Atividade física para o idoso diabético
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27 de janeiro de 2021Atividade física pós prótese de joelho ou quadril
Até a relativamente pouco tempo atrás, a prótese de joelho ou quadril era considerada a última opção no tratamento da artrose. Dizia-se que, para indicar a cirurgia, o paciente não deveria conseguir andar mais do que um quarteirão sem parar no meio do caminho.
Muitas pessoas passaram a viver em frente da televisão por serem “muito jovens” para colocar a prótese ou por não terem uma dor forte o suficiente para isso. A justificativa era que, quanto mais jovem e mais ativo o paciente, maior o desgaste da prótese, levando à necessidade de substituição precoce da mesma.
Com o tempo, fomos vendo que, na maioria das vezes, a prótese era capaz de resistir ao tempo e até mesmo a pacientes que insistiam em se manter ativos apesar das recomendações em contrário. A melhora na qualidade dos implantes e da técnica cirúrgica também vem contribuindo para a maior durabilidade da prótese.
Além disso, o sedentarismo progressivo em decorrência da dor se mostrou implacável com a saúde do idoso, reduzindo inclusive a expectativa de vida.
O tratamento não cirúrgico continua sendo a primeira opção no tratamento da artrose. Mas, uma vez que este tenha se mostrado incapaz de permitir a continuidade de uma vida mais ativa, a tendência atual é pela a indicação cada vez mais precoce da prótese, de forma a preservar a saúde e a qualidade de vida do paciente.
Uma consequência disso é que o paciente que faz a prótese não tem mais por objetivo simplesmente poder sair para uma caminhada sem ter dor. Muitos deles buscam a participação em atividades físicas regulares e até mesmo em atividades competitivas.
Ao contrário da orientação tradicional, isso se mostra mais benéfico do que prejudicial até mesmo para a sobrevida da prótese, desde que respeitadas algumas limitações.
Qual a melhor atividade física pós prótese do joelho ou quadril?
O paciente com prótese no joelho ou quadril deve ser estimulado a se manter tão ativo quanto suas condições físicas permitirem e devem seguir as mesmas orientações gerais do que os idosos sem prótese. Algumas restrições, porém, fazem-se necessárias.
Ainda que alguns pacientes optem por retomar atividades de impacto, como a corrida de rua, a preocupação quanto a resistência do implante continua válida nestes casos. Como regra geral, desestimulamos a participação neste tipo de esporte, ainda que sua prática eventual pareça ser segura.
Outra restrição é para atividades com risco elevado de trauma ou com mudanças súbitas de direção. A interfase entre o osso e a prótese é um ponto de fragilidade e, em casos de traumas mais significativos, há um risco considerável para fraturas. Além disso, é esperado que o paciente perca um pouco da capacidade de controlar o
movimento fino, aumentando o risco para entorses.
Ainda que sejamos mais permissivos com a prática esportiva nos tempos atuais, é preciso ajustar as expectativas do paciente com as expectativas do médico. Quando falamos na possibilidade de realizar certas atividades, isso não significa que o paciente será capaz de fazê-lo. O paciente idoso tem condições de saúde muito variável e
muitos não conseguem se manter ativos mesmo com um joelho 100% normal.
Outros fatores podem ser mais limitantes para o exercício do que a artrose em sí e isso não deixará de existir com a prótese. Como regra geral, podemos dizer que quanto mais ativo o paciente antes de fazer a prótese, maior a probabilidade de retorno para suas atividades habituais prévias – este é, inclusive, um dos motivos de se indicar a prótese de forma mais precoce.
Outro ponto a se considerar é aquilo que o paciente entende por retorno a determinado esporte. A prática de tênis (especialmente em duplas) pode ser liberada, mas não significa que o paciente poderá correr atrás da “bola impossível”, se jogando na quadra.
Em relação ao futebol, uma coisa é brincar de jogar bola com o neto pequeno, outra coisa é jogar futebol competitivamente e entrando em divididas com o adversário.
Finalmente, é preciso que se considere a experiência prévia com determinados esportes. Como exemplo, a prática de ciclismo parece bastante segura para o paciente que já tem experiência prévia no esporte. Por outro lado, isso não é indicado para aqueles que nunca pedalaram, já que neste caso o risco de quedas tende a ser
inaceitavelmente alto.
Podemos dizer assim que, mais do que entregar uma lista pronta daquilo que pode ou não pode ser feito, o ortopedista especialista em joelho deve discutir as peculiaridades específicas de cada prática, de forma a se buscar o melhor equilíbrio entre segurança e os potenciais benefícios do esporte.