ser aliada a uma estratégia nutricional não apenas para a perda de peso, mas também para a melhora da composição corporal. Uma pessoa que perde 2 kg de peso, tendo perdido 4kg de gordura e ganhado 2kg de massa muscular, terá tido um resultado infinitamente superior do que outro que perde 6 kg, tendo perdido 4kg de gordura e 2 kg de massa muscular, embora este último caso pode aparentar um resultado superior quando considerado apenas a avaliação do peso total.
A estratégia nutricional, neste caso, precisa buscar uma melhora na qualidade da alimentação, mais do que simplesmente reduzir a quantidade de calorias a qualquer custo. Caso a perda de peso seja um objetivo, a inclusão de um nutricionista no acompanhamento do paciente é altamente recomendável.
Caso você queira saber mais, sugiro a leitura do nosso artigo específico sobre composição corporal.
Hidratação e atividade física no idoso
A desidratação é um problema comum no atleta idoso. Além do hábito comum de beber pouca água, o medo de incontinência ou falta de disponibilidade de um vaso sanitário, pode ser um estímulo para que alguns idosos restrinjam ainda mais a ingestão de líquidos. A prática de exercícios prolongados em ambientes quentes deve ligar um alerta extra para o risco de desidratação.
A desidratação no idoso é ainda mais preocupante do que em atletas jovens, por uma série de motivos:
- A regulação da temperatura corporal e a sudorese são afetados com a idade, e isso será ainda mais afetado por um estado de desidratação;
- Da mesma forma, rins e coração muitas vezes não funcionam “a pleno vapor” no idoso e também serão sobrecarregados por um estado de desidratação.
- A desidratação afeta negativamente não apenas o desempenho esportivo, mas também a memória, as habilidades motoras e a visão.
- Em casos extremos, a desidratação pode levar ao desenvolvimento de exaustão pelo calor, insolação por esforço e / ou insuficiência renal aguda consequente à rabdomiólise por esforço.
Mais do que qualquer outro atleta, o idoso precisa ficar alerta quanto aos sinais que indicam uma provável desidratação. A cor da urina, quando muito amarelada, é um destes sinais. Outra forma de controlar a hidratação é pelo peso: ao se pesar antes e após a atividade física, uma perda superior a 2% do peso já indica uma desidratação significativa.
Esporte competitivo na terceira idade
Muitos idosos são capazes de manterem uma prática intensa de atividade inclusive em nível competitivo e em esportes de alto impacto, como o futebol ou a corrida. Mesmo pessoas com problemas ortopédicos como a artrose no joelho ou tendinites podem se sentirem aptos a realizarem estas atividades, uma vez que tenham uma boa musculatura e um bom preparo físico.
Caso o esporte não leve a uma piora significativa de quadros dolorosos, deverão ser estimulados a fazerem tudo aquilo que forem capazes para que consigam prolongar ao máximo suas “carreiras esportivas”.
O atleta idoso deve ter ciência de que, mesmo que se sinta saudável, o corpo não é o mesmo de tempos passados e a reserva funcional é mais limitada. Isso significa que ele fica mais sensível a uma situação de estresse, como uma infecção respiratória, uma viagem, uma noite mau dormida ou condições climáticas extremas.
O idoso é também menos tolerante a erros de treinamento. Mudanças súbitas na rotina de exercícios tende a levar a desconfortos no atleta jovem, mas podem causar sérias lesões no atleta idoso. Sempre que possível, o idoso deve buscar intercalar exercícios com demandas diferentes, de forma a evitar o mesmo tipo de sobrecarga em dias consecutivos.
Treinar sempre no limite da sua capacidade fará com que o idoso seja forçado a interromper os exercícios com frequência em decorrência de dores e lesões. No fim, isso acaba sendo prejudicial em termos de desempenho. Ser mais conservador na prescrição de exercícios tende a ser benéfico no médio e longo prazo.
A dor é uma excelente referência. A dor durante ou após o exercício não deve ser considerada normal, principalmente na terceira idade. Caso isso esteja acontecendo com frequência, ajustes deverão ser feitos no treinamento.
Lesões no atleta idoso
O atleta idoso está vulnerável tanto para lesões traumáticas agudas como para lesões por esforços repetitivos.
O osso do idoso tende a ser mais fraco, principalmente na presença de osteopenia ou osteoporose, doença bastante prevalente entre os idosos, estando as mulheres na menopausa ainda mais vulneráveis. Além disso, o controle neuromuscular e o equilíbrio tendem a ficar prejudicados, de forma que o osso fica mais susceptível tanto para fraturas traumáticas como para fraturas por estresse.
As lesões nos tendões, principalmente no tendão patelar, tendão quadríceps, tendão de Aquiles e outros tendões ao redor do pé e tornozelo, são mais frequentes entre idosos. Isso porque o tendão é o ponto mais frágil do conjunto músculo – tendão – osso. Frente a uma contração muscular intensa, a criança tende a quebrar o osso; o adulto jovem evolui com lesão muscular; e o idoso tende a romper o tendão.
A reserva funcional do idoso é menor do que entre os jovens. Assim, as lesões por sobrecarga, como dores musculares, tendinites e bursites são mais comuns. O trabalho preventivo buscando identificar as principais limitações físicas e trabalhar as deficiências de forma a aumentar a reserva funcional é fundamental.