Falha do neoligamento – Cirurgia de revisão para a Lesão do Ligamento Cruzado Anterior
28 de dezembro de 2020Atividade física na primeira infância (0 a 6 anos)
14 de janeiro de 2021O futebol é o esporte mais popular entre as crianças brasileiras. Até aproximadamente 8 a 10 anos de idade os riscos são relativamente baixos, devido ao aspecto mais lúdico e recreativo do jogo. A partir desta idade, a intensidade da “brincadeira” aumenta e os choques entre os jogadores passam a ser mais violentos, de forma que o risco de lesões também aumenta.
Do ponto de vista médico, um dos aspectos que precisa ser considerado é que o futebol é um esporte de alta demanda física, com movimentos repetitivos de aceleração e desaceleração, o que por sí só já impõe um estresse significativo em relação à nutrição e hidratação. Isso é potencializado pelo esporte ser habitualmente praticado ao ar livre e exposto ao sol.
Comparado com adultos, a criança desidrata mais rapidamente e tem menor tolerância à desidratação, de forma que alguns cuidados específicos precisam ser adotados. Idealmente, deve-se evitar o futebol nos dias de calor excessivo, especialmente nos horários mais quentes do dia. O tempo de jogo deve ser menor do que o de adultos (menor quanto mais jovem a criança) e, por fim, as crianças devem ser estimuladas a pararem frequentemente para se reidratar. Cuidados com as vestimentas ou mesmo o uso de bonés devem ser considerados.
A partir dos 8 anos entre as meninas e dos 10 anos entre os meninos, algumas crianças já entrarão na puberdade. Este é um período de rápido desenvolvimento corporal, onde o jovem atleta cresce em altura, ganha massa muscular e o futebol se torna mais rápido e mais intenso.
O problema é que as crianças não entram na puberdade todas ao mesmo tempo, de forma que uma pessoa de 13 anos pode parecer uma criança e outra de 11 pode ter a aparência de um adulto. Isso impõe um desafio extra em exportes nos quais os contatos físicos entre os atletas são frequentes, como o futebol, já que o contato físico entre pessoas com estatura e porte físico muito diferentes aumenta significativamente
o risco de lesões.
Juntando-se a isso, é preciso considerar que nesta idade a técnica do futebol ainda não é tão apurada, o que aumenta o risco de traumas não intencionais, e que os jogadores têm menos consciência das consequências de uma jogada mais violenta, seja esta violência intencional ou não intencional.
Crianças nesta idade, principalmente aquelas de maturação física mais tardia, devem considerar adiar um pouco mais a prática competitiva do futebol, onde os aspectos acima acabam fugindo do controle. No ambiente escolar, é importante que se trabalhe o conceito do “fair play” (jogo limpo) entre as crianças e que comportamentos de risco não sejam tolerados.
Pior fim, devemos considerar o risco de lesões na cabeça no futebol. A criança tem uma técnica menos apurada e uma musculatura cervical mais fraca, o que prejudica a estabilização da cabeça / pescoço e aumenta o risco de concussão, uma alteração fisiológica e não estrutural da função cerebral decorrente de um trauma na cabeça.
Discutimos sobre os sinais de alerta e as condutas a serem adotadas após um trauma na cabeça em um artigo específico sobre concussão cerebral. Na dúvida, procure sempre uma avaliação especializada.
A concussão no futebol pode acontecer em função do contato da cabeça com a bola ou do contato da cabeça com outros atletas, principalmente contato cabeça – cabeça. Estes contatos são muito mais comuns em jogadas aéreas, de forma que é recomendável que crianças menores do que 12 anos simplesmente não realizem jogadas aéreas e cabeçadas, seja no treino ou competição.